Sustentabilidade
Barba-de-velho é um aglomerado de bromélias, sabia?
A "barba-de-velho" é uma bromélia que absorve água e nutrientes diretamente do ar e da chuva
Redação Agro Estadão*
22/08/2025 - 05:00

Ao percorrer as paisagens rurais brasileiras, é comum nos depararmos com longas mechas acinzentadas pendendo dos galhos das árvores, criando uma atmosfera quase mística.
Essa planta, conhecida popularmente como “barba-de-velho”, integra-se de forma tão natural ao ambiente que muitos a consideram parte intrínseca da vegetação local.
No entanto, apesar de sua presença marcante, poucos conhecem sua verdadeira natureza botânica.
Afinal, o que é essa barba-de-velho?
Surpreendentemente, a barba-de-velho, cujo nome científico é Tillandsia usneoides, pertence à família Bromeliaceae. Isso mesmo, ela é parente próxima do abacaxi e de muitas bromélias ornamentais que enfeitam jardins por todo o Brasil.
Entretanto, sua aparência peculiar a distancia visualmente de suas primas mais conhecidas. Diferentemente das bromélias típicas, a Tillandsia usneoides não possui raízes desenvolvidas nem o característico tanque de água formado pelas folhas.
Em vez disso, apresenta-se como longos fios finos e sinuosos, de coloração cinza-esverdeada, que se entrelaçam formando densas cortinas vegetais. Essa forma única deu origem ao seu nome popular, evocando a imagem de uma barba longa e grisalha.
Embora possa parecer seca ou até mesmo sem vida à primeira vista, a barba-de-velho é uma planta vibrante e altamente adaptada ao seu modo de vida peculiar.
Sua aparência é resultado de milhões de anos de evolução, permitindo que ela sobreviva em condições que seriam desafiadoras para muitas outras plantas.
Uma planta aérea: o fenômeno epífita da barba-de-velho

A barba-de-velho é classificada como uma planta epífita, um termo que descreve organismos vegetais que crescem sobre outras plantas, utilizando-as apenas como suporte físico.
É importante entender que, ao contrário do que muitos pensam, a barba-de-velho não é um parasita. Ela não extrai nutrientes nem água da planta que a hospeda.
Então, como ela sobrevive? A Tillandsia usneoides desenvolveu uma estratégia fascinante: ela absorve umidade e nutrientes diretamente do ar, da chuva e até mesmo da poeira.
Isso é possível graças a estruturas especializadas em suas folhas chamadas tricomas, que funcionam como pequenas esponjas microscópicas, captando tudo o que a planta necessita para seu desenvolvimento.
Para o produtor rural, é importante distinguir a barba-de-velho de plantas verdadeiramente parasitas, como o cipó-chumbo ou a erva-de-passarinho.
Enquanto estas últimas podem causar danos significativos às árvores hospedeiras, a presença da barba-de-velho em árvores saudáveis não representa ameaça à sua saúde. Na verdade, sua presença pode ser indicador de um ambiente equilibrado e livre de poluição excessiva.
A barba-de-velho no ecossistema rural
As densas cortinas formadas pela barba-de-velho desempenham um papel ecológico surpreendentemente importante nas áreas rurais.
Elas criam verdadeiros micro-habitats, oferecendo abrigo e locais de reprodução para uma variedade de pequenos organismos. Insetos, aracnídeos e até mesmo pequenos anfíbios e répteis encontram nas suas emaranhadas fibras um lar seguro.
Essa biodiversidade em miniatura contribui significativamente para o equilíbrio do ecossistema rural.
Os insetos que habitam a barba-de-velho podem atuar como polinizadores naturais ou como parte da dieta de aves insetívoras, auxiliando no controle natural de pragas.
Além disso, algumas espécies de aves utilizam a barba-de-velho como material para a construção de seus ninhos, integrando-a ainda mais profundamente na teia da vida local.
O que a barba-de-velho nos diz sobre o ambiente?

A barba-de-velho é um elemento decorativo da paisagem e atua como um indicador ambiental sensível. Esta planta é particularmente sensível à qualidade do ar, especialmente a poluentes atmosféricos.
A presença abundante e vigorosa de Tillandsia usneoides em uma área geralmente indica um ambiente com boa qualidade do ar e níveis adequados de umidade.
Embora não possa ser considerada um bioindicador preciso para análises ambientais complexas, a ausência repentina ou o declínio visível da barba-de-velho em áreas onde ela era anteriormente comum pode servir como um sinal de alerta.
Isso pode indicar mudanças na qualidade do ar ou alterações climáticas locais que merecem atenção e investigação mais aprofundada.
A capacidade da barba-de-velho de se adaptar a diversos biomas brasileiros, desde a Mata Atlântica até o Cerrado, passando por áreas de transição, demonstra sua resiliência e versatilidade.
Essa adaptabilidade a torna um elemento valioso para o monitoramento ambiental em diferentes contextos rurais.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Sustentabilidade
1
Em 5 anos, mais de 90% da soja no Centro-Oeste avançou sem desmatamento
2
Dona do café Pilão firma parceria para descarbonizar conilon no Brasil
3
STF suspende processos sobre a Moratória da Soja em todo o País
4
STF forma maioria para manter lei de MT contra a Moratória da Soja
5
STF dá 30 dias para SP apresentar plano de contratação de pesquisadores ambientais
6
MG lança certificação para produtores que adotam agricultura regenerativa
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Sustentabilidade
Exigência de rastreabilidade ganha força com lei antidematamento da UE
No Estadão Summit Agro 2025, especialistas apontaram movimento semelhante de outros países, como a China
Sustentabilidade
“Agro tropical brasileiro será patrocinador da paz mundial”, diz Roberto Rodrigues
Ex-ministro da agricultura destacou o legado do agro pós-COP 30 durante palestra magna no Estadão Summit Agro 2025
Sustentabilidade
MT regulamenta regularização ambiental e compensação de reserva
Normas automatizam o CAR nos projetos de reforma agrária e padronizam a compensação ambiental
Sustentabilidade
STF dá 30 dias para SP apresentar plano de contratação de pesquisadores ambientais
Suprema Corte também pede projeções para implantação do CAR e do PRA; Estado diz que cumpre metas e que moderniza carreira científica
Sustentabilidade
Após recuo do governo na COP 30, Plano Clima deve ser revisado
Grupo de trabalho terá participação do agro e discutirá ajustes em desmatamento, emissões e créditos de carbono
Sustentabilidade
Em 5 anos, mais de 90% da soja no Centro-Oeste avançou sem desmatamento
Estudo da Serasa Experian, com base nas regras ambientais do crédito rural, mapeou 74 milhões de hectares em dois biomas do Centro-Oeste
Sustentabilidade
Conselho Europeu abre caminho para adiar lei antidesmatamento por um ano
Proposta será negociada com o Parlamento Europeu e busca simplificar a lei antidesmatamento e adiar sua aplicação para que todos se preparem
Sustentabilidade
Julgamento da Moratória da Soja é interrompido no STF
Pedido de vista de Toffoli adia definição sobre suspensão de ações e mantém medida em vigor