PUBLICIDADE
Banner Topo Post Agro na COP10

Agro na COP30

Conheça a fazenda de búfalos que virou exemplo na COP 30

Propriedade alia bem-estar, preservação ambiental e ganho de produtividade  

Nome Colunistas

Daumildo Júnior* | Santa Bárbara do Pará | daumildo.junior@estadao.com

19/11/2025 - 13:58

Foto: Daumildo Júnior/Agro Estadão
Foto: Daumildo Júnior/Agro Estadão

Rústicos, fortes e mansos, adjetivos que poderiam definir os cerca de 400 búfalos da Fazenda Terê-Tauá, em Santa Bárbara do Pará (PA). A propriedade de aproximadamente 688 hectares fica a quase 50 quilômetros de onde acontecem os eventos principais da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30). E a aposta por lá é oferecer bem-estar animal para gerar mais produtividade por animal. 

Daniel Araújo é um dos quatro irmãos que toca o Grupo Aruans. Ele comenta que a produção sustentável vai além do que somente a preservação das áreas nativas, que na fazenda são cerca de 300 hectares. A COP está sendo a oportunidade de mostrar esse modelo de produção. Até esta semana, ao menos quatro comitivas, com 15 a 20 pessoas cada, sendo a maioria estrangeiros, visitaram a propriedade.  

CONTEÚDO PATROCINADO

“A sustentabilidade faz parte do bom processo de criação de bovinos e bubalinos. Para criar bem o seu búfalo, ter desempenho econômico, a sustentabilidade tem que estar junto. Porque a gente tem que trabalhar com o conforto do animal, com o bem-estar animal, que envolve conforto térmico, manejo de pastagem, medicação. Esse tratamento se transforma em lucro, a mansidão dos animais em qualidade. Você vê no couro, no pelo e também na engorda dos animais. Eles desempenham mais”, destacou o produtor ao Agro Estadão.

O imóvel em Santa Bárbara é dedicado ao modelo de terminação intensiva a pasto (TIP), porém voltado aos búfalos da raça Murrah. É na propriedade que o grupo faz o melhoramento genético desses animais. É lá que ocorrem os testes e seleção dos machos que serão reinseridos ao rebanho de búfalos. 

O Grupo tem cerca de 18 fazendas, sendo que a maior (55 mil hectares) fica na Ilha do Marajó (PA), a maior ilha fluviomarítima do mundo. É lá que cerca de 12 mil cabeças de búfalos estão vivendo no que o produtor considera o habitat ideal para os animais.

PUBLICIDADE

“Eles vivem e se reproduzem naturalmente lá, sem pouca interferência nossa. E isso é uma característica. Na comparação com o bovino, ele ocupa mais espaço. Se for no continente, acaba se tornando não muito viável economicamente. Mas na ilha, que é um ambiente quase inóspito, o bovino não desempenha bem, enquanto o búfalo se adaptou”, comparou Araújo. Ele ainda acrescenta haver algumas condições particulares da ilha, como as terras alagáveis pelo rio Amazonas ou pelo mar, dependendo do período do ano. 

Engordando búfalos

búfalos pará
Foto: Daumildo Júnior/Agro Estadão

A Fazenda Terê-Tauá não faz a reprodução dos animais. Ela funciona apenas com o estágio final antes deles serem mandados para o frigorífico. A trajetória começa com a seleção dos búfalos ainda na propriedade da Ilha do Marajó. De lá, eles são embarcados em uma balsa que faz o trajeto até um porto particular na Ilha do Mosqueiro (PA). Entre 70 e 120 cabeças são transportadas por vez e o percurso costuma demorar um dia a um dia e meio, com paradas e oferta de água aos animais. 

Uma vez na Ilha do Mosqueiro, os búfalos são transportados em caminhões até a fazenda. No momento da chegada, é feita a pesagem, vistoria para saber as condições de saúde e a aplicação de vermífugos e vacinas.  Em seguida os animais vão para os pastos quarentenários, que tem uma barreira física, que neste caso é o rio Terê. Ali eles ficam por cerca de 30 dias, se acostumando ao ambiente da fazenda e também sob observação, além de receberem as doses de reforço. 

