Agro na COP30
Entenda o que é a taxonomia sustentável
Instrumento define critérios científicos para atividades agrícolas e combate práticas de greenwashing
Redação Agro Estadão*
21/11/2025 - 05:00

As mudanças climáticas aceleram em escala global e demandam respostas urgentes do setor econômico.
Investidores, empresas e governos enfrentam o desafio de identificar quais atividades realmente contribuem para a sustentabilidade ambiental e social.
Neste contexto, surge a taxonomia sustentável como ferramenta essencial para orientar investimentos e combater práticas de “greenwashing” (estratégia de marketing enganosa usada por empresas para parecerem mais sustentáveis e amigas do meio ambiente do que realmente são).
O Brasil se posicionou estrategicamente na COP 30, que aconteceu em Belém, apresentando a taxonomia sustentável como pauta de relevância.
Esta iniciativa representa um marco para o futuro econômico e ambiental do país, estabelecendo critérios claros para classificar atividades sustentáveis e atrair investimentos internacionais.
O que é a taxonomia sustentável?
A taxonomia sustentável constitui um sistema de classificação que estabelece critérios rigorosos e científicos para identificar atividades econômicas genuinamente sustentáveis.
Segundo o Ministério da Fazenda, a Taxonomia Sustentável Brasileira define atividades, projetos ou ativos que contribuem efetivamente para objetivos ambientais e sociais.
Conforme destaca a Embrapa, “a taxonomia brasileira visa classificar de modo padronizado e transparente as atividades econômicas que podem ser consideradas sustentáveis”.
Este instrumento oferece direcionamento claro para investidores, empresas e formuladores de políticas públicas identificarem projetos que efetivamente contribuem para a sustentabilidade ambiental e social.
A Taxonomia Sustentável Brasileira estabelece 67 critérios técnicos que orientam desde práticas de manejo do solo até padrões de bem-estar animal. Estes critérios conectam sustentabilidade, produtividade e responsabilidade social, oferecendo um marco regulatório robusto para o setor privado.
Os princípios fundamentais da taxonomia sustentável
A taxonomia sustentável baseia-se em princípios rigorosos que garantem sua efetividade. O princípio “Não Causar Danos Significativos” (Do No Significant Harm – DNSH) representa o fundamento central, impedindo que atividades prejudiciais a outros objetivos ambientais e sociais sejam classificadas como sustentáveis.
A conformidade com salvaguardas sociais mínimas complementa esse princípio, assegurando o respeito aos direitos humanos e padrões trabalhistas.
A taxonomia não apenas classifica o que é sustentável, mas também impede rotulações inadequadas de atividades prejudiciais.
Para ser classificada como sustentável, uma atividade deve atender critérios específicos:
- Contribuição substancial para pelo menos um objetivo ambiental ou social;
- Uso sustentável e proteção dos recursos hídricos e marinhos;
- Promoção da economia circular e prevenção da poluição.
A primeira edição da Taxonomia Sustentável Brasileira aborda cinco atividades agropecuárias, incluindo culturas agrícolas perenes e anuais, silvicultura e pecuária. Os critérios técnicos foram desenvolvidos com base científica pela Embrapa e outras instituições de pesquisa.
A importância da taxonomia sustentável
A taxonomia sustentável oferece benefícios múltiplos para diferentes setores da economia. No mercado financeiro, o instrumento reduz riscos de investimento e aumenta a confiança em produtos financeiros sustentáveis. Além disso, mobiliza capital privado de forma eficaz para projetos verdes e sociais.
Para o meio ambiente e a sociedade, a taxonomia impulsiona a descarbonização da economia e promove a conservação da biodiversidade.
O instrumento fomenta o uso eficiente dos recursos naturais e incentiva práticas sociais equitativas em toda a cadeia produtiva.
O governo defende que taxonomia combate efetivamente o “greenwashing” e “social washing” ao assegurar que investimentos rotulados como sustentáveis cumpram requisitos ambientais e sociais rigorosos. Esta padronização promove a integridade e credibilidade do mercado financeiro sustentável.
A transparência e comparabilidade de dados oferecidas pela taxonomia permitiriam que investidores tomem decisões conscientes baseadas em informações verificáveis.
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) enfatiza que essa clareza facilita o acesso a novos mercados de capitais e fortalece a posição competitiva das empresas.
Taxonomia sustentável no cenário global

A União Europeia lidera o desenvolvimento de taxonomias sustentáveis globalmente através da EU Taxonomy, considerada um dos modelos mais avançados e influentes.
Este sistema estabeleceu precedentes para outras economias desenvolverem suas próprias classificações adaptadas às realidades locais.
O Brasil avança significativamente na criação de sua taxonomia sustentável, com esforços coordenados entre governo e setor privado.
A Taxonomia Sustentável Brasileira alinha-se às necessidades e peculiaridades ambientais e econômicas nacionais, considerando a biodiversidade única e o potencial agrícola brasileiro.
A discussão sobre taxonomia sustentável ganha relevância especial no contexto das negociações da COP 30.
Desafios e oportunidades na implementação da taxonomia sustentável no Brasil
A implementação da Taxonomia Sustentável Brasileira enfrenta desafios significativos que demandam atenção estratégica.
A necessidade de adaptar critérios internacionais à realidade brasileira representa um dos principais obstáculos, especialmente considerando a diversidade dos biomas nacionais.
A demanda por capacitação técnica e padronização de dados robustos constitui outro desafio importante. O setor produtivo precisa desenvolver competências para atender aos novos critérios e sistemas de monitoramento adequados.
Entretanto, as oportunidades superam amplamente os desafios identificados. A taxonomia facilita o acesso a novos mercados de capitais e fortalece a imagem do Brasil como líder em sustentabilidade.
O instrumento atrai investimentos estrangeiros diretos para setores e projetos sustentáveis, impulsionando o desenvolvimento econômico nacional.
A taxonomia posiciona o Brasil estrategicamente para capturar recursos do mercado global de finanças verdes, estimado em trilhões de dólares.
Esta oportunidade representa um diferencial competitivo significativo para a economia brasileira no cenário internacional.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
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