Agropolítica
Governadores apontam logística e segurança no campo como prioridades
Painel do GAFFFF reuniu chefes de estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Roraima
Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
05/06/2025 - 14:42

Ao longo dos anos, a logística e a segurança no campo se tornaram pilares centrais para garantir o avanço do agronegócio brasileiro como potência alimentar. Esses pontos nortearam um painel do Global Agribusiness Forum (GAFFFF), nesta quinta-feira, 5, que reuniu governadores de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Roraima.
O encontro evidenciou que o desenvolvimento do agro exige uma articulação firme entre infraestrutura, segurança jurídica e combate à criminalidade. “São Paulo é uma potência agroambiental e estamos fazendo um esforço muito grande para mostrar isso”, afirmou o governador Tarcísio de Freitas, que destacou o avanço na regularização ambiental no estado, com mais de 200 mil hectares regularizados recentemente.
O governador ainda enfatizou que o desafio da logística não pode ser freado por entraves burocráticos. “Não podemos levar 20 anos para fazer um licenciamento. Isso trava investimentos de infraestrutura”, disse. Segundo Tarcísio, atualmente, São Paulo tem mais de R$ 400 bilhões de investimento em projetos de infraestrutura.
No campo da segurança, o estado criou um grupo específico de investigação em áreas rurais. Além de combater invasões de terra, um outro foco do grupo é evitar a sonegação de impostos e lavagem de dinheiro por organizações criminosas, que chegaram ao campo. “O crime organizado está presente e precisamos combatê-lo com a mesma inteligência e estrutura que usamos nas cidades”, disse o governador, lembrando também que, em 2024, cerca de 30 mil produtores paulistas foram beneficiados com o seguro rural.
Segurança rural com georreferenciamento e conectividade
Em Goiás, conforme explicou o governador Caiado, a segurança rural foi elevada ao status de política de Estado. Ele falou sobre o modelo que concilia Batalhão Rural com conectividade via satélite (Starlink), georreferenciamento das propriedades e patrulhamento especializado. “Não vamos permitir que o crime avance sobre o campo. Já tivemos casos de tentativa de invasão e reagimos com firmeza. Em Goiás, quem invade propriedade responde criminalmente”, afirmou.
Caiado também criticou a Proposta de Emenda à Constituição que propõe reconfirgurar a segurança pública no país. “Isso enfraquece a nossa capacidade de resposta”, disse.
O governador defendeu ainda o modelo de produção goiano como referência em modernidade e eficiência. “Quando dizem que usamos mais defensivos, é porque não sabem fazer conta. A realidade é que produzimos três safras por ano, com base científica e respeito ao meio ambiente”, rebateu.
Bioceânica em 2026
No Centro-Oeste, o Mato Grosso do Sul aposta na integração logística para aumentar sua competitividade. O governador Eduardo Riedel destacou a importância da Rota Bioceânica, que deverá entrar em operação até o fim de 2026 e promete aproximar os produtos brasileiros do mercado asiático via Oceano Pacífico. “Não podemos deixar de construir estradas ou pontes por causa de licenças ambientais que demoram anos. O meio ambiente não é adversário do desenvolvimento. Ele tem valor e precisamos colocar isso no mercado”, salientou.
Riedel também mencionou a necessidade urgente de repactuar a malha ferroviária e avançar em concessões de rodovias. “A logística passa por todos os modais. Estamos falando de um estado que é fronteira, que precisa escoar com agilidade para ser competitivo”, completou. De acordo com ele, o compromisso do estado é alcançar a neutralidade de carbono até 2030, reforçando a ideia de que o agro sustentável é economicamente viável e essencial para o futuro do país.
Amazônia produtiva
Roraima surpreendeu ao apresentar números robustos de crescimento na produção agrícola e atração de investimentos. O governador Antonio Delarium explicou que o estado já soma mais de 130 mil hectares de soja plantados, além de 2 milhões de hectares com potencial produtivo regularizados. “O agro está puxando o crescimento da nossa economia. De 2019 a 2022, o nosso PIB [de Roraima] cresceu 25,4%, e esse ritmo é devido ao agro”, afirmou.
O estado também investe em energia renovável, como a biomassa de dendê, e já conta com uma indústria de esmagamento e refino de soja, que produz óleo em garrafas PET para distribuição. “Temos o melhor ambiente de negócios do Brasil. Já atraímos mais de R$ 10 bilhões em investimentos em infraestrutura”, apontou Delarium.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
Governo retoma investigação que pode impor barreira sobre importação de leite
2
Já imaginou tomar um choque por causa de um peixe?
3
Crédito para renegociação trava no RS e Banco do Brasil busca explicação
4
Agricultores familiares fazem ato por medidas contra crise no campo
5
RS: Farsul aponta entraves na renegociação de dívidas rurais
6
Banco do Brasil e Mapa vão ao Paraná destravar as renegociações de dívidas rurais
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Agropolítica
STF decide manter benefícios fiscais sobre agrotóxicos
Ações haviam sido movidas pelo PSOL e pelo PV, sob argumento de que isenções confrontavam direito ao meio ambiente equilibrado
Agropolítica
Ministério da Agricultura anuncia banco de antígenos para febre aftosa
Repositório serve para atuação rápida caso sejam registradas ocorrências no país, que está livre da doença da aftosa sem vacinação
Agropolítica
Líderes do Mercosul vão decidir se adiam ou não assinatura do acordo com União Europeia
O ministro da Agricultura e Pecuária brasileiro, Carlos Fávaro, criticou medidas de salvaguardas: “Se é para ser assim, melhor não fazer”
Agropolítica
Marco Temporal: Fávaro defende indenização justa a produtores
Placar é de 9x1 pelo fim do Marco Temporal, mas há divergência na questão indenizatória
Agropolítica
Plano Safra 25/26: contratações de crédito rural recuam 16,9%
Montante acumulado em contratações chegou a R$ 158,14 bilhões entre julho e novembro deste ano
Agropolítica
STF forma maioria para derrubar marco temporal; o que vem agora?
Com placar de 6x0 pela inconstitucionalidade, aposta do setor será com proposta de alteração da Constituição
Agropolítica
Governo cria linha de crédito de R$ 6 bi para renovação de frota de caminhões
Taxas de juros, prazos e carência serão determinadas pelo CMN; financiamentos deverão atender a critérios mínimos de sustentabilidade
Agropolítica
Lula: se não for agora, Brasil não assinará o acordo Mercosul-UE
Declaração foi dada em reunião ministerial na Granja do Torto; Brasil havia concordado com adiamento para possibilitar assinatura