Agropolítica
Fávaro: “não adianta ter gente vocacionada, que sabe lidar com a terra, se vivermos em um deserto”
Durante evento em Belém, o ministro da Agricultura também garantiu investimentos na cadeia do cacau e ressaltou as condições sanitárias do Brasil
4 minutos de leitura 25/07/2024 - 15:57
Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse nesta quinta-feira, 25, que o Brasil tem como vocação a agricultura sustentável e as boas relações internacionais como premissa de excelentes negócios. A fala foi feita durante o lançamento do Plano Safra 24/25 do Banco da Amazônia, em Belém, Pará.
“A gente não faz negócios com inimigos! E o presidente Lula cumpriu um grande papel nesse sentido e reconectou o Brasil com o mundo e nos permitiu andar pelo mundo apresentando os produtos brasileiros […] nós temos que ter compromisso com o meio ambiente, não adianta ter gente vocacionada, que sabe lidar com a terra, com máquinas e tecnologias de última geração se vivermos em um deserto, o grande ativo brasileiro e o grande ativo dessa Amazônia é a regularidade climática que tem que ser preservada”, disse o ministro.
Fávaro também ressaltou que preservação não é barreira para o desenvolvimento econômico, mas sim, investimento com retorno certo. “Quando você recupera o solo que já está em uso, você aumenta o rebanho, aumenta a agricultura e não precisa desmatar mais, é por aí que nós vamos crescer”, enfatizou Fávaro.
Investimentos no Inmet e na Ceplac
Além de defender o compromisso do governo com o meio ambiente, o ministro da Agricultura também ressaltou investimentos no Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e na Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). “Estamos reformulando todo o Inmet, tudo digital, tudo eletrônico, com utilização de inteligência artificial para poder prestar um serviço tão importante que é a meteorologia para os produtores e para a população”, disse Fávaro.
Sobre a Ceplac, o ministro afirmou que o “start” foi dado e que a reestruturação irá começar. “Nós queremos o Brasil exportador de cacau, um grande player que leva renda aos pequenos produtores, médios produtores, grandes produtores, todo mundo cabe nessa cadeia produtiva e a Ceplac tem um papel fundamental e é meu compromisso com vocês e quero entregar uma Ceplac muito melhor do que encontrei”, concluiu o ministro.
Defesa sanitária brasileira e a transparência internacional
Carlos Fávaro também aproveitou a ocasião para defender as condições sanitárias dos produtos agropecuários do Brasil. Como exemplo de sucesso, o ministro citou o reconhecimento de todo o território nacional como livre de febre aftosa sem vacinação. “Há 50 anos pelo menos todos nós sonhávamos com Brasil livre de febre aftosa sem vacinação e com muita determinação, parceria de pecuaristas, de agências estaduais e governo federal, o Brasil conseguiu”, destacou o ministro, dizendo que espera que o reconhecimento internacional – por meio da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) – aconteça ainda no primeiro semestre de 2025.
Sobre o recente caso de Newcastle no Sul do país, o ministro rebateu críticas quanto ao autoembargo estabelecido pelo governo. Fávaro defendeu a transparência como fundamental nas relações com os mercados internacionais. “A questão sanitária nos permite, mantendo a régua muito alta, acessar esses mercados mais exigentes”. Fávaro também relembrou que igual medida foi adotada em fevereiro de 2023 em virtude de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), chamado de mal da “vaca louca”.
Plano Safra via Banco da Amazônia: recorde de R$ 11 bilhões
Sobre os recursos disponibilizados pelo Banco da Amazônia por meio do Plano Safra 24/25, Fávaro destacou a importância do programa agrícola para gerar oportunidades na agropecuária local e ressaltou as “taxas atrativas”.
Nesta edição, os produtores do setor agropecuário da região vão contar com R$ 11 bilhões. O valor é 11% superior à última safra. Segundo comunicado do Mapa, o objetivo é oferecer as melhores taxas do mercado e condições de financiamento para impulsionar o setor.
Para a agricultura empresarial a taxa de custeio começa em 6,75% ano, enquanto a taxa de investimento, em 6,48% a.a. Já para a agricultura familiar será a partir de 1,5% a.a. e as taxas de investimento a partir de 0,5% a.a.
Dos recursos, R$ 3,3 bilhões são direcionados para investimento e R$ 7,7 bilhões para custeio. Em termos de segmentos atendidos, R$ 5,4 bilhões irão para pequenos e médios produtores, R$ 4,3 bilhões para a agricultura empresarial e R$ 1,3 bilhão à agricultura familiar.
O presidente do Banco da Amazônia, Luiz Lessa, comentou a iniciativa. “É um volume recorde de recursos que vai possibilitar reforçar o fomento a toda a cadeia produtiva do agro em nossa região, por meio de soluções financeiras para atender às necessidades de cada produtor”, destacou.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
BNDES orienta bancos sobre novas regras para financiamento a produtores rurais no RS
2
CMN ajusta norma do PCA para câmaras frias
3
Luis Rua é nomeado secretário de Relações Internacionais
4
Governo prevê retorno das exportações de frango do RS para China em outubro
5
Brasil abre mais 20 novos mercados para produtos agro
6
“Vamos buscar todas as oportunidades que existirem em todas as cadeias produtivas”, diz novo secretário de Relações Internacionais do Mapa
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Agropolítica
Aprosoja MT comemora aprovação de projeto contra moratória da soja
Proposta impede a concessão de incentivos fiscais e terrenos públicos a empresas organizadas em acordos que restrinjam a competitividade do produto mato-grossense
Agropolítica
STF suspende lei de MT sobre invasões de terras
Normativa estadual estava sem validade desde setembro, mas precisava de decisão da corte para continuar suspensa
Agropolítica
Agricultura altera normativa sobre padrões de qualidade do vinho e derivados; veja o que muda
Objetivo é estar em sintonia com regras do Mercosul e de outros países e órgãos internacionais
Agropolítica
Mapa quer discutir regulamentação da lei europeia antidesmatamento com o setor produtivo
Secretário de Relações Internacionais do Mapa também avalia aberturas de mercado e confirma expectativa de chegar a 300 até o fim do ano
Bioinsumos, incêndios, Marco Temporal e União Europeia são prioridades na agenda da FPA
Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária criticou atuação do governo no combate às queimadas e qualificou como “incompentente” a ministra Marina Silva
Lula sanciona lei do Combustível do Futuro
Lei trata de mobilidade sustentável, propõe o aumento da mistura do biodiesel ao óleo diesel e eleva o percentual mínimo obrigatório de etanol na gasolina
“Vamos buscar todas as oportunidades que existirem em todas as cadeias produtivas”, diz novo secretário de Relações Internacionais do Mapa
Luís Rua tomou posse na tarde desta sexta, 04, e falou com exclusividade ao Agro Estadão sobre as “missões” dadas pelo ministro da Agricultura
Mapa troca diretor de Gestão de Risco
Jonatas Pulquério lamenta a saída após 18 meses e afirma: “sempre fui crítico ao modelo do seguro rural”