PUBLICIDADE

Economia

CNA: cabe a governo brasileiro negociar com os EUA para mitigar tarifas

Confederação defende que instrumentos de proteção para medidas retaliatórias devem ser usados “apenas após o esgotamento dos canais diplomáticos"

Nome Colunistas

Broadcast Agro

04/04/2025 - 10:57

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) considera precipitado avaliar agora eventuais perdas ou ganhos para o Brasil com o anúncio das tarifas recíprocas pelos Estados Unidos.

Em nota técnica, a entidade destaca o fato de que novas tarifas podem ser impostas, caso o governo americano entenda que as medidas anunciadas não sejam eficazes. “Como a ordem executiva cita que eventual redução de medidas significativas para corrigir arranjos comerciais não recíprocos poderá diminuir ou limitar o escopo das tarifas impostas, cabe ao governo brasileiro seguir explorando a via negociadora com os EUA para buscar mitigar as tarifas anunciadas e alcançar benefícios mútuos para ambas as nações”, argumentou a CNA na nota.

CONTEÚDO PATROCINADO

A confederação defende que instrumentos de proteção para medidas retaliatórias e barreiras unilaterais, com a lei da reciprocidade, devem ser adotados “apenas após o esgotamento dos canais diplomáticos”. A CNA mencionou ainda que a alteração tarifária afeta todos os países, inclusive grandes exportadores de produtos agropecuários. E, por isso, tem “alto potencial de impacto” no comércio internacional.

Em relação ao Brasil, que será alvo de uma sobretaxa de 10% sobre os produtos que entrarem no território americano, a CNA destacou que os Estados Unidos são o terceiro principal destino dos produtos do agronegócio brasileiro. Com a nova tarifa, as alíquotas nominais médias sobre os produtos do agronegócio brasileiro passarão a 13,9% ante 3,9% do valor do produto. “Apesar do acréscimo, o Brasil estará em uma posição melhor, se comparado aos casos em que os EUA importam produtos de mercados que contarão com taxas maiores, como é o caso dos bens da União Europeia que receberão sobretaxas de 20%”, apontou a CNA.

Na nota, a CNA destacou que a participação dos EUA na pauta exportadora do agronegócio brasileiro ficou entre 6% e 7,5% nos últimos dez anos. “Isso evidencia um mercado consolidado para os produtos brasileiros, que apresenta relativa previsibilidade do ponto de vista geral”, observou a CNA, citando que os produtos agropecuários respondem por cerca de 30% do total das exportações brasileiras aos Estados Unidos.

PUBLICIDADE

Quanto aos produtos agropecuários, o café verde é o principal item da pauta exportadora entre Brasil e Estados Unidos, seguido por celulose e suco de laranja. “A elevação das alíquotas de importação sobre estes produtos pode minar a competitividade do Brasil neste mercado, impactando os rendimentos do produtor. No caso do suco de laranja, os EUA contam com alguma produção no mercado doméstico, que seria muito favorecida em relação à alternativa brasileira”, avaliou a CNA.

A CNA analisou ainda a capacidade de redirecionamento dos produtos do agronegócio brasileiro vendidos aos Estados Unidos por meio do grau de exposição de cada produto à economia americana através da aferição da participação do mercado americano no total das exportações de cada setor. A CNA classificou sebo bovino; obras de marcenaria ou carpintaria; madeira perfilada; outras substâncias proteicas; carne bovina industrializada e outros produtos de origem animal como itens com grau de exposição crítica, ou seja, aqueles em que o desvio para outros destinos é “praticamente impossível” dado o alto grau de dependência do mercado americano.

Produtos com alta exposição ao mercado americano encontrarão dificuldades para a absorção por outros mercados. São eles: óleo essencial de laranja; calçados de couro; madeira compensada ou contraplacada; móveis de madeira; madeira serrada; sucos de laranja; couros/peles de bovinos, preparados; painéis de fibras ou de partículas de madeira; café solúvel; café verde; álcool etílico, celulose e papel.

Já o fumo não manufaturado; açúcar refinado; carne bovina in natura e açúcar de cana em bruto, classificados como exposição leve ou moderada aos EUA, podem encontrar algumas oportunidades em outros mercados, mas ainda sentindo os impactos do tarifaço nos EUA, avaliou a CNA. Juntos, estes produtos citados respondem por 85% de tudo que o agronegócio exporta aos Estados Unidos.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Brasil e Chile adotam Certificado Fitossanitário Eletrônico em comércio agrícola

Economia

Brasil e Chile adotam Certificado Fitossanitário Eletrônico em comércio agrícola

Ferramenta permitirá ao Brasil exportar, na primeira etapa, café em grão, sementes de beterraba e de girassol. rizomas de gengibre e grãos de pimenta,

Syngenta e Amoéba firmam acordo para desenvolver biofungicida

Economia

Syngenta e Amoéba firmam acordo para desenvolver biofungicida

Combate a doenças do trigo, especificamente a mancha de septoria e a ferrugem amarela, será foco da parceria

Avanço das exportações de carne bovina para os EUA ainda depende do preço interno, diz Abiec

Economia

Avanço das exportações de carne bovina para os EUA ainda depende do preço interno, diz Abiec

Associação afirma que ainda é difícil medir o impacto da queda da tarifa de 10%, já que as margens seguem pressionadas pelo preço do boi gordo

EUA anuncia 2º auxílio a agricultores afetados por desastres naturais

Economia

EUA anuncia 2º auxílio a agricultores afetados por desastres naturais

Pagamentos visam agricultores afetados por 55 eventos climáticos em 2023 e 2024

PUBLICIDADE

Economia

Exportadores alertam para perda irreversível do café brasileiro nos EUA

Concorrentes com tarifas zeradas avançam nos blends norte-americanos, enquanto o café brasileiro vê seu espaço encolher gradativamente

Economia

Alckmin sobre tarifa dos EUA: “Estamos confiantes de que vamos avançar mais”

Durante a COP30, vice-presidente e ministro do MDIC, afirmou que a medida dos EUA reduziu de 45% para 28% o volume de exportações do Norte sujeito a tarifa

Economia

RS: Aurora conclui investimento de R$ 210 milhões na planta de Tapejara

Unidade de São Silvestre terá capacidade para 10 mil aves por hora e entrará no mercado internacional

Economia

Nova tarifa dos EUA mantém distorções no comércio de café, diz BSCA

Entidade defende avanço rápido nas negociações; exportações brasileiras aos EUA recuaram cerca de 55% desde o início do tarifaço

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.