Agropolítica
Tarifaço gera insegurança comercial e econômica, alerta Abimaq
Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, avalia que protecionismo dos EUA ameaça comércio global, mas vê oportunidades para o Brasil

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) alertou, em nota, que “alterações abruptas” nas tarifas de importação tendem a gerar insegurança comercial e econômica. A manifestação ocorre em resposta à decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma sobretaxa de 10% sobre produtos importados do Brasil.
Segundo a Abimaq, aproximadamente 20% da receita do setor de máquinas e equipamentos é proveniente do mercado externo. Em 2024, as exportações totalizaram US$ 13,2 bilhões, dos quais 25% — o equivalente a US$ 3,5 bilhões — tiveram os Estados Unidos como destino, representando 7% da receita total do setor. Por outro lado, o Brasil importou cerca de US$ 4,7 bilhões em máquinas e equipamentos norte-americanos, resultando em um saldo comercial deficitário.
A associação avalia que a elevação da tarifa pode gerar impactos negativos significativos para a economia e perda de competitividade para a indústria brasileira de máquinas e equipamentos. “Podemos citar como exemplo máquinas agrícolas, rodoviárias e máquinas para a indústria de transformação. Esses produtos, entre outros, são produzidos tanto pelo Brasil como pelos Estados Unidos”, destaca.
“Sabemos que o governo brasileiro vem buscando resolver a questão por meio de negociações, o que, para a Abimaq, é o melhor caminho. Temos expectativas de que tal decisão, no caso do Brasil, seja revista, a fim de que a relação comercial seja preservada”, estima a entidade.
Já a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) afirmou à reportagem que as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos não impactam diretamente o setor, uma vez que o Brasil não exporta autoveículos regularmente para o mercado norte-americano.
Ministro da Agricultura defende diálogo com EUA
O ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, defendeu o diálogo e a negociação com os Estados Unidos. Segundo ele, equipes dos Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços — coordenadas pelos respectivos ministros Mauro Vieira e vice-presidente da República Geraldo Alckmin — já estão em missão nos Estados Unidos em negociação sobre a taxação das importações.
“É um contrassenso um governo dito liberal nos Estados Unidos tomando medidas ortodoxas e protecionistas, enquanto o Brasil, que tem um governo progressista com um forte viés social, mas é a favor do livre comércio”, disse Fávaro a jornalistas antes de participar da 2ª Conferência Internacional UNEM DATAGRO sobre Etanol de Milho, em Cuiabá (MT).
O ministro da Agricultura avalia que as medidas protecionistas do governo norte-americano podem atrapalhar as relações comerciais no mercado internacional, mas acredita que “o Brasil tem competência e certamente vai saber usufruir disso e fazer disso uma grande oportunidade”.
Fávaro também afirmou que o tarifaço de Trump deve desencadear uma inflação global, começando pelos Estados Unidos. “Vai encarecer o custo de todos os produtos norte-americanos. Não é de hoje para amanhã que você monta uma indústria. Então você vai precisar importar e, além de tudo, com um custo mais alto”, analisa. Por outro lado, ele diz que o Brasil é muito competitivo, principalmente no setor agropecuário. “Se soubermos agir — e vamos agir com muita cautela e prudência — pode se tornar uma oportunidade para o Brasil”, destacou.
Taxa menor em relação a outros países
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luis Rua, disse ao Agro Estadão que “comparativamente a outros países, a taxa [de 10% sobre a importação dos produtos brasileiros] é menor, mas ainda assim é um movimento preocupante”.
Confira a lista de sobretaxas aplicadas pelos EUA a diversos países:
- Brasil: 10%
- China: 34%
- União Europeia: 20%
- Vietnã: 46%
- Taiwan: 32%
- Japão: 24%
- Índia:
- Reino Unido: 10%
- Coreia do Sul: 25%
- Tailândia: 36%
- Suíça: 31%
- Cambodja: 49%
- Malásia: 24%
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