Agropolítica
Lula anuncia assinatura de 10 acordos de cooperação com o Japão
Em discurso, presidente destacou crescimento econômico do Brasil e convidou empresários japoneses a expandirem seus negócios em terras brasileiras

Redação Agro Estadão | Atualizada às 11h14
26/03/2025 - 10:40

Durante o discurso de encerramento do Fórum Empresarial Brasil — Japão, em Tóquio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a assinatura de dez acordos de cooperação entre os dois países, além de quase 80 instrumentos entre empresas, bancos, universidades e outras instituições. O presidente também ressaltou o crescimento econômico do Brasil acima das projeções, defendeu a previsibilidade para investidores e convidou empresários japoneses a expandirem seus negócios no país.
“Eu posso garantir ao primeiro-ministro Ishiba que nós iremos crescer mais em 2025, porque eu acho que o Brasil precisa sair do hall dos países em vias de desenvolvimento e se transformar num país, finalmente, desenvolvido”, afirmou o presidente.
Mais tarde, em reunião bilateral com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, Lula disse à imprensa que ficou acertado que os chefes de Estado se visitarão a cada dois anos, para estreitar ainda mais os laços entre os países.
O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, também deixou clara a intenção de fortalecer as relações comerciais de seu país com o Mercosul e de atuar em temas ligados ao meio ambiente e ao combate às mudanças climáticas. Ele ressaltou a intenção de aumentar o uso de biocombustíveis que aceleram a descarbonização no setor automotivo, colaborar na recuperação de terras degradadas no Brasil e trabalhar para facilitar o acesso da carne bovina brasileira ao mercado japonês.
“A relação econômica, comercial e de investimentos entre Japão e Brasil possui um grande potencial. Até hoje, os dois países têm construído um relacionamento benéfico com base na complementaridade mútua. Hoje, os dois países se tornaram parceiros globais e estratégicos, que compartilham valores e princípios e trabalham juntos no cenário Internacional”, declarou Ishiba à imprensa.
Ambiente favorável para investimento
Ainda durante o discurso de Lula no Fórum Empresarial, o líder brasileiro destacou a aprovação da reforma tributária com o apoio do Congresso Nacional à medida. “Essa política foi aprovada com o apoio total do Senado e da Câmara para que a gente pudesse garantir aos investidores estrangeiros e aos brasileiros mais facilidade e mais estabilidade jurídica”, acrescentou.
Segundo o presidente, o comércio bilateral entre Brasil e Japão caiu de US$ 17 bilhões, em 2011, para US$ 11 bilhões, em 2024. “Este Fórum Empresarial é a oportunidade para reverter esse declínio. Estou seguro de que precisamos avançar com a assinatura de um acordo de parceria econômica entre Japão e Mercosul”, afirmou.

Transição energética e meio ambiente
O líder brasileiro também ressaltou a transição energética como um campo estratégico para os avanços nas relações bilaterais. “Em linha com a legislação aprovada no Congresso sobre o Combustível do Futuro, o Brasil vai aumentar o percentual de etanol na gasolina de 27% para 30% e no diesel vamos chegar a 20% até 2030. É muito positivo que, com o Plano Estratégico de Energia, o Japão eleve o percentual de bioetanol para até 10% até 2030 e até 20% a partir de 2040”, estimou.
Lula lembrou ainda que o Brasil irá sediar a COP 30 em novembro deste ano “no coração da Amazônia” e destacou os compromissos ambientais do país no âmbito do Acordo de Paris. “Vamos zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 e reforçar o combate a todos os tipos de ilícitos transnacionais em parcerias com nossos vizinhos. A Amazônia atingiu, em 2024, a maior redução de desmatamento dos últimos 15 anos”, ressaltou.
Defesa do livre-comércio e do multilateralismo
Em seu discurso, Lula destacou a importância do livre-comércio entre os países. “Nós não podemos voltar a defender o protecionismo. Nós não queremos uma segunda Guerra Fria. O que nós queremos é comércio livre para que a gente possa definitivamente fazer com que nossos países se estabeleçam no movimento da democracia, no crescimento econômico e na distribuição de riqueza”, ponderou.
Ele também defendeu a manutenção do multilateralismo entre os países. “É muito importante a relação política, a relação entre universidades, a troca de experiências científica e tecnológica, a relação entre os sindicatos, a relação entre os partidos políticos e, sobretudo, a relação entre os povos”, afirmou.
Nesta terça-feira, Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, confirmou que especialistas japoneses em saúde animal farão visita técnica para avaliar o sistema sanitário brasileiro. E que o novo protocolo sanitário para influenza aviária foi aceito pelas autoridades do país asiático, ações que devem impulsionar as exportações.
A missão ao Japão segue até quinta-feira, 27, quando a comitiva parte para Hanói, no Vietnã, para a segunda parte da viagem à Ásia.

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