Economia
Conab mantém estimativa de safra acima de 322 milhões de toneladas de grãos
Produção de soja deve somar 166,3 milhões de toneladas; trigo é a única cultura com estimativa de recuo
Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
14/01/2025 - 10:15

A expectativa de uma safra recorde no ano agrícola 2024/2025 se manteve nas projeções do 4º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25 realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com os dados apresentados nesta terça-feira, 14, o Brasil deve colher 322,3 milhões de toneladas de grãos, o que é 8,2% a mais do que na safra anterior.
Segundo a Conab, um dos motivos para essa expansão da produção é a área plantada, que deve ser de 81,4 milhões de hectares, representando 1,8% de crescimento na comparação com a safra 2023/2024. Além disso, o clima favorável monitorado durante o desenvolvimento dos cultivos tem ajudado a manter o otimismo com a safra. Confira as expectativas para as principais culturas.
Soja – A produção da oleaginosa deve ficar na casa dos 166,33 milhões de toneladas, ficando 12,6% a mais do na safra anterior. Se confirmada, será uma safra recorde. Quanto à produtividade, a Conab projeta que um crescimento de 9,6%, saindo de 3.201 quilos por hectare para 3.509 quilos por hectare. Também é observado um incremento de 2,7% na área, chegando a 47,4 milhões de hectares. De acordo com a Conab, a colheita deve acontecer em grande maioria a partir do final de janeiro, pois teve uma semeadura concentrada na etapa final de outubro.
Milho – os agricultores devem colher 119,6 milhões de toneladas na atual safra, o que é 3,3% acima da colheita anterior. A estimativa para as três safras de milho é de um aumento da produtividade em 3,8%, projetado em 5.703 quilos por hectare. A área de plantio deve ficar em 20,9 milhões de hectares (-0,4%). No milho primeira safra, há um recuo de 6,4% na área semeada (3,7 mil hectares), devido a opção dos produtores de cultivar outras culturas, principalmente a soja. “É um movimento que vem acontecendo safra após safra”, destacou o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Fabiano Vasconcellos.
Arroz – Com um crescimento previsto de 13,2%, a safra de arroz pode chegar a 11,9 milhões de toneladas. Um dos motivos dessa alta na produção é uma alta na área plantada, estimada em 1,74 milhão de hectares (+8,5%). Dessa área, a semeadura já ultrapassa 90%. Segundo os analistas da Conab, houve um incremento tanto no plantio sequeiro como no irrigado. Houve também um aumento da produtividade em 4,3%, chegando a 6.869 quilos por hectare. “Quando a gente olha estado a estado, principalmente na região Nordeste e Centro-Oeste, lavouras em sequeiro vem ganhando espaço em relação a outras culturas”, afirmou o gerente.
Algodão – O órgão não prevê um aumento na produção de algodão, ficando em 3,69 milhões de toneladas, mesmo com uma área plantada 3,2% maior, ficando em 2 milhões de hectares. Um dos motivos para essa estabilidade, apesar da expansão da área semeada, é uma perda de produtividade, que caiu 3,1%, estimada em 1.845 quilos por hectare.
Feijão – A estimativa é de crescimento de 4,9%, projetando uma safra que pode chegar a 3,4 milhões de toneladas, segunda maior safra dos últimos 15 anos. Produtividade deve ser de 1.170 quilos por hectare (+3,1%), com uma expansão de 1,7% da área semeada (2,9 milhões de hectares). Destaque para a primeira safra do feijão, que pode crescer 15,5%. Ainda conforme a Conab, a colheita dessa primeira etapa está em andamento e até a primeira semana de janeiro tinha 19,4% já concluída.
Trigo – O cereal teve um recuo de 2,6% na produção na safra 2024. Os dados trazem já o fim da colheita que ocorreu em dezembro do ano passado e com um volume consolidado em 7,89 milhões de toneladas. Apesar do aumento da produtividade (+10,6%), indo a 2.579 quilos por hectare, a área plantada sofreu uma redução de 11,9% (3 milhões de hectares). “Em relação às condições climáticas, elas foram bem desfavoráveis para o trigo, com exceção de Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, explicou Vasconcellos.
