Economia
Pacote contra tarifaço ajuda exportador, mas não o produtor, diz Abrafrutas
Para a entidade, o tarifaço deve retrair as compras, causando prejuízo à renda e à permanência dos produtores no campo
Redação Agro Estadão
13/08/2025 - 18:16

Ajuda, mas não contempla plenamente a cadeia produtiva da fruticultura. Essa é a avaliação da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) sobre o pacote de medidas anunciado pelo governo federal em socorro aos exportadores afetados pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos (EUA).
Em comunicado, a entidade reconheceu o avanço da medida. “A abertura de R$ 30 bilhões em linhas de crédito, a prorrogação de prazos no drawback, o diferimento de tributos e a concessão de créditos tributários específicos para exportadores estão alinhados com alguns dos pleitos já apresentados pela entidade”, destacou.
A Abrafrutas também considerou positivas as iniciativas que ampliam o acesso a seguros de crédito à exportação e a possibilidade de compras públicas para absorção da produção afetada, medida que, segundo a entidade, poderá mitigar parte das perdas imediatas.
Porém, a Associação sinaliza que o conjunto de ações apresentado ainda não contempla plenamente a realidade da cadeia produtiva da fruticultura. “O pequeno produtor, que comercializa sua produção para empresas exportadoras, corre o risco de ficar desamparado neste plano de contingenciamento, uma vez que os instrumentos anunciados priorizam diretamente o exportador direto”, afirma a nota. “Sem medidas que cheguem efetivamente à base da produção, há risco de retração nas compras e prejuízo à renda e à permanência desses produtores no campo”, complementa.
A Abrafrutas reforça que continuará atuando de forma firme e propositiva junto ao Governo Federal e ao Congresso Nacional para que, além de medidas emergenciais de crédito e incentivo, sejam intensificados os esforços diplomáticos para a retirada definitiva da taxação sobre as frutas brasileiras.
Caso da manga
A produção de frutas do Vale do São Francisco é uma das mais afetadas pelo tarifaço dos Estados Unidos. Como contou o AgroEstadão, as mangas na região estão maduras, à espera dos fiscais norte-americanos que acompanham a colheita. Porém, diante da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, os produtores da principal região exportadora de manga pensam em nem fazer a colheita.
“Tem fruta que simplesmente não compensa colher porque não há mercado que pague o suficiente para cobrir o custo da colheita. A conta não fecha”, explica o presidente do Sindicato Rural de Petrolina, Jailson Lira.
Caso a colheita das frutas não ocorra e elas apodreçam no pé, os produtores ainda terão que tomar medidas sanitárias para evitar a proliferação da mosca-das-frutas, uma praga que pode causar prejuízos bilionários à produção. “Com isso, o agricultor também precisaria de mais mão de obra, pois teria que recolher essa fruta e enterrá-la a uma determinada profundidade, para evitar a proliferação das larvas de mosca no pomar. É uma situação bastante complicada”, explica.
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