Agropolítica
Milho: setor cobra plano safra “agressivo” e mais recursos para armazenagem
“Ter 11 bilhões de subvenção para o seguro é muito pouco para o tamanho da agropecuária”, critica novo presidente da Abramilho
3 minutos de leitura 08/05/2024 - 15:54
Por: Sabrina Nascimento | Atualizada às 10h47 do dia 09/05/2024
Com o andamento das negociações do plano safra 2024/25, a Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo cobra do Governo Federal um volume maior de recursos, atenção especial à armazenagem e também à subvenção do seguro rural.
“Nós precisamos tornar o seguro rural uma coisa mais robusta no Brasil, condizente com o tamanho e a necessidade da agropecuária brasileira”, afirmou Paulo Bertolini, presidente da Abramilho, durante a realização do Congresso da Associação, nesta quarta-feira, 08, em Brasília.
“Ter 11 bilhões de subvenção é muito pouco para o tamanho que a agropecuária está hoje. Trazer isso para o orçamento federal, acho que é um ponto primordial, tanto o plano safra, como a questão do seguro agrícola”, enfatizou Bertolini.
O novo dirigente da Abramilho, que tomou posse nesta quarta, 08, também criticou o déficit de armazenagem no Brasil e os prejuízos “ao longo da cadeia”, além da “insegurança alimentar” que isso gera.
Segundo Bertolini, atualmente, o país tem cerca de 16% da capacidade de armazenamento dentro das fazendas, enquanto os Estados Unidos, principal concorrente brasileiro no mercado de milho, atinge 66%. “O milho é carente na questão logística, precisa de um pós-colheita eficiente. Isso demanda investimento em armazenamento e infraestrutura”, destacou.
Com os investimentos adequados à cadeia de milho, a expectativa é o aumento de produção nos próximos anos para atender a demanda mundial crescente. “O Brasil tem um potencial enorme e é realmente um futuro celeiro, principalmente, na questão de exportação. Tem muitos países que dependem do milho brasileiro”, disse Glauber Silveira, diretor-executivo da Abramilho.
Problemas orçamentários
Durante painel no Congresso da Abramilho, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, afirmou que é necessária uma “recomposição do orçamento” do Mapa para que haja recursos suficientes para o setor.
“Acho que R$ 5 bilhões é muito pouco e se passar isso para R$ 12bi nós vamos fazer um plano safra robusto. E isso não é gasto, isso é investimento na veia que dá retorno de imediato”, afirmou. “Não dá para aceitar o setor que sustenta a economia do Brasil, que faz a geração de emprego, que traz tantos dividendos, não ter recursos para fazer investimento”, disse.
De acordo com o secretário, agora é o momento de deixar de lado qualquer “ranço ideológico” e levar a pauta orçamentária para debate no Congresso Nacional. “Nós não vamos continuar a crescer se não repormos o orçamento do Ministério da Agricultura”, completou.
Ajuda ao Rio Grande do Sul
O secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, participou do Congresso da Abramilho e comentou as medidas de socorro à agropecuária do Rio Grande do Sul estudadas pelo governo.
“Estamos trabalhando a possibilidade de fazer a suspensão das dívidas dos produtores e também estamos trabalhando outras linhas para ajudar a amenizar nesse momento para que o produtor não vá para a inadimplência e depois sim, fazer um trabalho forte de reconstrução”, afirmou o secretário.
A resiliência dos agricultores gaúchos foi lembrada em vários momentos durante o Congresso da Abramilho. O presidente da Associação disse que a evolução do setor é resultado do trabalho dos produtores do RS, que saíram pelo país desbravando novas fronteiras agrícolas. “Foi a coragem desses produtores, a resiliência, o amor pela terra, pela atividade e que fez possível o Brasil agrícola de hoje chegar no patamar que estamos”, afirmou.
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