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Economia

Carne bovina: China segue líder nas importações, mas novas plantas devem vir só em 2026

Em abril, país asiático comprou 107,8 mil toneladas de carne bovina do Brasil, volume 10% superior a março

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

08/05/2025 - 17:27

Foto: Adobe Stock
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As exportações brasileiras de carne bovina seguem em trajetória de alta, impulsionadas sobretudo pela demanda da China, principal destino do produto. No mês passado, o país asiático respondeu por 39,4% do volume total embarcado, com 107,8 mil toneladas adquiridas — 10% a mais frente a março de 2025 e 6% superior a abril de 2024. Em receita, o volume gerou US$ 530 milhões. 

Segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior, compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), no total, o Brasil exportou 273,4 mil toneladas de carne bovina em abril — uma alta de 10,2% em volume e 13,1% em receita em relação a março de 2025. Frente a abril de 2024, o crescimento foi ainda mais expressivo: 15,3% em volume e 27,6% em valor, com US$ 1,33 bilhão faturados.

Novas habilitações de plantas para a China devem ficar para 2026

Apesar do bom momento nas exportações e da missão do governo brasileiro para a China na próxima semana, novas habilitações de frigoríficos para exportar carne bovina ao país asiático não devem acontecer. 

Segundo o presidente da Abiec, Roberto Perosa, a expectativa é que esse processo só seja retomado no fim deste ano ou no primeiro semestre de 2026, após um período de revisão de protocolos sanitários e da conclusão do processo de salvaguarda imposto pelas autoridades chinesas sobre a carne bovina importada de todos os países. 

Durante coletiva de imprensa da associação nesta quinta-feira, 8, Perosa explicou que esse cenário já era esperado. “A China tem uma cultura de estabelecer anos. No ano passado, houve muitas habilitações de plantas para a China, 38 habilitações de uma só vez. E, neste ano, os chineses disseram que o foco seria mais voltado a frango e suínos, com dedicação à análise de mais plantas nesse sentido”, disse. 

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O dirigente salientou, ainda, que, das 28 plantas cujos pedidos de habilitação foram analisados recentemente pela China, todas tiveram documentação devolvida para ajustes. Segundo ele, as empresas estão reformulando os documentos e preparam o reenvio para avaliação futura.

As análises, entretanto, devem ser retomadas somente no último trimestre deste ano. “O processo [de salvaguarda] deve terminar em setembro. Eventualmente, pode ser antecipado por algum fato político, mas o curso natural da coisa é que, no primeiro semestre do ano que vem, a gente tenha retomadas as habilitações de plantas”, destacou.  

Plantas suspensas

Depois de suspender temporariamente três plantas frigoríficas exportadoras há cerca de dois meses, a China ainda não liberou a retomada dos envios de carne bovina ao país. De acordo com o presidente da Abiec, as empresas já tomaram as providências necessárias e enviaram os documentos ao Ministério da Agricultura, que, por sua vez, encaminhou os dados ao governo chinês. 

Agora, aguarda-se a decisão oficial de Pequim sobre a retomada das atividades exportadoras dessas unidades. Entre as plantas suspensas, estão uma unidade da JBS e outra do Frisa, associadas da Abiec. “Isso [a suspensão] é uma coisa que acontece, porque nós temos tantas plantas habilitadas, e sempre tem um problema ou outro. Mas a gente está acompanhando para que possamos ajudá-los a fazer esse levantamento da suspensão o mais breve possível”, salientou. 

Intensificando a presença na China

Em meio a esse cenário, a Abiec anunciou a inauguração de um escritório em Pequim, em parceria com a Associação Brasileira de Proteína Animal e com o apoio da ApexBrasil. Localizada próximo à Embaixada do Brasil na capital chinesa, a unidade segue os planos de internacionalização da Abiec, antecipados no final de 2024 ao Agro Estadão.

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O novo espaço funcionará como um centro de apoio técnico e institucional para as indústrias exportadoras, com foco em temas regulatórios, sanitários e de sustentabilidade. Durante a missão do governo brasileiro à China, prevista para a próxima semana, o escritório será formalmente inaugurado, com visitas também às cidades de Nanjing e Hangzhou, no interior do país. “Esse escritório vai dar apoio técnico, apoio logístico aos nossos associados e defender a carne brasileira no seu mercado externo mais importante hoje, que é a China”, pontuou Perosa. 

Além da China, carnes brasileiras ganham mais espaço nos EUA

O crescimento das exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos também chama atenção. O país norte-americano foi o segundo maior destino da carne bovina brasileira em abril, com 47,8 mil toneladas embarcadas – aumento de 13,6% em relação a março e 498% em relação a abril de 2024. O avanço expressivo ocorreu mesmo com após o “tarifaço de Trump”, que elevou em 10% a tarifa sobre o produto brasileiro. 

Segundo a Abiec, o produto brasileiro segue competitivo, uma vez que, nos EUA, o consumo de hambúrguer é cultural, mantendo uma demanda elevada por carne de dianteiro — matéria-prima exportada pelo Brasil e essencial para a indústria de processados. “Quando você não tem carne, é preciso buscar socorro de quem tem. E hoje, no mundo, é o Brasil quem tem [carne], com um preço competitivo. Então, os Estados Unidos estão buscando socorro no Brasil. […] A perspectiva é que isso não mudará em médio prazo”, ressaltou. 

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