Sustentabilidade
Adubação verde: produtividade e saúde do solo de forma natural
Adubação verde usa técnica natural para transformar solos pobres em férteis, aumentando a produtividade ao enriquecer a terra com matéria orgânica e fixar nitrogênio
Redação Agro Estadão*
01/05/2025 - 08:00

Imagine transformar seu solo em uma terra fértil e produtiva, sem depender exclusivamente de insumos químicos caros. Parece bom demais para ser verdade? Bem-vindo ao mundo da adubação verde, uma técnica ancestral que está revolucionando a agricultura moderna.
Esta prática não só promete aumentar sua produtividade, mas também cuida da saúde do seu solo de maneira sustentável e econômica.
O que é adubação verde?
A adubação verde é uma técnica agrícola que consiste no cultivo estratégico de plantas específicas com o objetivo de melhorar as condições do solo.
De acordo com a Embrapa, esta prática envolve o plantio de espécies vegetais em rotação, sucessão ou consorciação com culturas principais, visando a proteção superficial e a manutenção e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo.
Os princípios básicos por trás da adubação verde são simples, mas poderosos. Primeiro, há a produção de massa verde, que consiste no cultivo de plantas que geram grande quantidade de biomassa.
Esta massa vegetal, quando incorporada ao solo ou deixada na superfície, se decompõe e se transforma em matéria orgânica, enriquecendo o solo.
O segundo princípio fundamental é a ciclagem de nutrientes. As plantas utilizadas na adubação verde, especialmente as leguminosas, têm a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico no solo, tornando-o disponível para as culturas subsequentes.
Além disso, suas raízes profundas conseguem absorver nutrientes de camadas mais baixas do solo, trazendo-os para a superfície e tornando-os acessíveis para outras plantas.
Vantagens da adubação verde
Melhora a matéria orgânica e a vida no solo
A adubação verde desempenha um papel crucial na melhoria da matéria orgânica do solo. Quando as plantas de cobertura são incorporadas ou deixadas na superfície, elas se decompõem, liberando compostos orgânicos que enriquecem o solo.
Este processo melhora significativamente a estrutura do solo, aumentando sua capacidade de agregação.
Com uma melhor agregação, o solo se torna mais poroso, melhorando a aeração e a capacidade de retenção de água. Isso cria um ambiente ideal para o desenvolvimento de raízes e para a proliferação de microrganismos benéficos.
A atividade microbiana estimulada pela adubação verde é fundamental para a saúde do solo, pois esses microrganismos decompõem a matéria orgânica, liberam nutrientes e criam uma rede complexa de interações que sustentam a vida no solo.
Ciclagem e disponibilização de nutrientes essenciais
Uma das maiores vantagens da adubação verde é sua capacidade de ciclar e disponibilizar nutrientes essenciais para as plantas.
As raízes das plantas de cobertura, especialmente as mais profundas, acessam nutrientes que estão fora do alcance das raízes das culturas principais. Esses nutrientes são absorvidos e incorporados na biomassa da planta.
Quando a planta de cobertura é manejada (seja incorporada ao solo ou deixada na superfície), ela se decompõe gradualmente.
Este processo de decomposição libera os nutrientes de forma lenta e contínua, coincidindo muitas vezes com as necessidades nutricionais da cultura seguinte.
Essa liberação gradual reduz significativamente as perdas por lixiviação, comum em fertilizações químicas, e aumenta a eficiência do uso de nutrientes no sistema agrícola.
Ajuda contra a erosão e a compactação do solo

A adubação verde é uma aliada poderosa na prevenção da erosão e no combate à compactação do solo. A cobertura vegetal proporcionada pelas plantas de adubação verde protege o solo do impacto direto da chuva e do vento, dois dos principais agentes erosivos.
As folhas das plantas amortecem o impacto das gotas de chuva, evitando a desagregação do solo, enquanto as raízes ajudam a segurar o solo, prevenindo que seja carregado pela água ou pelo vento.
Além disso, o sistema radicular das plantas de adubação verde desempenha um papel fundamental na descompactação do solo. As raízes, ao crescerem e se desenvolverem, criam canais no solo, melhorando sua estrutura física.
