Agropolítica
Após queda, seguradoras projetam alta de 2,3% no seguro rural em 2026
Regiões de alta volatilidade climática devem liderar a demanda por seguro rural em 2026, com potencial de dobrar a área protegida em relação a 2025
Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
12/12/2025 - 16:30

Após um ano que deve registrar um recuo de 6,4% na arrecadação do mercado de seguro rural, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) espera que o desempenho da atividade seja melhor em 2026. Segundo a entidade, a expectativa é de que o faturamento do próximo ano cresça 2,3% frente ao atual período.
Como mostrado pelo Agro Estadão, a área segurada com apólices vinculadas ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) atingiu o menor nível em dez anos. A estimativa é de que termine o ano com 2,2 milhões de hectares com proteção, o que representa menos de 5% da área agricultável no Brasil, de acordo com a CNSeg.
Os problemas com a inadimplência no campo ainda devem impactar o ano de 2026. Além disso, há um cenário de incertezas quanto ao PSR. Mesmo assim, a análise feita pelo presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Glaucio Toyama, é de que o próximo ano seja melhor do que o atual. A projeção conservadora é de que a área segurada fique entre 4 milhões de hectares a 5 milhões de hectares.
Para ele, alguns aspectos devem estar mais controlados, o que pode favorecer o mercado de seguro rural. A perspectiva é de que:
- custos de produção fiquem estáveis;
- preços das commodities fiquem levemente depreciados, mas ainda é uma avaliação ponderada, uma vez que o câmbio pode oscilar;
- trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic);
- esperança de uma aplicação total dos recursos previstos para o PSR, aproximadamente R$ 1 bilhão;
- cenário de liberação de crédito abaixo do observado em 2024, mas melhor que em 2025.
Para a CNSeg, se alguns gatilhos forem ativados, o quadro pode ter nova melhora. É o caso da aprovação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 e do projeto de lei que traz atualizações ao PSR e implementa o Fundo de Catástrofe, com até R$ 4 bilhões de recursos. De acordo com o presidente do Congresso Nacional, a PLOA 2026 deve ir à votação no parlamento na próxima semana. Já a proposta de modificação do Seguro Rural foi aprovada no Senado e agora está em tramitação na Câmara dos Deputados.
Regiões com “alta volatilidade climática” devem liderar demanda por seguro
Toyama indica que os desafios envolvendo o clima colocam um aspecto de incerteza no cenário, já que as mudanças climáticas não estão claras. No entanto, ele vê que algumas partes do país tendem a continuar buscando mais o seguro rural.
“As regiões de alta volatilidade climática deverão continuar com a grande demanda: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul”, comentou o presidente da Comissão à reportagem.
Quanto ao panorama dos cultivos, ele cita uma tendência e fala em uma surpresa. “Temos percebido mais demanda para alguns cultivos de inverno que substituem o trigo. Os baixos preços do trigo estão levando os produtores para o plantio de cevada, canola e sorgo. Além destas, o café vai continuar crescendo e o milho safrinha pode ser uma boa surpresa diante da demanda para etanol de milho”, acrescentou.
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