Agropolítica
RS: produtores fazem mobilização por soluções para endividamento no campo
Agricultores protestam na capital e no interior para cobrar governo por soluções para dívidas agrícolas causadas por adversidades climáticas

Paloma Custódio | Guaxupé (MG) | paloma.custodio@estadao.com
20/05/2025 - 12:14

Nesta terça-feira, 20, produtores rurais gaúchos realizam uma grande mobilização para pressionar o governo federal por soluções concretas diante do crescente endividamento no campo causado pelas adversidades climáticas. Ao Agro Estadão, o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, informou que o ato principal em Porto Alegre está previsto para começar às 14h.
“Nós vamos fazer um acampamento permanente nesta semana, na superintendência do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em Porto Alegre, com um grupo de 200 a 250 produtores”, declarou.
Segundo a Fetag, além da mobilização na capital, agricultores também realizam atos em diversos municípios do interior, com apoio de cooperativas, prefeituras e da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).
Entre as pautas, a categoria reivindica:
- Implementação do Desenrola Rural II para operações de crédito vencidas e vincendas vinculadas ao Pronaf e ao Pronamp com previsão de rebate e prorrogação;
- Liberação de recursos da linha especial do BNDES para atender os agricultores ligados às cooperativas e cerealistas;
- Prorrogação ou securitização das operações de crédito vinculadas ao Pronaf e ao Pronamp com prazo para liquidação de 20 anos com 2 anos de carência, com taxas de juros para o Pronaf de 4% e Pronamp 6%;
- Alteração ou revogação de todas as resoluções que limitam e reduzem a cobertura do Proagro, impedem o enquadramento pelo CAR e inviabilizam a contratação do programa pelos agricultores.
O presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, afirmou que, desde fevereiro, a entidade vem apresentando as pautas de reivindicações ao governo federal sobre o endividamento no campo, mas até agora não obteve nenhuma resposta efetiva.
“Houve promessa de novas resoluções para o Proagro, mas nada foi publicado. Também não avançamos na prorrogação das dívidas. Apresentamos um projeto de securitização com prazo de 20 anos e o governo disse que era muito tempo, mas sequer apresentou uma contraproposta. Então o que vamos fazer para resolver os problemas dos agricultores? Não dá mais para empurrar com a barriga”, criticou.
O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, também ressaltou a gravidade da situação enfrentada pelos produtores rurais do estado, que nos últimos anos sofreram com quatro períodos de estiagem e enchentes. “Não há capital em gestão que aguente essa situação. O sistema está todo comprometido”, alertou à reportagem.
Segundo Pereira, nenhuma das tentativas de negociação com o governo teve sucesso até agora. “Nossa última solicitação foi uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) para prorrogar os vencimentos que começam a vencer neste mês. Nem isso foi atendido. Talvez na próxima reunião do CMN, prevista para o dia 30 de maio, a medida seja aprovada. Por enquanto, o produtor está com a faca no pescoço”, afirmou.
Reuniões com o governo
Ainda nesta terça-feira, às 14h30, a Fetag participará de uma reunião virtual com o secretário adjunto de Política Agrícola do Mapa, Wilson Vaz. Na quarta-feira, 21, às 11h, está prevista uma nova reunião — presencial e virtual — com Claudio Filgueiras, chefe do Departamento de Regulação, Supervisão e Controle das Operações de Crédito Rural e do Proagro, do Banco Central (DEROP/BCB).
A entidade também deve se reunir com o Ministério da Fazenda, o Tesouro Nacional e o próprio MDA nesta semana, embora as datas ainda não tenham sido confirmadas.

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