Isso é particularmente importante em solos que sofreram compactação devido ao uso intensivo de maquinário agrícola ou ao manejo inadequado. A descompactação natural promovida pelas raízes melhora a infiltração de água, reduz o escorrimento superficial e facilita o crescimento das raízes das culturas subsequentes.
Controle natural de pragas, doenças e nematoides
Certas espécies de plantas utilizadas na adubação verde têm efeito supressor sobre nematóides e outros patógenos do solo.
Por exemplo, algumas crucíferas liberam compostos que são tóxicos para certos nematóides, ajudando a reduzir suas populações no solo.
Além disso, a adubação verde promove um aumento na biodiversidade do sistema agrícola. Esta diversidade favorece o desenvolvimento de inimigos naturais de pragas, criando um equilíbrio ecológico que pode reduzir naturalmente a incidência desses agentes nocivos nas culturas principais.
A rotação de culturas, muitas vezes associada à prática de adubação verde, também ajuda a quebrar ciclos de pragas e doenças, reduzindo sua incidência nas safras seguintes.
Quais as melhores espécies de plantas para adubação verde?
A escolha das espécies para adubação verde é um passo importante para o sucesso da técnica. Os principais grupos de plantas utilizadas incluem:
Leguminosas: conhecidas por sua capacidade de fixar nitrogênio atmosférico no solo, graças à simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio.
Gramíneas: excelentes na produção de biomassa e na melhoria da estrutura do solo.
Crucíferas: eficazes no controle de nematóides e na ciclagem de nutrientes, especialmente fósforo e enxofre.
A escolha deve considerar o clima da região, o tipo de solo e a cultura principal. Por exemplo, em regiões mais quentes, espécies como crotalária e feijão-guandu são populares, enquanto em climas mais amenos, a ervilhaca e a aveia preta são opções comuns.
É importante também considerar a tolerância das espécies a condições adversas, como seca ou geada, dependendo das características da sua região.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Sustentabilidade
1
Em 5 anos, mais de 90% da soja no Centro-Oeste avançou sem desmatamento
2
Dona do café Pilão firma parceria para descarbonizar conilon no Brasil
3
STF suspende processos sobre a Moratória da Soja em todo o País
4
STF forma maioria para manter lei de MT contra a Moratória da Soja
5
STF dá 30 dias para SP apresentar plano de contratação de pesquisadores ambientais
6
MG lança certificação para produtores que adotam agricultura regenerativa
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Sustentabilidade
Exigência de rastreabilidade ganha força com lei antidematamento da UE
No Estadão Summit Agro 2025, especialistas apontaram movimento semelhante de outros países, como a China
Sustentabilidade
“Agro tropical brasileiro será patrocinador da paz mundial”, diz Roberto Rodrigues
Ex-ministro da agricultura destacou o legado do agro pós-COP 30 durante palestra magna no Estadão Summit Agro 2025
Sustentabilidade
MT regulamenta regularização ambiental e compensação de reserva
Normas automatizam o CAR nos projetos de reforma agrária e padronizam a compensação ambiental
Sustentabilidade
STF dá 30 dias para SP apresentar plano de contratação de pesquisadores ambientais
Suprema Corte também pede projeções para implantação do CAR e do PRA; Estado diz que cumpre metas e que moderniza carreira científica
Sustentabilidade
Após recuo do governo na COP 30, Plano Clima deve ser revisado
Grupo de trabalho terá participação do agro e discutirá ajustes em desmatamento, emissões e créditos de carbono
Sustentabilidade
Em 5 anos, mais de 90% da soja no Centro-Oeste avançou sem desmatamento
Estudo da Serasa Experian, com base nas regras ambientais do crédito rural, mapeou 74 milhões de hectares em dois biomas do Centro-Oeste
Sustentabilidade
Conselho Europeu abre caminho para adiar lei antidesmatamento por um ano
Proposta será negociada com o Parlamento Europeu e busca simplificar a lei antidesmatamento e adiar sua aplicação para que todos se preparem
Sustentabilidade
Julgamento da Moratória da Soja é interrompido no STF
Pedido de vista de Toffoli adia definição sobre suspensão de ações e mantém medida em vigor