Por que o preço da soja não aumenta com produtividades menores no Brasil? | Agro Estadão
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Marcos Fava Neves

Especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio

Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão

Opinião

Por que o preço da soja não aumenta com produtividades menores no Brasil?

Conab reduziu em 2,5 mi de t a estimativa de produção neste mês, para 146,9 mi de t, 5,0% a menos (ou -7,7 mi de t) na comparação com 2022/23

06/04/2024 - 12:26

Foto: Adobe Stock
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No 6º levantamento para a temporada 2023/24, a expectativa de produção da safra brasileira de grãos foi reduzida, mais uma vez, pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A projeção está agora em 295,6 mi de t, 3,8 milhões de t a menos do que o levantamento passado; e 7,6% menor ou 24,2 mi de t abaixo do registrado no ciclo anterior (319,8 mi de t). A área plantada está estimada agora em 78,1 milhões de hectares, 200 mil ha a menos em um mês; ou 450 mil hectares a menos do que 2022/23 (- 0,5%).

O relatório de março/2024 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu em 2,3 milhões de t a oferta do milho em 2023/24: está agora em 1,230 bi de t. Mesmo com o ajuste, o volume deve ser 6,2% (ou 72,7 milhões de t) superior ao do ciclo passado, o que justifica a manutenção nos preços do grão. Para as lavouras ainda em andamento, o USDA estima que o Brasil deve ofertar 124,0 mi de t, o mesmo valor do relatório passado (-9,5% ou -13,0 mi de t na comparação com 2022/23). Na Argentina, o órgão ampliou em 1 mi de t a oferta neste mês, passando para 56,0 mi de t (+55,5% ou + 20,0 mi de t). Com isso, os estoques do cereal devem fechar em 319,6 mi de t, 5,9% maiores do que a última temporada ou 18,0 mi de t adicionais.

Enquanto o USDA fala em 124,0 mi de t, a estimativa mais recente da Conab indica uma produção de 112,7 mi de t do grão, quase 1,0 mi de t a menos do que previa no último relatório (fevereiro). Se confirmada, essa produção será 14,5% inferior à do ciclo passado; ou 19,1 mi de t a menos. Do total produzido, 23,4 mi de t serão provenientes da 1ª safra (18,9%), 87,3 mi de t da 2ª safra (77,4%) e 2,0 mi de t da 3ª safra (3,0%). A área de milho deve cair 8,6% (ou -1,9 mi de ha), ficando em torno de 20,4 mi de ha.

Já na soja, o relatório global (março) do USDA estimou a produção global de soja em 396,9 mi de t, 1,3 mi de t a menos do que no relatório passado. Ainda assim, a produção em 2023/24 deve ser 5,0% superior; ou 18,9 mi de t adicionais. No Brasil, o USDA reduziu em 1,0 mi de t a previsão de oferta, em vista dos impactos do clima na produtividade da cultura: a estimativa atual é de 155,0 mi de t, 4,3% a menos (ou -7,0 mi de t) do que em 2022/23. Na Argentina, o órgão manteve a estimativa em 50,0 mi de t, simplesmente o dobro do que o país produziu no ano passado (+100,0% ou +25,0 mi de t). Ao final de 2023/24, os estoques globais devem ficar em 114,3 mi de t, 11,9% superiores (+12,2 mi de t) que o último ciclo. No Brasil, a Conab reduziu em 2,5 mi de t a estimativa de produção neste mês, para 146,9 mi de t, 5,0% a menos (ou -7,7 mi de t) na comparação com 2022/23. 

A área plantada de soja em 2023/24 foi estimada em 45,2 mi de ha, simplesmente 1,1 mi de ha a mais em um ano (+ 2,5%), mesmo com o desincentivo de preços o plantio cresceu. Em 2018/19 o Brasil plantava 35,9 mi ha e colhia 120 milhões de toneladas. Ou seja, houve um aumento de 9,3 milhões de hectares em cinco anos, cerca de 1,8 milhão por ano e estamos entregando cerca de 150 milhões de toneladas. Aí está o motivo do preço não aumentar com a produtividade menor do Brasil. Nosso “tapete produtivo” é muito maior. 

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