Economia
Produção de vinho cresce em Minas Gerais e impulsiona turismo
Utilizando a técnica da dupla poda, desenvolvida pela Epamig, estado desloca a safra para o inverno e já soma 130 vinícolas
Redação Agro Estadão*
13/09/2025 - 07:00

A vitivinicultura em Minas Gerais, antes improvável pelo clima quente e úmido do verão, ganhou força nas últimas duas décadas com a tecnologia da dupla poda da videira, desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). O Estado reúne hoje cerca de 130 vinícolas, contra 50 em 2020, e se destaca com os chamados vinhos de inverno.
A técnica consiste em realizar duas podas anuais: a primeira no verão, para eliminar cachos, e a segunda meses depois, induzindo a colheita no inverno. Com isso, as uvas amadurecem no período mais seco, ideal para vinhos finos.
Dulce Ribeiro, proprietária da distribuidora Rex Bibendi, lembra que o trabalho de pesquisa foi decisivo: “A gente tem que dar muito crédito à ciência, ao investimento na Epamig”. Para ela, a bebida reflete a identidade local, “O vinho mineiro não é uma coisa única. Cada produtor faz um vinho próprio. Meu sonho é ver uma carta de vinhos com várias regiões de Minas sendo representadas.”
A difusão do conhecimento acompanha premiações nacionais e internacionais, e movimenta gastronomia e turismo. No restaurante Cozinha Santo Antônio, em Belo Horizonte, o minimenu especial “Mineirices” é harmonizado por uma carta de vinhos produzidos no estado. “As pessoas têm muita curiosidade de conhecer e eu tenho muito orgulho de servir”, contou a chef Juliana Duarte.
Segundo a presidente do Sindicato da Indústria do Vinho de Minas Gerais (Sindvinho), Heloísa Bertoli, está em andamento o projeto do Selo de Origem Mineira – Uai Wine, que prevê a oferta mínima de três vinhos do estado nos estabelecimentos. Além disso, entre as ações para a consolidação da cadeia produtiva, estão previstas a criação de rotas enoturísticas e a realização de eventos.
O presidente da Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Minas Gerais (Uva-MG), José Procópio Stella, aposta no turismo rural e na parceria com outras cadeias produtivas, como café, queijos, doces e azeites. “Quase 90% das vinícolas mineiras são pequenas e voltadas para o enoturismo. O vinho é um dos produtos que mais atraem turistas no mundo. Imagina isso aliado ao contexto histórico, à culinária, à receptividade, e ao artesanato do nosso estado”, projeta.
Técnica e pesquisa
Os primeiros vinhos produzidos com a técnica da dupla poda chegaram ao mercado em 2011. Desde então, conquistaram espaço em premiações nacionais e internacionais. O método vem sendo adotado em regiões com altitude, amplitude térmica e inverno seco, como as áreas cafeeiras do Sudeste. Locais muito frios e sujeitos a geadas, no entanto, não são adequados, já que as videiras entram em dormência em temperaturas abaixo de 10 ºC.
Com a expansão da prática, novas pesquisas surgem. A Epamig também conduz estudos sobre adaptação de variedades como Merlot e Cabernet Sauvignon, uso de porta-enxertos mais vigorosos, avaliação de terroir, e técnicas de fermentação e envelhecimento. Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), também avança em projetos de vitivinicultura de precisão.
Onde encontrar?
A Epamig oferece serviços de vinificação e mudas das variedades Niágara Rosada, Niágara Branca, Bordô e Syrah no Campo Experimental de Caldas: (35) 3735-1101. A marca própria comercializa vinhos Syrah, Bordô e espumante no mesmo local e no Empório Epamig – Vitrine de Tecnologias, em Belo Horizonte: (31) 3242-9722.
*Com informações da Secretaria Estadual da Agricultura e Epamig
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