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Com preço em alta, ladrões já roubam café no pé em SP

Há relatos até de uso de tecnologias como drones para observar lavouras; entidades pedem reforço policial e orientam agricultores sobre prevenção

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Igor Savenhago | Ribeirão Preto (SP) - Atualizada em 21/05/2025, às 10h45

20/05/2025 - 08:08

Lavoura de café na região de Franca (SP): há relatos de furto do grão verde, ainda no pé - Foto: Cocapec/Divulgação
Lavoura de café na região de Franca (SP): há relatos de furto do grão verde, ainda no pé - Foto: Cocapec/Divulgação

Em janeiro, produtores de café afirmaram que sacas que eram armazenadas em um galpão de Altinópolis (SP) haviam sumido. Um casal foi preso em Caraguatatuba (SP), suspeito de ter feito 50 vítimas e provocado um prejuízo de R$ 63 milhões. Há, ainda, o relato de uma cooperativa da região de que o roubo ocorreu diretamente na lavoura, onde os pés de café foram cortados e levados (confira abaixo).

No último dia 3 de abril, um motorista que dirigia um caminhão carregado com sacas de café na rodovia Cândido Portinari, Pedregulho (SP), foi rendido por assaltantes, que levaram 30 toneladas do grão, avaliadas em R$ 1,5 milhão. No dia seguinte, a polícia encontrou a carga, em um sítio entre Franca (SP) e Ribeirão Corrente (SP). 

O condutor, Donizete Guidini, contou que transportaria o produto de Patrocínio (MG) a Avaré (SP), quando, ao chegar na altura de Pedregulho, foi abordado por três criminosos, que o obrigaram a parar. Guidini permaneceu vendado dentro do veículo antes de ser libertado e pedir ajuda em uma transportadora. Os policiais prenderam um homem de 37 anos em flagrante e começaram uma investigação para capturar os outros dois. 

O risco de novos casos como esses preocupa os cafeicultores paulistas, principalmente no período da safra, que começa neste mês de maio e vai até agosto. Um dos principais fatores de apreensão é o valor do produto, que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), subiu quase 80% nos últimos 12 meses. Só nos primeiros quatro meses de 2025, o aumento chegou a 30%, puxado pela queda na oferta mundial, pela variação do dólar e pelas especulações no comércio internacional.  

A Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp) enviou ofícios ao secretário de Segurança Estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e ao comandante-geral da Polícia Militar, José Augusto Coutinho, pedindo reforço na segurança dos municípios cafeeiros.

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“As notícias que nos chegaram de Minas Gerais, de que o café estava sendo furtado ainda verde, no pé, acenderam um sinal de alerta. Não podemos deixar que os produtores e suas famílias tenham perdas econômicas ou se coloquem em situação de risco. Como o governador Tarcísio de Freitas é sempre sensível ao setor agropecuário, temos certeza de que teremos uma safra tranquila”, afirmou o presidente da federação, Tirso Meirelles. 

Safra segura

A Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas da Alta Mogiana, a Cocapec, também se mobiliza. A entidade organizou, recentemente, o encontro “Segurança na Safra”, que contou com a presença de representantes das Polícias Militares de São Paulo e de Minas Gerais, já que agricultores mineiros também são atendidos pela cooperativa. 

Na reunião, foram discutidas estratégias de reforço no policiamento e recomendações aos produtores sobre a adoção de medidas preventivas. A ação é parte do programa “Safra Segura”, mantido pela Cocapec. 

De acordo com José de Alencar Coelho Júnior, diretor comercial da cooperativa, pequenos furtos já foram relatados por cooperados. “Teve um caso em Pedregulho que o cara foi na lavoura, cortou os pés de café e colocou em um caminhão. Olha só a audácia”, diz.  

A Cocapec representa produtores de 20 municípios – dez paulistas e dez mineiros –, que cultivam café em uma área total de 100 mil hectares, o que deve resultar em um volume entre 3 e 4 milhões de sacas de 60 quilos nesta safra.  

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Com valores que podem atingir a R$ 3 mil a saca, dependendo da qualidade do grão, Coelho Júnior explica que a cooperativa pede máxima cautela. Uma cartilha é distribuída aos mais de 3 mil cooperados com informações sobre prevenção e com orientações para que os agricultores instalem câmeras, reforcem cercas e portões, e tenham cuidado na hora de contratar a mão de obra para a colheita. 

“Os ladrões têm usado até tecnologia para roubar café. Participo de alguns grupos de WhatsApp em que o pessoal relata ter visto drones sobrevoando as lavouras. Eles estão de olho. Então, é importante também que os produtores estejam de olho, e de orelha em pé, e, para qualquer suspeita, entrem em contato com a Polícia Militar”. 

Alerta aos sindicatos

A Faesp tem se reunido com sindicatos rurais, que formaram uma comissão para discutir medidas para coibir a ação de ladrões. O presidente da comissão, Guilherme Vicentini, que também preside o Sindicato Rural de Altinópolis (SP), explica que as ocorrências registradas na região são pontuais, mas servem para deixar os agricultores atentos. 

Ele informa que um folheto informativo também está sendo distribuído aos proprietários rurais e funcionários, pedindo que fiquem ligados em caso de movimentações estranhas. “Estamos preocupados, sobretudo, com o transporte de cargas, especialmente a partir de julho”, diz ele. 

A coordenadora do Sindicato Rural de Torrinha (SP), Renata Cassola, conversou com a Polícia Militar, que informou estar de prontidão para atender possíveis ocorrências, e passou contatos de fazendas de café e da associação de cafeicultores local, para que haja um trabalho coordenado e preventivo durante a safra. “Orientamos os produtores para que, em situações suspeitas, informem a polícia ou o Conseg [Conselho de Segurança]”, declara. 

Preocupação com a segurança aumenta com a proximidade da colheita – Foto: Cocapec/Divulgação

Batalhões

O Governo de São Paulo garante que a segurança pública nas áreas rurais está sendo fortalecida. Durante a Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, realizada em Ribeirão Preto (SP) de 28 de abril a 2 de maio, foi anunciada a criação de batalhões policiais nos municípios que têm unidades do Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter). 

O intuito é ampliar, por meio das Secretarias de Agricultura e Abastecimento (SAA) e de Segurança Pública (SSP), a atuação do Giar – Grupo de Investigação em Área Rural, da Polícia Civil. Segundo Guilherme Derrite, a primeira experiência, feita em Botucatu (SP), mostrou redução no número de furtos e roubos nas propriedades. 

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