Agropolítica
Lula afirma que resposta aos EUA será conforme Lei da Reciprocidade
Parlamentares ruralistas defendem cautela para retomada das negociações

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
09/07/2025 - 20:48

Após uma reunião de emergência no Palácio do Planalto, o governo federal emitiu uma nota em resposta à carta enviada por Donald Trump com o anúncio de uma taxa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A nota é assinada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e indica que o governo poderá adotar a lei da Reciprocidade, aprovada recentemente pelo Congresso Nacional.
“Qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”, disse Lula no comunicado.
O presidente brasileiro ainda rebateu a alegação do presidente americano de que a relação entre os dois países é “injusta” no quesito comercial. “É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos”, aponta o governo.
FPA: medida representa alerta nas relações comerciais e políticas entre os dois países
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) manifestou posição contrária à tarifa de 50%, mas pondera que o momento é de cautela, além de requerer a diplomacia para uma reaproximação entre os países.
A nova alíquota produz reflexos diretos e atingem o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras, pontua. “A FPA defende uma resposta firme e estratégica: é momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações”, acrescenta em nota.
A decisão, segundo a carta enviada pelo governo norte-americano, se deve ao regime atual que impôs censura a plataformas digitais naquele país. O documento ainda faz referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando como injusta a forma como o comandante anterior vem sendo tratado e julgado.
O documento finaliza informando que a tarifa de 50% é ainda pequena para garantir condições de concorrência justas entre os dois países. “É necessário fazer isso para corrigir as graves injustiças do atual regime”, diz a carta \.
A ex-ministra da Agricultura, senadora Tereza Cristina, também afirma que é preciso ter calma e equilíbrio neste momento. “A nossa diplomacia deve cuidar dos altos interesses do Estado brasileiro. Brasil e Estados Unidos têm longa parceria e seus povos não devem ser penalizados. Ambos têm instrumentos legais para colocar à mesa de negociação nos próximos 22 dias”, afirmou a também relatora da lei da Reciprocidade, por meio da assessoria de imprensa.

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