Agro na COP30
CNA cobra reconhecimento global da agricultura tropical na COP 30
Entidade global defende que qualquer discussão sobre ação climática na agricultura comece com os próprios agricultores
Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junor@estadao.com
06/11/2025 - 14:30

O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, cobrou por um reconhecimento mundial da agricultura feita no Brasil. Segundo o chefe da entidade representativa dos produtores rurais, a 30º Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30) é uma oportunidade para mostrar como o setor pode ser uma parte da solução climática.
“O Brasil é referência de tecnologia de baixo carbono, integração, lavoura, pecuária, floresta, recuperação de pastagem e manejo eficiente dos recursos naturais. Mas é fundamental que o mundo reconheça a singularidade da agricultura tropical”, destacou Martins durante a Cúpula dos Agricultores COP 30 realizada pela Organização Mundial dos Agricultores (WFO, sigla em inglês), em colaboração a CNA, em Brasília (DF), nesta quinta-feira, 06, e sexta-feira, 07.
O presidente da entidade ainda reforçou a necessidade de mecanismos para ajudar no caminho da “transição justa”. Segundo ele, “precisamos de políticas, financiamentos e métricas que reconheçam e respeitem nossas condições e garantam uma transição justa, sem penalizações comerciais unilaterais”. E enfatizou: “É hora de executar quem está na linha de frente”.
O chefe da Assessoria da Presidência da Embrapa para Negócios e Captação de Recursos, Daniel Trento, ressaltou a posição da CNA sobre o tema e lembrou de outras temáticas que precisam ser encaradas durante a COP. Um desses pontos é o financiamento.
“Dar escala [às tecnologias de transição] é a chave para essa transição, mas o mais importante é o financiamento. Transferir tecnologia é um mecanismo que precisa de financiamento. Quem vai pagar o produtor? Acho que essa é a principal discussão na COP. Nós [Embrapa] temos experiência, temos um modo de fazer, fizemos isso no passado, temos grandes desafios para o futuro, mas precisamos fazer essa discussão de forma mais pragmática. Há um custo para tudo isso”, comentou o representante da estatal de pesquisa agropecuária.

“Qualquer discussão sobre ações na agricultura deve começar com os agricultores”
O presidente da WFO, Arnold Puech, foi na mesma linha. A WFO é uma entidade que tem mais de 80 representantes de 55 países e a Cúpula dos Agricultores COP 30 reúne nestes dias representantes de produtores rurais de 19 países. Para o encarregado da WFO, a mensagem que o encontro quer passar é simples e objetiva.
“Muito frequentemente, políticas são elaboradas longe dos campos e não é surpreendente que elas falhem no teste prático. Ouvimos dizer que a COP 30 seria uma COP de implementação, que vai de intenções para ações. Esta Cúpula envia uma mensagem simples para a COP: qualquer discussão sobre ação climática na agricultura deve começar com os agricultores”, afirmou.
Puech lembrou que em todas as partes do planeta, os produtores rurais têm sentido os efeitos das mudanças climáticas e os padrões de clima não tem se repetido, aumentando o grau de incerteza da atividade. O efeito, conforme comentado por ele, também é sentido nos custos de produção, nos preços e no comércio dos alimentos. E cobrou uma mudança de visão dos governos.
“Nestes tempos, é mais importante do que nunca que os agricultores permaneçam assumindo a liderança na formação do futuro de nossos setores e comunidades. É também de suma importância que os governos adotem uma abordagem multilateral para o clima, comércio, finanças e outras questões-chave para o setor agrícola global”, acrescentou o presidente da entidade.
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