PUBLICIDADE

Agropolítica

“Plano Safra foi um balde de água fria”, afirma FAEP

Entidades criticam taxas de juros altas, crédito abaixo do considerado necessário e pouco recurso para o seguro rural no Plano Safra 2024/2025

Nome Colunistas

Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com

04/07/2024 - 15:53

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

O tímido aumento no volume de recursos em relação à safra passada e a manutenção das taxas de juros na maioria das linhas de crédito ainda não foram digeridos pela maior parte do setor produtivo que esperava mais do Plano Safra 2024/2025. 

“Insuficiente” é o adjetivo mais usado pelas fontes ouvidas pelo Agro Estadão desde o anúncio das medidas, nesta quarta-feira, 03, em Brasília. Em nota, a Sociedade Rural Brasileira destaca que o setor agropecuário brasileiro representa mais de 25% do PIB do país e precisa de segurança e previsibilidade.

“O montante financeiro ficou acima dos anos anteriores, mas consideravelmente abaixo do indicado pelo setor produtivo”, afirma a SRB, que indicou ao governo um volume necessário entre R$ 500 bi e 570 bi. Para pequenos, médios e grandes agricultores, foram destinados R$ 476 bilhões, (na safra 23/24 foram R$ 338 bilhões). 

Na avaliação da Aprosoja Brasil, que reúne as associações de produtores de soja estaduais, o governo não está contribuindo para balizar o custo do dinheiro para os produtores rurais, já que a maior parte dos recursos anunciados não tem equalização das taxas de juros.

 “O ano de 2024 está sendo bastante desafiador e, infelizmente, o governo não está ajudando em nada o setor”, diz Maurício Buffon, o presidente da entidade em nota. O presidente da Aprosoja do Pará ameniza a crítica: “embora o governo federal tenha feito um esforço gigante para atender o agro brasileiro, ele não nos atende completamente”, diz Vanderlei Ataídes.

PUBLICIDADE

Produtores precisam driblar as taxas de juros 

Uma das principais entidades representativas do setor, a Federação da Agricultura do Paraná (FAEP) diz que o Plano Safra “jogou um balde de água fria nas expectativas do setor produtivo”. Segundo a entidade, as taxas de juros preocupam porque estão diretamente ligadas ao montante reservado para a equalização.

O governo federal destinou R$ 16,7 bilhões, contra um volume acima dos R$ 20 bilhões pretendido pelo setor. E do volume anunciado, a maior parte fica com a agricultura familiar, R$ 10,4 bilhões. 

“Havíamos solicitado que a taxa máxima fosse de 9% para algumas linhas de investimento, aquelas que têm maior prazo para pagamento. As taxas acima de dois dígitos não incentivam que o produtor faça novos investimentos”, afirma em nota Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR.

O presidente da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), José Guilherme Nogueira, também reclama das taxas de juros anunciadas. “Não só a cana, mas os outros setores também, trabalhar com 11,5% ou 12% de juros é uma taxa muito alta, é complicado. Para você ter uma remuneração para pagar esses juros, claro que impacta até o consumidor”, analisa. Nogueira diz que “esperava um pouco mais, até pela pujança do agronegócio”. 

Setor esperava mais recursos para seguro rural, inclusive para 2024

Tema bastante esperado pelos produtores rurais, o seguro rural não foi contemplado no anúncio do Plano Safra 204/2025, conforme o Agro Estadão havia adiantado. Foram destinados R$ 210 milhões como recurso extra para o Rio Grande do Sul, estado que ainda sofre as consequências dos alagamentos e enchentes de maio.

PUBLICIDADE

“O volume necessário é R$ 3 bilhões para este ano e R$ 4 bilhões para o ano que vem. Então com esse anúncio, vamos chegar a R$ 1,1 bi, que não vai atender. O produtor vai seguir exposto, tendo que discutir negociação, sofrendo maior restrição na tomada de crédito”, avalia Bruno Luchi, diretor-técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A Federação da Agricultura de Minas Gerais (FAEMG) também esperava maior foco no seguro rural. “Com mais recursos ainda para 2024, em função das adversidades enfrentadas pelos produtores e das alterações recentes no Proagro, que também não foram favoráveis”, afirma Antônio de Salvo, presidente da FAEMG.

Pouco dinheiro para armazenagem 

O presidente da FAEMG destaca ainda que entre os pedidos do Sistema FAEMG/Senar ao governo federal, estava priorizar recursos para linha de custeio e algumas linhas de investimento, como PCA (Programa para Construção de Armazenagem), Inovagro (Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica) e Pronamp (programa de crédito destinado ao médio produtor rural). “Justamente as linhas que tiveram redução de recursos”, diz Salvo. 

A Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) também lamenta a quantidade de recursos disponibilizados para investir em armazenagem. O presidente da entidade, Paulo Bertolini, diz que foram solicitados R$ 15 bilhões, o dobro do que está sendo ofertado. Com isso, a expectativa do setor é aumento do déficit de armazenagem do país, que hoje está em 120 milhões de toneladas. 

“Cresce 5 milhões de toneladas a cada ano, justamente por falta de investimento, por falta de financiamento, portanto a nossa expectativa é que continue crescendo em função de não termos recursos suficientes”, enfatiza Bertolini.

Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Mapa publica ZARC para a cultura da mamona

Agropolítica

Mapa publica ZARC para a cultura da mamona

Resistente à seca, planta é uma alternativa para diferentes regiões é valorizada, principalmente, por conter alto teor de óleo

Autocontrole: decreto regulamenta processos administrativos em casos de infrações de empresas

Agropolítica

Autocontrole: decreto regulamenta processos administrativos em casos de infrações de empresas

Regramento traz a possibilidade de recorrer a mais de uma instância ou converter a penalidade em um Temo de Ajustamento de Conduta

Taxação das LCAs: entidades do agro repudiam MP do governo federal  

Agropolítica

Taxação das LCAs: entidades do agro repudiam MP do governo federal  

Federações da Agricultura e Pecuária afirmam que irão trabalhar para que deputados e senadores barrem a medida

Há maneiras de compensar o fim da isenção para títulos, afirma Haddad

Agropolítica

Há maneiras de compensar o fim da isenção para títulos, afirma Haddad

Ministro disse ainda que agro mudará de opinião sobre medidas se aceitar reunião com Fazenda

PUBLICIDADE

Agropolítica

Setor de arroz acredita em redução de área no próximo ano

Governo se comprometeu a encontrar alternativa para ajudar produtores, que veem preços estarem próximos do mínimo

Agropolítica

Haddad diz que agro está sendo patrocinado pelo governo e cita orgulho do setor

Declaração foi feita durante audiência pública das comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara

Agropolítica

Mapa busca apoio do Banco Central para linhas de custeio dolarizadas

Ministro da Agricultura também vai debater reformulação do Proagro 

Agropolítica

Presidente da Câmara prevê "reação muito ruim" para medidas da Fazenda

Enquanto isso, ministro Fávaro volta a defender taxação das LCAs

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.