Agropolítica
Fazenda rebate críticas ao Plano Safra e afirma que recursos serão efetivos
Governo também aponta que aplicação do Plano Safra 24/25 teve 97% de efetividade
Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
04/07/2025 - 08:00

O Ministério da Fazenda rebateu as críticas de parte do setor quanto ao apontamento de que apenas os recursos equalizados têm real apoio do governo. Segundo o subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais da pasta, Gilson Bittencourt, é preciso olhar para decisões que envolvem a exigibilidade das fontes de recursos e a renúncia fiscal.
“Sem a mão do Estado, abrindo mão dessa taxação igual dos fundos e do direcionamento [dado às fontes], a gente não teria esse recurso. Portanto, ele [recurso] só existe porque o Estado brasileiro, a partir inclusive da negociação com o Congresso, quando criou esse instrumento, viabilizou”, comentou em conversa com jornalistas.
O Plano Safra 2025/2026 prevê disponibilizar R$ 594,4 bilhões para agricultura familiar e empresarial. Desse montante, R$ 157,2 bilhões são equalizados. Além disso, R$ 110,09 bilhões são de recursos controlados sem equalização, R$ 300,01 bilhões são de recursos direcionados a taxas livres e R$ 27,1 bilhões são recursos livres e taxas também livres.
“Hoje nós estamos direcionando [à agropecuária] 60% da captação das LCAs [Letras de Crédito do Agronegócio], dos quais 45% para crédito e 55% para CPR [Cédula de Produto Rural], porque é uma decisão de governo. Não é só desse governo, é uma decisão de Estado, independente do governo. Se a poupança a gente direciona a 70% para crédito rural, é uma decisão do Conselho Monetário Nacional, onde está o Ministro da Fazenda e do Planejamento, o presidente do Banco Central”, afirmou.
Plano Safra 24/25 teve 97,5% de efetividade, indica Fazenda
Os dados referentes às contratações de junho foram publicados nesta semana, dando um panorama de como foi o Plano Safra 2024/2025. Segundo Bittencourt, a efetividade foi de 97,5%. Basicamente, isso indica que 97,5% dos recursos propostos no início do Plano Safra foram tomados pelos produtores.
“Eu acho que nunca nos últimos anos, pelo menos nos últimos 25 anos que eu acompanho o Plano Safra, a gente teve uma eficiência tão grande em relação ao que é anunciado, do que efetivamente é aplicado”, disse o subsecretário.
No entanto, os dados têm que ser separados conforme o tipo de tomada de empréstimo rural. Com os dados de junho, foram R$ 570,07 bilhões em dinheiro contratado. Vale lembrar que o mês de junho ainda pode variar, uma vez que a contabilização de recursos contratados pode ser menor já que entre a contratação e a liberação em si há desistências.
Dos R$ 570 bilhões, R$ 389,37 bilhões foram referentes a crédito rural — sem as CPRs . O montante disponível para crédito rural no ciclo passado foi de R$ 476,60 bilhões, o que significa uma efetivação de 81,7%.
Já as CPRs contabilizaram cerca de R$ 168,4 bilhões até maio e a Fazenda estima por volta de R$ 12,3 bilhões a mais em junho, o que daria um total de R$ 180,7 bilhões. Em relação ao que foi anunciado no ano passado (R$ 108 bilhões), o valor representou uma efetivação de aplicações de 167,3%.
Mesmo com a diferença, a Fazenda vê com bons olhos o percentual de tomada de crédito em relação ao que foi anunciado. Isso porque, só na análise do total equalizado, a efetividade foi de 89,9%. “ Em todos os governos, sempre que você tiver uma contratação do equalizado próximo de 90%, é como se você tivesse atingido 100%”, complementou o subsecretário.
Isso acontece porque o valor dos recursos equalizados calculados pelo Tesouro Nacional para entrar no Plano Safra já conta os juros que serão pagos ao longo do tempo. Isso quer dizer que o valor visto hoje será maior ao fim da operação, devido aos juros.
Na divisão entre o que foi contratado e o que foi anunciado, o total equalizado contratado na safra 2024/2025 foi de R$ 124,3 bilhões frente aos R$ 138,2 bilhões divulgados no início do Plano Safra. Confira os demais valores:
| Tipo de recurso | Anunciado em julho de 2024 | Aplicado até junho de 2025 |
| Controlado sem equalização | R$ 126,8 bilhões | R$ 111,7 bilhões |
| Direcionados a taxas livres | R$ 282,01 bilhões | R$ 317,9 bilhões |
| Livres a taxas livres | R$ 37,5 bilhões | R$ 16,7 bilhões |
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