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Agropolítica

Brasil declara fim da gripe aviária em granjas comerciais

Ministério da Agricultura vai notificar diretamente os países que mantém restrições às exportações brasileiras de produtos avícolas.

Paloma Santos | Brasília e Mônica Rossi | Porto Alegre - Atualizada às 18h30

18/06/2025 - 08:33

Passados 28 dias sem novos casos, Brasil recupera status sanitário. Foto: Ascom Seapi/Divulgação
Passados 28 dias sem novos casos, Brasil recupera status sanitário. Foto: Ascom Seapi/Divulgação

O Brasil informou oficialmente, nesta quarta-feira (18), à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) o fim do vazio sanitário, após cumprir 28 dias sem novos registros da doença em granjas comerciais. Com a notificação, o país se autodeclara livre da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP).

A expectativa dos governos federal e estadual, além dos representantes do setor é que, a partir da declaração, os países que aplicaram embargos à carne de frango brasileira iniciem um processo de revisão ou flexibilização das restrições, com base nas evidências de controle do foco identificado.

“Não se comemora uma crise, mas é preciso reconhecer a robustez do nosso sistema sanitário, que respondeu com total transparência e eficiência. Seguimos todos os protocolos, contivemos o foco e agora avançamos com responsabilidade para uma retomada gradativa do comércio exterior, mostrando a força do serviço sanitário brasileiro”, disse, em nota, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Vale destacar que o reconhecimento é nacional, ou seja, não faz distinção entre municípios e estados. Além disso, a declaração não garante automaticamente a reabertura de mercados. Por isso, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que está notificando diretamente os países que mantém restrições às exportações brasileiras de produtos avícolas.

Ministro Carlos Fávaro comenta recuperação do status sanitário.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a OMSA deve deferir o pedido, mesmo com as confirmações de novos casos em Goiás, DF e Mato Grosso por considerar somente focos dentro da cadeia produtiva e não de vida livre, silvestres ou de subsistência.

“No momento em que dezenas de nações, incluindo todas as grandes produtoras de aves, enfrentam problemas e ocorrências em suas respectivas produções, nós superamos a única ocorrência de toda a história da avicultura que é a maior exportadora e segunda maior produtora mundial de carne de frango”, ressalta o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

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Em entrevista ao Agro Estadão, o secretário adjunto de Agricultura do Rio Grande do Sul, Márcio Madalena, destacou que o estado vem aprimorando as estratégias de biossegurança desde 2023, quando houve confirmação de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP, gripe aviária ou H5N1) em aves silvestres, na Reserva Ecológica do Taim, no sul do estado. “Já aplicávamos protocolos sanitários reforçados mesmo antes do foco em granjas”, afirmou.

O secretário explicou que, após a confirmação do caso em Montenegro, a reação foi imediata e coordenada com o setor privado, incluindo ações de desinfecção, monitoramento ampliado e visitas técnicas nas zonas de proteção e vigilância. Segundo ele, as equipes de vigilância sanitária realizaram, nesse período, oito rodadas de visitas no raio de 3 km e cinco no raio de 10 km ao redor do foco. Foram visitadas 540 propriedades rurais.

Imagens captadas em maio na granja com foco de influenza aviária em Montenegro (RS).

Segundo governo gaúcho, mais de quatro mil veículos foram abordados em barreiras sanitárias instaladas na região que controlavam o transporte de animais, de produtos de origem animal e de rações. 

Madalena também enfatizou a importância da biosseguridade como barreira essencial à propagação da doença: “O vírus não se espalhou para outras granjas comerciais graças aos protocolos rigorosos adotados pelos produtores”, disse.

Agora, com o encerramento formal do foco, o estado se prepara para uma atuação proativa junto aos mercados internacionais. “Vamos buscar ativamente nossos parceiros comerciais para apresentar nossas ações com transparência e mostrar que temos condições seguras de fornecer alimentos”, disse o secretário. E destacou que o Rio Grande do Sul está pronto para receber auditorias internacionais e liderar esse movimento em conjunto com a iniciativa privada.

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Embargos à carne de frango brasileira

Desde a confirmação do caso comercial, dezenas países impuseram embargos totais ou parciais à carne de frango brasileira. Atualmente, conforme o último balanço divulgado pelo Mapa, há uma semana, 21 países, incluindo a União Europeia, bloquearam as importações da proteína avícola de todo o país, enquanto outros 19 deixaram de adquirir apenas do Rio Grande do Sul e outros quatro limitaram a suspensão ao município de Montenegro.

Recentemente, o Japão suspendeu a importação de frango, ovos, derivados de carne de frango, aves vivas e ovos férteis de Campinápolis (MT) e Santo Antônio da Barra (GO) após a confirmação de casos em aves domésticas.

ABPA defende regionalização nas importações

O presidente da ABPA também vê o encerramento do vazio sanitário como um marco positivo, apesar do impacto inicial da doença. “A gripe aviária chegou pela primeira vez à produção comercial no Brasil, mas a contenção foi rápida e eficiente. Isso mostra a maturidade e a robustez dos nossos sistemas público e privado”, avaliou.

Santin defende a adoção definitiva da regionalização nas restrições comerciais, prática que permite bloquear apenas áreas afetadas, evitando prejuízos a estados ou regiões livres da doença. “Mais de 120 países não fecharam o mercado ao Brasil. A regionalização precisa ser o padrão em situações futuras”, pontuou.

Mesmo com a queda de 12,9% nas exportações de carne de frango e miudezas em maio, o setor mantém otimismo. “Ainda acumulamos crescimento de quase 5% no ano, e agora é hora de retomar os diálogos com os países que ainda mantêm barreiras”, completou.

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Segundo Santin, a ABPA também está atuando de forma proativa, com ações diplomáticas e técnicas em mercados estratégicos como México, África do Sul e União Europeia. “Não vamos esperar os países virem até nós. Estamos indo até eles com dados, auditorias e compromisso com a biossegurança. Estamos confiantes no rápido restabelecimento da normalidade no fluxo dos embarques e no reforço de nosso papel em prol da segurança alimentar global”, reforçou.

Presidente da ABPA, Ricardo Santin, comenta fim do vazio sanitário.

Continuidade da vigilância 

Tanto o governo estadual quanto a ABPA ressaltam que, mesmo com o fim do surto, a vigilância ativa continua em todo o país. O Brasil, que já lidera as exportações globais de carne de frango, quer agora consolidar sua posição também como referência em transparência e controle sanitário. 

gripe aviária; vistoria Montenegro
Equipes realizaram oito rodadas de visitas a propriedades em Montenegro (RS). Foto: Ascom Seapi/Divulgação

Segundo o Márcio Madalena, a mensagem dos gestores aos produtores é clara: biosseguridade é o pilar da sanidade avícola no Brasil. “Tivemos um caso em avicultura comercial, estamos enfrentando aí os impactos disso. Mas a biosseguridade nos trouxe uma segurança de que a doença não se espalhasse. Foi pontual, ou seja, o vírus circulou no continente, entrou em uma granja específica, mas não entrou nas demais granjas”.

Casos suspeitos de gripe aviária no país

Em 2025, foram realizadas 161 investigações de suspeitas de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves, conforme o painel de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves. Dessas, oito tiveram laudo positivo, todas de maio para cá: Diadema (SP), Santo Antônio da Barra (GO), Campinápolis (MT), Brasília (DF), Mateus Leme (MG), Sapucaia do Sul (RS) e dois em Montenegro (RS).

Atualmente, o Brasil tem 11 suspeitas com investigação em andamento, conforme atualização feita na tarde desta quarta-feira, 18, por meio da plataforma do Mapa.

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