Pecuária
ABCZ pede que rastreabilidade bovina seja voluntária no Brasil
Associação argumenta ao Mapa que identificação individual do rebanho deve avançar com incentivos econômicos
Redação Agro Estadão
18/12/2025 - 12:37

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu protocolou um ofício junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa), nesta semana, em defesa da não obrigatoriedade da rastreabilidade bovina.
Em meados deste ano, o Mapa publicou uma portaria em que detalha os passos da implementação do Programa Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos, lançado no final de 2025. O objetivo da iniciativa é tornar todo o rebanho rastreável até 2032. Para isso, a partir de 2027 já seria exigido obrigatoriedade dos pecuaristas na identificação individual de seus animais, com uma espécie de brinco.
No entanto, no documento entregue ao diretor do departamento de saúde animal do Mapa, Marcelo de Andrade Mota, a entidade que reúne mais de 22 mil associados, argumenta que a adesão do produtor rural ao sistema de rastreabilidade nacional em discussão deve ser voluntária. Em contrapartida, é proposta uma colaboração entre a ABCZ e o Mapa na administração e gerenciamento do banco de dados que integrará o projeto.
Segundo Gabriel Garcia Cid, presidente da ABCZ, a rastreabilidade é muito importante para o acesso da carne brasileira aos mercados externos, mas desde que o pecuarista seja remunerado por isso. “Para chegarmos a um rebanho 100% rastreado, temos antes que garantir, com políticas públicas eficazes, o acesso a melhorias dos sistemas de produção a todos os pecuaristas do país”, explica.
Cid salientou ainda o papel fundamental da genética como peça-chave da instituição da rastreabilidade no Brasil. “Com condições plenas para produzir carne e leite de qualidade e com sustentabilidade, a justa valorização da produção se torna uma consequência natural, permitindo ao produtor evoluir para o próximo passo: a rastreabilidade”, apontou.
Também participaram da reunião: o gerente do departamento internacional da ABCZ, Juan Lebrón; a consultora do projeto setorial Brazilian Cattle, promovido pela ABCZ em parceria com a ApexBrasil, Izabelle Jardim; e o conselheiro técnico e jurado da associação, Carlos Alberto de Souza Celestino.
Rastreabilidade adiada no Pará
Anteriormente, havia a expectativa de que o Pará se tornasse o primeiro estado brasileiro a alcançar a identificação e monitoramento de todo o seu rebanho. Porém, no início deste mês, o governador Helder Barbalho, decidiu adiar a obrigatoriedade da rastreabilidade individual de bovinos e bubalinos — que previa começar em 1º de janeiro de 2026 — para 1º de janeiro de 2031.
O governador afirmou que o atraso ocorreu porque o mercado internacional não reconheceu ou pagou mais por essa rastreabilidade nos produtos da pecuária do Pará. Segundo ele, se não houver abertura de mercados ou valorização por quem importa, não seria justo “sacrificar o produtor rural” impondo a obrigatoriedade agora.
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