Sustentabilidade
A polinização cruzada e sua importância na agricultura
A polinização cruzada garante frutos maiores, mais nutritivos e culturas mais resilientes

Redação Agro Estadão*
22/02/2025 - 08:00

Já pensou em um mundo sem frutas, vegetais ou campos de grãos? Esse cenário pode parecer apocalíptico, mas é exatamente o que enfrentaríamos sem a polinização cruzada.
Este processo natural, muitas vezes invisível aos nossos olhos, é o motor silencioso que impulsiona a produção agrícola global, garantindo a abundância de alimentos em nossas mesas e a diversidade de nossos ecossistemas.
Um estudo publicado, em 2024, avaliou o valor econômico da polinização no Brasil, estimando que os serviços de polinização contribuem com quase US$ 42 bilhões para a agricultura, considerando 52 cultivos agrícolas.
Este levantamento foi baseado em dados do IBGE e incluiu a análise da dependência de polinização animal em diversas culturas.
O que é polinização cruzada?
A polinização cruzada é um processo fascinante que ocorre quando o pólen de uma planta é transferido para o estigma (parte feminina da flor) de outra planta da mesma espécie ou de espécies relacionadas.
Este mecanismo se diferencia da autopolinização, onde o pólen de uma flor fertiliza os óvulos da mesma flor ou de flores diferentes na mesma planta.
Para entender melhor, imagine um pomar de macieiras em plena floração. As abelhas, atraídas pelo néctar das flores, voam de uma árvore para outra, carregando consigo grãos de pólen.
Ao pousar em uma flor de outra macieira, parte desse pólen se desprende, caindo no estigma e iniciando o processo de fertilização. Este intercâmbio genético entre plantas diferentes é a essência da polinização cruzada.
O processo não se limita apenas às frutas. Nas vastas plantações de milho, por exemplo, o vento desempenha um papel crucial, carregando o pólen dos pendões masculinos para os estigmas (cabelos) das espigas femininas de outras plantas.
Já em campos de abóboras, as abelhas são as protagonistas, realizando a polinização cruzada que resulta em frutos maiores e mais bem formados.
Importância da polinização cruzada na agricultura

Em primeiro lugar, a polinização cruzada consegue impulsionar significativamente a produtividade das culturas. Mas não é apenas a quantidade que se beneficia; a qualidade dos frutos e sementes também é notavelmente aprimorada pela polinização cruzada.
Frutos resultantes desse processo tendem a ser maiores, mais simétricos e com melhor coloração. Além disso, muitas vezes apresentam maior teor de açúcares e nutrientes, o que se traduz em sabor superior e maior valor nutricional.
Por exemplo, morangos polinizados por abelhas são geralmente maiores e têm forma mais regular do que aqueles que não recebem visitas desses insetos.
A diversidade genética proporcionada pela polinização cruzada é outro benefício crucial, embora menos visível a curto prazo.
Ao misturar material genético de diferentes plantas, este processo cria populações vegetais mais resilientes, capazes de se adaptar melhor a mudanças ambientais, resistir a doenças e tolerar pragas. Esta característica é particularmente valiosa em um cenário de mudanças climáticas e desafios fitossanitários crescentes.
Para dimensionar a importância econômica da polinização cruzada, dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) revelam que, em termos globais, a contribuição dos polinizadores às principais culturas dependentes destes agentes alcança a impressionante cifra de US$ 54 bilhões por ano.
Este valor ressalta a importância ecológica e também o impacto econômico substancial que a polinização cruzada tem na agricultura mundial.
Culturas que se beneficiam da polinização cruzada
Entre as principais beneficiárias deste processo, destacam-se as frutas como maçãs e peras. As maçãs e peras, quando submetidas à polinização cruzada eficiente, produzem frutos maiores, mais simétricos e com melhor coloração.
No segmento das hortaliças, as abóboras e melões são exemplos notáveis de culturas altamente dependentes da polinização cruzada. Abóboras bem polinizadas resultam em frutos maiores e melhor formados, enquanto melões apresentam maior doçura e aroma.
Entre as oleaginosas, o girassol e a canola se beneficiam deste processo com aumentos significativos na produção de sementes e no teor de óleo.
Além destas, muitas outras culturas agrícolas dependem ou se beneficiam da polinização cruzada, incluindo:
Café: Aumento na produção e qualidade dos grãos;
Maracujá: Essencial para a formação dos frutos, dependendo de polinizadores específicos como as mamangavas;
Castanha-do-Pará: Fundamental para a produção, com polinização realizada principalmente por abelhas nativas;
Açaí: Melhoria na formação e quantidade de frutos;
Tomate: Aumento na quantidade e qualidade dos frutos, especialmente em cultivos protegidos;
Berinjela: Melhoria no tamanho e forma dos frutos;
Pepino: Essencial para a formação adequada dos frutos, especialmente em variedades híbridas;
Kiwi: Necessário para a produção de frutos comercialmente viáveis;
Amêndoas: Aumento significativo na produção e qualidade das amêndoas;
Cereja: Melhoria na formação e tamanho dos frutos.
A compreensão da importância da polinização cruzada para estas culturas leva muitos agricultores a adotar práticas que favorecem a presença de polinizadores em suas propriedades.
Estas práticas incluem preservar áreas naturais próximas às plantações, reduzir o uso de pesticidas e, em alguns casos, introduzir colmeias de abelhas melíferas para suplementar a polinização natural.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

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