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Economia

Alta do preço do ovo: entenda como é a cadeia de produção e por que os valores estão subindo

Em meio aos níveis recordes de produção e preços, o Agro Estadão mostra a complexa teia de processos do setor e os gigantes que dominam o mercado 

Nome Colunistas

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

25/03/2025 - 08:00

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

Antes de chegar às prateleiras dos supermercados e à mesa dos consumidores, os ovos passam por uma extensa cadeia produtiva que começa nos incubatórios, uma espécie de berçário para os frangos. Nessas plantas, os ovos férteis de aves reprodutoras são recebidos e mantidos em uma temperatura e umidade ideias para o desenvolvimento dos embriões. Para isso, utilizam-se máquinas incubadoras.

Após cerca de 21 dias, os pintinhos nascem e são enviados para as granjas, onde eles crescem com a finalidade de servirem para a produção de carne (frango de corte) ou para a produção de ovos (galinhas poedeiras).

CONTEÚDO PATROCINADO

No último ano, o Brasil produziu mais de 838 mil ovos para incubação, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dessa produção total, mais de 80% ficou concentrada em cinco estados:

1º Paraná: 256.241 — 30,56%

2º São Paulo: 127.774 — 15,24%

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3º Goias: 112.565 — 13,42% 

4º Santa Catarina: 104.301 — 12,44%

5º Rio Grande do Sul: 92.504 — 11,03%

Em 2024, a produção de ovos para incubação respondeu por 17,9% do total produzido no país — com 979 granjas (46,3% do total de estabelecimentos). 

Enquanto isso, 1.136 granjas se dedicaram à produção de ovos para consumo (53,7% do total), correspondendo por 82,1% da produção nacional. 

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Produção brasileira de ovos para consumo

Quando o objetivo é o consumo, considerando a produção de ovos para esse fim, 2024 marcou um novo recorde de produção: 4,67 bilhões de dúzias, um aumento de 10,0% em relação ao ano anterior, segundo o IBGE. Os números reforçam a crescente evolução do setor ao longo dos anos.

Entre os principais estados produtores de ovos para consumo, São Paulo manteve a liderança, registrando aumento de 8,5% em relação a 2023. Minas Gerais, com crescimento de 23,3%, subiu para a segunda posição, ultrapassando o Espírito Santo, que ocupou o terceiro lugar, apesar do avanço anual de 10,5%. Pernambuco, por sua vez, apresentou expressivo aumento de 30,8%, passando da sexta em 2023 para a quarta posição no ranking.

Juntos, os cinco principais estados produtores de ovos para consumo no Brasil representam 62,7% do total nacional. 

1º São Paulo: 1.087.736 — 28,36%

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2º Minas Gerais: 407.405 — 10,62%

3º Espírito Santo: 374.420 — 9,76%

4º Pernambuco: 290.560 — 7,57%

5º Mato Grosso: 246.416 — 6,42%

O império dos ovos

Três empresas brasileiras despontam como as maiores produtoras de ovos para consumo da América do Sul, além de estarem no ranking global das 30 principais companhias do segmento: Granja Mantiqueira Brasil, Granja Faria e Granja Yabuta. 

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  • Granja Mantiqueira Brasil

Com 16,5 milhões de galinhas poedeiras e uma capacidade de produção de 4 bilhões de ovos por ano, a Granja Mantiqueira desponta como a maior produtora de ovos do Brasil e da América do Sul. Na lista global, ela ocupa a 10ª posição. 

Atualmente, a companhia está presente em seis estados, atendendo 17 unidades da federação. Além de atender o mercado interno, a Mantiqueira exporta cerca de 5% de sua produção de ovos para o Oriente Médio, África, Ásia e países da América do Sul. Em janeiro deste ano, conforme reportagem do Estadao.com a JBS, líder global no setor de produção de carne de frango, comprou 48,5% do capital social total e 50% das ações da companhia de ovos por aproximadamente R$ 1,9 bilhão. 

