PUBLICIDADE

Agropolítica

Governo estuda nova MP para destravar o crédito de dívidas rurais

Casa Civil avalia nova MP para incluir a safra 24/25, dívidas judicializadas e reduzir juros nos programas de renegociação

Nome Colunistas

Paloma Santos | Brasília | paloma. santos@estadao.com

11/12/2025 - 18:35

Setor pediu suplementação dos recursos caso os R$ 12 bilhões se esgotem. | Foto: Adobe Stock
Setor pediu suplementação dos recursos caso os R$ 12 bilhões se esgotem. | Foto: Adobe Stock

O governo pode editar nova medida provisória para incluir a safra 2024/25 nas renegociações de dívidas rurais. O objetivo é ajustar regras que têm limitado o acesso dos produtores ao crédito emergencial previsto na Medida Provisória 1.314/2025. Nesta semana, representantes do governo se reuniram na Casa Civil com o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) e lideranças do Rio Grande do Sul para tratar do assunto. 

Em entrevista ao Agro Estadão, nesta quinta-feira, 11, o parlamentar explicou que reuniu os principais entraves observados pelas instituições financeiras e lideranças do setor. “Encaminhamos 14 ou 15 sugestões aos ministérios e ao Banco Central. Hoje, cerca de 40% dos agricultores não conseguiram financiamento. As normas travam tudo”, disse.

Ele ressalta a urgência da medida, tendo em vista o período de plantio. “Eu queria que a MP saísse amanhã. Eles entenderam que o recurso foi garantido, mas não está sendo aplicado. O mais difícil era conseguir o dinheiro; agora é fazer o crédito fluir”, acrescentou.

CONTEÚDO PATROCINADO

Conforme a última atualização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apenas R$ 4,3 bilhões dos R$ 12 bilhões disponíveis foram utilizados após quase 60 dias de operação. Desse montante, cerca de R$ 670 milhões foram negociados no Banco do Brasil, pouco mais de 10% do total reservado pelo governo à instituição — que é o maior operador rural de crédito do País. 

Nos últimos dias, representantes do Banco do Brasil e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) realizaram uma rodada de reuniões com lideranças do agronegócio no Rio Grande do Sul e Paraná, em razão da baixa adesão às linhas de renegociação previstas no âmbito da MP.

Segundo comunicado do governo gaúcho, o encontro em Brasília foi convocado pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP). Participaram o secretário especial de Análise Governamental, Bruno Moretti, o secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Domingos Velho Lopes, e o secretário estadual de Agricultura, Edivilson Brum.

PUBLICIDADE

A principal demanda apresentada foi a inclusão das operações da safra 2024/25. A MP contempla apenas contratos firmados até junho de 2024. Heinze afirmou que a exclusão atinge o ciclo mais afetado pelos eventos climáticos. Segundo ele, a insegurança na renegociação já reduziu em mais de 40% a contratação de crédito no Estado. “Se essas operações não forem incorporadas, o produtor perde capacidade de pagamento, o banco recua e o dinheiro não chega na ponta. O governo precisa ficar ciente que a próxima safra já está comprometida”, disse.

Outras reivindicações

Outro ponto criticado é a exigência de que o produtor estivesse inadimplente na data de publicação da MP e adimplente no momento da contratação. “Isso é um absurdo e exclui muitos produtores da negociação, pois estavam com operações a vencer”, afirmou.

O setor defendeu ainda a inclusão de dívidas judicializadas e a possibilidade de capitalizar encargos já pactuados, redistribuídos ao longo das parcelas, sem cobranças imediatas. Heinze também alertou para os efeitos da Resolução 4.966/2021 do Banco Central, que elevou exigências de garantias com o modelo de perda esperada. “Sem ajustes nessa norma, o crédito continuará travado, ainda que novas medidas provisórias sejam editadas”, disse.

As entidades pediram suplementação dos recursos caso os R$ 12 bilhões se esgotem. Segundo relataram, os representantes do governo afirmaram que haverá reforço orçamentário se a demanda ultrapassar o montante inicial. Também solicitaram a inclusão das dívidas renegociadas com recursos do Fundo Social do pré-sal após as enchentes de 2024, além da ampliação do prazo final dos contratos de 2027 para 2030 e do enquadramento de débitos com fornecedores como cooperativas, cerealistas e revendas.

