Sustentabilidade
Cateto, queixada e javali: espécies parecidas, desafios distintos para agricultores
Reconhecimento correto ajuda o produtor a agir dentro da lei e proteger o ambiente
Redação Agro Estadão*
20/08/2025 - 05:00

No cenário rural brasileiro, a distinção entre cateto, queixada e javali é mais do que uma curiosidade zoológica. Para o agricultor, compreender as diferenças entre essas espécies é fundamental para evitar problemas legais, ambientais e prejuízos na lavoura.
A confusão entre esses animais pode resultar em ações equivocadas, com consequências sérias para o produtor e o meio ambiente.
Entendendo as espécies: javali, cateto e queixada
Javali: o invasor problemático

O javali (Sus scrofa) é uma espécie exótica, originária da Europa e Ásia, introduzida no Brasil para criação. Infelizmente, tornou-se um problema em todo o país devido ao descontrole na reprodução e ao cruzamento com porcos domésticos.
Esses animais são maiores que os catetos, com coloração geralmente escura, focinho alongado e presas salientes, especialmente nos machos.
Altamente adaptáveis, os javalis possuem uma taxa reprodutiva elevada. Vivem em grupos chamados varas e têm hábitos noturnos, dificultando sua observação direta.
É importante ressaltar que o javali é considerado uma praga agrícola e uma espécie invasora, sendo passível de controle populacional.
Cateto: o nativo discreto

O cateto (Pecari tajacu) é uma espécie nativa das Américas, presente em diversas regiões do Brasil. Menor que o javali, possui uma coloração cinza-escura característica, com uma faixa clara no pescoço e no peito. Seu focinho é mais curto e não apresenta presas visíveis.
Esses animais vivem em grupos menores que os javalis e são mais arredios. Desempenham um papel ecológico importante no ambiente nativo, contribuindo para a dispersão de sementes e o equilíbrio do ecossistema.
Como espécie da fauna silvestre nativa, o cateto é protegido por lei, sendo proibida sua caça.
Queixada: o nativo social

O queixada (Tayassu pecari), frequentemente confundido com um porco selvagem, é, na verdade um mamífero pecarídeo, assim como o cateto. Nativo das Américas, é atualmente encontrado somente em áreas restritas devido à caça e à perda de habitat.
Sua dieta inclui frutas, coquinhos, raízes, invertebrados e até pequenos vertebrados. Os queixadas são animais sociais, formando bandos que podem chegar a 300 indivíduos. Uma característica marcante é a mancha clara abaixo do queixo, contrastando com os pelos marrom-escuros do corpo.
Contrariamente à crença popular, os queixadas não são agressivos. O hábito de bater os dentes, que originou seu nome popular, é mais um mecanismo de comunicação do que uma ameaça. Assim como o cateto, o queixada é um animal silvestre nativo protegido por lei.
Por que essa diferença importa para o produtor rural?
A distinção entre essas espécies é fundamental para o agricultor por várias razões. O javali causa danos significativos em diversas culturas, como milho, soja, arroz, cana-de-açúcar e pastagens.
Eles revolvem o solo, pisoteiam plantações e consomem os produtos agrícolas. Além disso, destroem cercas, sistemas de irrigação e bebedouros.
Um aspecto preocupante é o potencial de transmissão de doenças. Os javalis podem ser vetores de enfermidades que afetam rebanhos domésticos, como suínos e bovinos, e até mesmo humanos. Eles também competem por alimento e espaço com animais nativos e com o gado.
Por outro lado, o cateto e o queixada têm um papel importante na dispersão de sementes e no controle de insetos, contribuindo para o equilíbrio ecológico. O manejo do cateto e do queixada deve focar na coexistência e proteção, não no controle predatório.
O que a lei diz sobre o controle do javali e a proteção do cateto e queixada

A legislação brasileira trata de forma distinta o javali e as espécies nativas. O javali, como espécie exótica invasora, tem seu controle populacional autorizado pelo Ibama através de normativas específicas. Para realizar esse controle, é necessário obter autorização e registro como controlador.
O governo de São Paulo definiu, recentemente, novas diretrizes para o controle e erradicação do javali no estado. Mesmo assim, os produtores rurais demonstraram dúvidas em entrevistas ao Agro Estadão.
Em contrapartida, o cateto e o queixada são animais silvestres nativos, protegidos por lei. Caçar, perseguir, apanhar ou matar esses animais é considerado crime ambiental, sujeito a penalidades severas.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
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