  • Granja Faria

Em segunda posição no Brasil e na América do Sul está a Granja Faria. A companhia está na 11ª companhia do TOP 30 maiores produtores de ovos do mundo. Com 16,2 milhões de aves em criação, sua capacidade de produção anual é de 5,2 bilhões de ovos. Hoje, essa produção está distribuída em granjas localizadas em dez estados, mas atende quase todo o país, respondendo por 40% de seu mercado. A outra parcela é destinada à exportação para 17 países. 

Há cerca de um mês, conforme mostrou o Estadao.com, a Granja Faria pediu registro confidencial na reguladora de mercado de ações dos Estados Unidos com o objetivo de uma possível oferta de ações na bolsa de Nova York, ao redor de US$ 500 milhões. A ação vai ao encontro do processo de internacionalização da empresa. Em novembro do ano passado, a companhia avançou para a aquisição da empresa espanhola de ovos Hevo, por meio da holding internacional Global Egg. 

  • Granja Yabuta

A granja, que iniciou sua produtora de ovos em 1947 com 300 galinhas poedeiras, é hoje a terceira maior empresa do setor no Brasil, assim como na América do Sul. Na lista global a Granja Yabuta ocupa a 22ª posição, com 10 milhões de aves distribuídas em nove cidades, de quatro estados: São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins.

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Atualmente, a empresa está ampliando sua capacidade de produção em Mato Grosso do Sul. A Granja está construindo uma nova estrutura no distrito de Nova Casa Verde, que deve ficar pronta em 2027, alojando 4 milhões de aves e uma produção diária estimada em 8 mil caixas com 30 dúzias de ovos. Atualmente, a capacidade de alojamento é de 1 milhão de aves, que produzem 2 mil caixas com 30 dúzias de ovos por dia. 

Além das empresas citadas acima, a lista dos 10 maiores produtores de ovos do Brasil inclui ainda (milhões de galinhas poedeiras):

4º KerOvos Alimentos: 5,8 milhões 

5º Granja Almeida: 4,2 milhões 

6º Samai Nordeste: 3,2 milhões 

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7º Avicultura Josidith: 3,0 milhões 

8º Noturovos: 2,8 milhões 

9º Lauro Morishita: 2,5 milhões 

10º Waldemiro Berger: 2,3 milhões

Custos  

Atualmente, para se produzir uma dúzia de ovos, são necessários cerca de 1,7 quilos de ração, composta majoritariamente por milho (de 50% a 60%) e farelo de soja (de 20% a 30%). No estado de São Paulo, esses insumos tiveram variações opostas ao longo dos últimos meses de 2024, pressionando os custos dos avicultores

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Granja de ovos.
Foto: Wenderson Araujo/CNA

Em dezembro, o milho (saca de 60 kg) subiu de R$ 63,00 para R$ 73,00 — alta de mais de 16% —, enquanto o farelo de soja (tonelada) caiu de R$ 2.074,00 para R$ 1.994,00, um recuo de 3,9%.

Considerando o reajuste dos principais itens da ração, o custo de produção de ovos já acumula uma alta de 8% desde o início deste ano, segundo estimativa da Embrapa Aves e Suínos. 

Oferta de ração 

Diante da expectativa de uma safra recorde de grãos no Brasil, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) projeta uma produção de 93,8 milhões de toneladas de rações e concentrados ao longo de 2025. “Montantes considerados suficientes para atender a demanda: alimentação humana e animal, etanol, biocombustível e exportações”, informou em nota. 

De acordo com as projeções, 50,6 milhões de toneladas de milho devem ser utilizados para produção de ração, enquanto serão necessários 19,7 milhões de toneladas de farelo de soja. Outros ingredientes somam 23,5 milhões de toneladas.

gráfico
Projeção estimada do consumo de milho, farelo soja e outros ingredientes (milhões toneladas). No topo de cada coluna, a quantidade esperada de ração a ser produzida.

Acredita-se que, do total de ração produzida no Brasil, 7,4 milhões serão para galinhas poedeiras, ou seja, pouco menos de 8%. Conforme o Sindirações, soja e milho representarão mais de 70% do custo da alimentação de aves este ano.

A indústria aponta ainda para a desvalorização cambial como um fator de incremento aos custo das rações, além de outros insumos empregados na cadeia produtiva agroindustrial, como embalagens, energia elétrica e transportes. 

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