Economia
Área de arroz pode reduzir na safra 2024/2025 como consequência das enchentes de maio no RS
Federarroz também estima aumento médio de 5% no custo de produção e critica preço estipulado nos leilões de arroz da Conab
Fernanda Farias | Porto Alegre | fernanda.farias@estadao.com
11/12/2024 - 13:49
A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul estima que parte dos 40 mil hectares que ainda não foram semeados com arroz na região Central do estado não será mais plantada. A região foi a mais afetada pelo desastre climático de maio deste ano, quando mais de 200 mil propriedades rurais foram atingidas no RS.
“Estimamos que a área projetada ficará um pouco abaixo porque já saímos da melhor época de plantio, que encerra em novembro”, afirma o presidente da Federarroz Alexandre Velho.
Ao Agro Estadão, ele complementa que as condições de clima neste final de ano também contribuem para o atraso no manejo das lavouras. Segundo ele, os processos de pós-plantio estão atrasados, especialmente no sul do estado, o que pode impactar a produtividade.
“O pós-plantio tem que fazer controle de plantas invasoras, aplicar ureia para depois entrar com irrigação. Esse atraso pode trazer uma expectativa de produtividade menor. O resultado vai depender muito do verão e da incidência solar”, afirma. Hoje, a média de produtividade do arroz é de 8,5 mil quilos por hectare.
Nesta semana, o Rio Grande do Sul atingiu 95,04% da área total semeada, o equivalente a 901,3 mil hectares, de acordo com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). A região central do estado está com 68,87% da área plantada – 86,6 mil hectares de um total de 125,8 mil hectares projetados.
O gerente da Extensão Rural (Dater) do Irga, Luiz Fernando Siqueira, destaca que essa região é bastante relevante do ponto de vista social, pois concentra 46,47% dos produtores de arroz do estado. “Já em termos de área e de produtividade, essa região não representa tanto no RS: mais ou menos 13%”, acrescenta.
Custos de produção
A Federarroz também estima aumento no custo total de produção da cultura nesta safra, que em média, varia de R$ 12 mil a R$ 16 mil por hectare. É que os agricultores precisaram investir na recuperação das estruturas, como solo e armazéns.
“Muitas áreas com problemas de erosão, canais de irrigação e de drenagem estão sendo feitos. O produtor está tendo custos a mais que não estavam previstos e isso deve trazer um leve aumento de pelo menos 5%”, explica o presidente da entidade.
Leilões de arroz
O governo federal realiza nesta semana a segunda rodada de leilões para comprar arroz por meio de Contratos de Opção de Venda. Na primeira, das 500 mil toneladas projetadas para compra, 18 mil toneladas foram negociadas, o equivalente a 3,6% do total.
O presidente da Federarroz avalia que o resultado pode se repetir nos próximos seis leilões, porque o preço sugerido de R$ 87 para agosto de 2025 não é atraente para o produtor, já que fica abaixo do custo de produção. “Estou em plena entressafra sinalizando um preço que não serve aos produtores. Se o governo lança a R$ 100, seria válido, porque traria uma referência para o mercado e pagaria o custo de produção”, diz Alexandre Velho.
Velho ainda reflete que o objetivo dos leilões de estimular a produção do cereal no país não será alcançado. “Ao contrário do que o governo imaginou, de que garantiria um preço razoável e iria aumentar a área de cultivo, pode surtir o efeito contrário – diminuir o interesse do produtor em função da baixa rentabilidade”, afirma Velho.
Reflexos dos leilões
A expectativa com os leilões de opção de venda está refletindo nas negociações do cereal, segundo pesquisadores do Cepea. Com isso, os preços do arroz em casca no RS estão estáveis e a saca de 50 kg fechou em R$ 100,39 nesta terça-feira, 10, no indicador Cepea/Irga.
Dados do Secex analisados pelo Cepea indicam que as compras brasileiras de arroz em casa se limitaram a 74,76 mil toneladas, queda de 38,1% em relação ao mês anterior. Essa também é a menor quantidade adquirida desde fevereiro de 2022.
As exportações também caíram em novembro de 2024 para 111,79 mil toneladas, redução de 8,98% no comparativo mensal e de 20,1% sobre o mesmo período de 2023. Segundo o Cepea, trata-se do menor volume embarcado desde junho de 2024.
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