Para aprimorar a linha de crédito, Heinze propôs reduzir juros para 7,5% no caso de produtores empresariais, 5,5% para médios do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e 3,5% para agricultores familiares do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Ele também sugeriu ampliar o prazo de pagamento de nove para dez anos. Segundo o senador, todos os 497 municípios gaúchos deveriam ser atendidos, já que 38 ainda estão fora dos critérios atuais da MP.

PUBLICIDADE

O secretário Edivilson Brum afirmou que a agenda foi positiva. “Precisamos ajustar alguns pontos das condições já disponíveis e avançar em outras medidas. O governo federal sinaliza novas ações e admitiu ampliar os recursos após a reunião”, disse.

Antes do encontro na Casa Civil, o governador Eduardo Leite esteve com Randolfe Rodrigues para defender a votação do Projeto de Lei 5.122/2023, aprovado na Câmara. O texto autoriza o uso de recursos do Fundo Social do pré-sal para refinanciar dívidas rurais, com juros menores e prazos mais longos. A Medida Provisória 1.314/2025, por sua vez, também cria uma linha emergencial, mas hoje não alcança a maior parte dos produtores.

Comissão de Agricultura aprova novo marco para renegociações

Nesta quarta, 11, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural aprovou substitutivo do deputado Pedro Lupion (Republicanos-PR) ao Projeto de Lei 8.676/2017. A proposta atualiza os procedimentos de prorrogação e recomposição de dívidas rurais e cria regras uniformes para análise administrativa. 

De acordo com Lupion, esses mecanismos permitem preservar a atividade produtiva, evitar o colapso financeiro das unidades produtivas agrícolas e promover condições mais equilibradas no equacionamento de dívidas rurais. “A medida pode reduzir custos assumidos pelo Poder Público em programas de renegociação de dívidas rurais e arrefecer contendas judiciais, beneficiando e tornando mais eficiente todo o sistema de crédito voltado para o agronegócio brasileiro”, explicou o parlamentar.

A proposta segue para análise nas Comissões de Finanças e Tributação (CFT) e de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJC).

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Setor do biodiesel comemora projeto que combate a prática do 'devedor contumaz'

Agropolítica

Setor do biodiesel comemora projeto que combate a prática do 'devedor contumaz'

Segundo a FPBio, casos recorrentes de sonegação evidenciam a urgência de um marco legal robusto para coibir o crime

Senado reafirma importância do RenovaBio como política de descarbonização

Agropolítica

Senado reafirma importância do RenovaBio como política de descarbonização

Sessão solene comemorou e homenageou a trajetória do programa, que atinge 95% de toda a oferta nacional de etanol

Tilápia pode entrar em lista de invasoras, mas criação seguirá liberada 

Agropolítica

Tilápia pode entrar em lista de invasoras, mas criação seguirá liberada 

Ministério do Meio Ambiente diz que medidas visam evitar expansão da espécie em habitats naturais, como a Amazônia

Agricultores familiares fazem ato por medidas contra crise no campo

Agropolítica

Agricultores familiares fazem ato por medidas contra crise no campo

Mobilização em frente a prédios de ministérios, em Porto Alegre, cobra do governo federal ações para aliviar dívidas e valorizar produção

PUBLICIDADE

Agropolítica

Marco temporal movimenta fim do ano no Congresso Nacional e no STF

PEC avançou no Senado e agora vai para a Câmara, enquanto Supremo começa a julgar ações; debate entre poderes se arrasta há anos

Agropolítica

Banco do Brasil e Mapa vão ao Paraná destravar as renegociações de dívidas rurais

Segundo o BNDES, dos R$ 12 bilhões liberados pela MP 1.314/2025 apenas R$ 60,6 milhões foram usados em operações no Estado

Agropolítica

Câmara aprova regularização para imóveis em faixa de fronteira e texto vai à sanção

FPA diz que processo foi modernizado e traz segurança jurídica para produtores 

Agropolítica

Exportação de carne à Guatemala leva Brasil a 500 mercados abertos

País centro-americano importou cerca de US$ 155 milhões em carne bovina no ano passado

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.