Vencido o tempo, os búfalos são levados para os pastos dedicados à engorda, onde recebem sal proteinado, além do próprio capim. Essa pastagem é tratada como uma lavoura, recebendo também tratamento no plantio. Em média, os animais ficam nesses piquetes por 90 dias, sendo que a cada sete dias ocorre a rotação, para fazer a recuperação do pasto.

Esse processo todo, desde a entrada na propriedade até a entrega para o abate costuma gerar um acréscimo médio de 40 quilos a 60 quilos por animal. Os búfalos saem com um peso de carcaça superior a 500 quilos, sendo que o rendimento médio é acima de 50%. O tempo do nascimento, até o abate, é de aproximadamente dois anos e meio, reduzindo também as emissões de metano. 

PUBLICIDADE

Melhorando os Murrah

A fazenda também tem uma área dedicada à seleção para o melhoramento genético da raça Murrah. A base do que é feito ali vem do programa Embrapa Geneplus, que traz as metodologias de análise e aplicação para que o produtor possa desenvolver a melhoria do próprio do rebanho. 

As fêmeas na fazenda são monitoradas para saber como se comportam e qual o desempenho que elas têm nas atividades, como o tempo para pegar uma gestação e cria dos filhotes. Ao longo do ano, os 10% delas que performaram melhor são mantidas para produzir machos que depois serão incorporados ao rebanho na Ilha do Marajó. Os bezerros também são acompanhados, para saber como desempenham ao longo de dois anos e meio. 

“O nosso programa de melhoramento genético é voltado para carne, pra peso. A gente não faz oficialmente nenhum acompanhamento de leite no rebanho”, completou o produtor. 

*Jornalista viajou a convite da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) e CropLife Brasil

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Inspirada no Brasil, iniciativa global para recuperar áreas degradadas é lançada na COP 30

Agro na COP30

Inspirada no Brasil, iniciativa global para recuperar áreas degradadas é lançada na COP 30

Estimativa é de que mundo precise de US$ 105 bilhões anuais para a recuperação desses terrenos; nove países já aderiram à proposta

COP 30 discute a aquicultura como motor da bioeconomia

Agro na COP30

COP 30 discute a aquicultura como motor da bioeconomia

Setor aquícola responde por 0,5% das emissões; cultivo de algas, moluscos e peixes é visto como caminho para gerar renda e reduzir emissões

Embrapa e Japão assinam acordo para a recuperação de áreas degradadas 

Agro na COP30

Embrapa e Japão assinam acordo para a recuperação de áreas degradadas 

Fávaro não confirma valores, mas diz que agência do Japão também fará aporte para programa Caminho Verde Brasil

Conab compra 146 toneladas de alimentos da agricultura familiar para abastecer COP 30

Agro na COP30

Conab compra 146 toneladas de alimentos da agricultura familiar para abastecer COP 30

Ação inédita garante alimentos frescos e reforça renda de pequenos produtores; 30% dos ingredientes servidos na COP serão da agricultura familiar

PUBLICIDADE

Agro na COP30

Embrapa cria 'coworking' para pesquisas no agro

Inovação foi lançada na COP 30 e já tem empresas interessadas em pesquisar sistemas agroflorestais no próximo ano

Agro na COP30

Fávaro: objetivo na COP é captar recursos para recuperar de áreas degradadas

Um dos projetos alvo para captação de recursos é o programa Caminho Verde Brasil

Agro na COP30

Na COP 30, pecuária busca com tecnologia reposicionar discurso sobre o setor

Discussão na AgriZone reforçou que o setor entrega sustentabilidade e precisa tornar ações mais visíveis ao público interno e externo

Agro na COP30

Brasil lança guia sobre gestão de dejetos para redução de metano

Desenvolvido pelo Mapa em parceria com a Embrapa e instituições ligadas ao clima, material foi apresentado na COP 30

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.