Conab projeta exportações equilibradas
Com uma safra recorde, as exportações projetadas para o ciclo também devem ter um incremento, principalmente para a soja. As vendas do grão devem passar de 98,6 milhões para 105,4 milhões. Já o farelo deve ficar na casa 22 milhões de toneladas e o óleo em 1,4 milhões de toneladas, parecido com o feito no ciclo 2023/2024.
As exportações do milho podem recuar, com uma projeção de que uma parcela maior da produção fique no mercado interno. Na safra 2023/2024, a Conab estima 38,5 milhões de toneladas comercializadas no mercado externo. Para o atual ciclo, a estimativa é 34 milhões de toneladas. O consumo interno ficou em 83,57 milhões de toneladas e a expectativa é de que chegue a 86,4 milhões de toneladas. O estoque final projetado é de 3,5 milhões de toneladas, superior aos 2,5 milhões da safra anterior.
Com preços nacionais mais valorizados do que os internacionais na maior parte do tempo, além de uma produção brasileira menor e uma recuperação estadunidense, o arroz da safra 2023/2024 deve registrar 1,5 milhões de toneladas. Para a safra 2024/2025, essas exportações devem aumentar, chegando a 2 milhões de toneladas, principalmente, devido a maior produção e um arrefecimento dos preços.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Brasil deve registrar recorde histórico na exportação de gado vivo em 2025
2
Arábia Saudita quer aumentar em 10 vezes sua produção de café
3
Adoçado com engano: apicultores denunciam uso de ‘falso mel’ na indústria alimentícia
4
Oferta de etanol cresce mais rápido que consumo e acende alerta no setor
5
Soja brasileira será brutalmente atingida pelo acordo entre EUA e China?
6
Frigorífico Zimmer pede recuperação judicial com dívidas de R$ 75 milhões
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Economia
Produtor do Brasil é o Ayrton Senna da agricultura mundial, diz especialista
Debatedores esboçaram, durante o Estadão Summit Agro 2025, em São Paulo, suas visões em relação ao futuro do agronegócio
Economia
Em crise histórica, Cotribá busca proteção judicial para evitar colapso financeiro
Com dívidas que ultrapassam R$ 1 bilhão, cooperativa centenária tenta ganhar tempo para reorganizar operações e negociar com credores
Economia
Futuro do agro passa por Seguro Rural e pagamento por serviços ambientais, avalia SRB
No Estadão Summit Agro 2025, presidente da Sociedade Rural Brasileira avaliou questões geopolíticas, como as tarifas dos EUA e o acordo Mercosul-UE
Economia
COP 30 superou o temor de ser um tribunal de acusações contra o agro
Estadão Summit Agro debate nesta quinta-feira, 27, em São Paulo, sustentabilidade, relações comerciais e desafios do agronegócio brasileiro
Economia
China cancela compra de soja de 5 empresas brasileiras
A detecção de resíduos de pesticidas em um carregamento de 69 mil toneladas do grão teria sido o motivo da suspensão temporária
Economia
Estadão Summit Agro 2025 vai debater as principais tendências e desafios para o setor
Evento reúne especialistas nesta quinta-feira, 27, para discutir o legado do agro depois da COP 30, oportunidades com o acordo Mercosul-UE e o uso de IA
Economia
Parlamento Europeu aprova adiamento da lei antidesmatamento
Texto final ainda precisa ser publicado no Jornal Oficial da UE até o fim de 2025 para que o adiamento entre em vigor; veja o que muda
Economia
Justiça homologa plano de recuperação do Grupo Lavoro
Credores serão divididos em dois grupos com condições diferentes de pagamento; decisão ainda cabe recurso