Agroconsult revisa safra de soja 23/24 para 156,2 milhões de toneladas 

A Agroconsult apresentou uma nova projeção para a safra de 2023/2024 no Brasil. De acordo com a consultoria, o país irá colher 156,2 milhões de toneladas de soja, um incremento de 2,9% em relação à análise anterior, ou seja, 1,8 milhões de toneladas a mais. Pela análise, o resultado se deve a dois principais pontos: aumento da produtividade em algumas regiões e da área plantada de lavouras.

No Brasil, a média de produtividade está estimada em 56,2 sacas por hectare – redução de -6,5%. É um resultado melhor, já que a consultoria chegou a projetar 55,5 sacas/ha em fevereiro, no auge das consequências do clima nas lavouras. 

“A nova revisão – positiva – se deve aos ajustes de projeção feitos no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia. E na contramão, vieram Paraná e Mato Grosso do Sul, puxando um pouco as produtividades para baixo”, explicou o analista André Debastiani. 

Rio Grande do Sul é o único com crescimento de produtividade na soja; Bahia tem a melhor média

O Rio Grande do Sul aparece como o único estado com aumento na produtividade: +55,2%, o que resulta em uma média de 57,5 sacas por hectare. Debastiani afirma que é preciso lembrar que o estado vem de duas safras praticamente perdidas – 2023 e 2022 – quando a produtividade ficou em 36 sacas/ha e 22 sacas/ha, respectivamente.

“Ficou claramente a impressão de que há condição de melhorar essa média, pois ainda há muito o que colher [75%]. É claro que existe a preocupação com a ferrugem, mas os produtores já estão na quinta aplicação e, se precisarem, farão a sexta para controlar a doença”, avalia o analista.

A maior produtividade do Brasil está na Bahia, com média de 68 sacas/ha, mesmo com a queda de 4,8% em relação à safra anterior, diz a análise da Agroconsult. O estado também tem o maior crescimento de área de plantio de soja, cerca de +15%.

Porém, se no sul do país a ferrugem preocupa, no norte e nordeste é a mosca branca que ameaça as lavouras.  “A infestação de mosca branca está gigantesca na Bahia. E como ainda falta muita área para colher [40%], a mosca branca vai atrapalhar e tirar o peso do grão”, avalia André Debastiani.

Minas Gerais tem a segunda maior produtividade, mesmo com redução de -2,9%. As análises indicam que os sojicultores irão colher 63,4 sacas/ha. 

“Conforme o plantio da soja foi atrasando em Minas Gerais, as lavouras foram empurradas para uma janela que acabou sendo mais benéfica. A queda de produtividade está menor”, explica o analista. 

Paraná e Mato Grosso do Sul são destaques negativos na avaliação da Agroconsult

Entre os resultados negativos, o analista da Agroconsult destaca Mato Grosso do Sul e Paraná. No Paraná, a média de produtividade da soja está em 56,1 sacas/ha, queda de 15,1%; já no Mato Grosso do Sul, a queda é de 20% e o resultado está estimado em 51 sacas/ha.

“A gente já conhecia as condições muito ruins das lavouras no norte e oeste do Paraná, que tiveram o ciclo encurtado pela seca. Na região central, as condições climáticas não foram suficientes para compensar a queda das outras regiões e, mesmo lavouras em pivô foram prejudicadas devido às temperaturas muito elevadas”, considerou André Debastiani.

Aumento na produção também é impacto do crescimento de área de plantio

Durante a divulgação dos resultados, nesta quarta-feira, 27, a Agroconsult apresentou uma maior projeção de área de plantio de soja. Pela análise da consultoria, o Brasil terá 46,4 milhões de hectares de lavouras – 1,2 milhão de ha a mais que a estimativa oficial realizada pela Companhia  Nacional de Abastecimento (Conab), que é de 45,2 milhão de hectares. 

“É importante chamar atenção para esse aspecto, porque houve muitas divergências sobre o impacto do clima na produção. Mas a surpresa boa [de projeção de aumento da produção] não vem só de uma avaliação de produtividade mais alta em função da melhora no clima, mas também dessa mais apurada avaliação da área plantada”, comenta o presidente da Agroconsult, André Pessoa.

Ele explica que na metodologia usada pela consultoria, as imagens de satélite são interpretadas com uso de algoritmos. “Isso já estava sendo feito em alguns estados no ano passado e, neste ano, ampliamos para todo o país. O fato é que é uma distinção entre uma forma antiga de fazer a apuração da área e uma forma nova”, conclui Pessoa. 

A projeção da Agroconsult para a safra de soja no país é feita a partir do Rally da Safra, em que técnicos percorreram 13 estados para avaliar as condições das lavouras (MT, RO, GO, MG, MS, PR, SC, SP, RS, MA, PI, TO e BA). A  partir de  maio, a avaliação será nas lavouras de milho segunda safra. Segundo a Agroconsult, as regiões visitadas respondem por 97% da área de produção de soja e 72% da área de milho.

Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter

Instagram

Twitter

Facebook

Whatsapp

Telegram

Google News

Nossa Newsletter