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Agropolítica

Em Paris, Lula recebe certificado de Brasil livre de febre aftosa sem vacinação

Status serve como peso para novas aberturas de mercado; além da carne bovina, reconhecimento pode gerar mais de US$ 120 milhões à suinocultura

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Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com | Atualizada às 12h

06/06/2025 - 05:04

Da esquerda para direita: presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; diretora-geral da OMSA, Emmanuelle Soubeyran; ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Foto: Caroline De Vita/Mapa
Da esquerda para direita: presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; diretora-geral da OMSA, Emmanuelle Soubeyran; ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Foto: Caroline De Vita/Mapa

Um projeto iniciado ainda na década de 1960 agora ganha seus capítulos finais. O Brasil recebeu nesta sexta-feira, 6, o certificado de país livre de febre aftosa sem vacinação. A cerimônia acontece em Paris, na sede da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA).

O evento faz parte da agenda do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que, desde o dia 4 de junho, está em visita à França. Apesar de o reconhecimento ter sido aprovado na 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da OMSA, realizada no último dia 29 de maio, a cerimônia desta sexta-feira marca a entrega oficial do status sanitário, articulada para contar com a presença de Lula.

“Hoje é o reconhecimento de um país que tem no agronegócio, que tem na agropecuária, uma das suas mais importantes vertentes econômicas. Já não é um quebra-galho trabalhar com o agronegócio do Brasil. Virou o principal negócio do Brasil”, destacou Lula durante o discurso no evento.

O status é resultado de um esforço que vem sendo construído há pelo menos 60 anos, com campanhas de vacinação para a erradicação da doença, como mostra a linha do tempo feita pelo Agro Estadão. De lá para cá, os estados foram se organizando, sendo Santa Catarina o primeiro a receber o status de livre de febre aftosa sem vacinação. Até que, em 2024, foram realizadas as últimas vacinações no país.

Mais mercados — e não só para bovinos

O efeito prático desse reconhecimento é a expansão de mercados — e não só para os bovinos, comumente associados como vítimas da doença. A febre aftosa é uma enfermidade que atinge animais biungulados, ou seja, com casco fendido em duas partes. Basicamente, são bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos. Por isso, além das exportações de carne bovina, o novo status pode trazer bons frutos para a suinocultura brasileira.

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Quem também está em Paris para este momento é o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin. Ele falou ao Agro Estadão sobre a importância do novo status e apontou dois ganhos principais para a comercialização da proteína suína.

“São duas vertentes de importância. A primeira delas, que a suinocultura se beneficia junto com todas as outras [atividades], é a imagem do país. É um país que investe, porque, para chegar a um selo de livre de aftosa sem vacinação, precisa ter investido muito, ter construído um sistema de defesa muito robusto e muito forte […]”, destacou Santin. “A segunda vertente é o impacto econômico. A suinocultura sofre muita restrição de alguns países que não abriam para outros estados além de Santa Catarina, justamente porque o Brasil ainda vacinava. Veja o caso de Rio Grande do Sul, Paraná, Acre e Rondônia, que foram declarados livres de febre aftosa sem vacinação há dois anos, mas ainda não começaram a vender”, complementou.

Entre os possíveis mercados estão Japão, Coreia do Sul, México, Canadá, Estados Unidos e China. No caso chinês, eles compram carne suína sem osso do restante do país, mas carnes com osso e miúdos só são adquiridos quando vêm de Santa Catarina. Já há um pleito junto ao governo chinês para que haja o reconhecimento de Rio Grande do Sul, Paraná, Acre e Rondônia como zonas livres de febre aftosa sem vacinação. Esses estados foram reconhecidos pela OMSA há dois anos, mas esse status ainda precisa ser ratificado nos protocolos comerciais firmados entre os países para permitir a exportação de todos os produtos suínos.

Questionado se as negociações poderiam agora incluir o reconhecimento integral do Brasil, Santin acredita que não. “Num primeiro momento, é preciso reforçar o que já está na mesa. Não creio que ampliar seja uma vantagem em um mercado para o qual já temos todas as documentações prontas, especificamente para esses estados. […] Depois de concluído esse processo, podemos, sim, seguir com o pleito para os demais estados”, comentou.

Santin também explica que o novo status brasileiro concedido pela OMSA não abre mercados de forma automática. O reconhecimento ajuda, mas não garante. “Não é uma obrigação imposta; é um reconhecimento do status, que precisa ser referendado pelos países”, salientou.

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Mais US$ 120 milhões

Um levantamento feito pela ABPA projeta que o Brasil pode ganhar mais de US$ 120 milhões na balança comercial apenas com novas negociações entre o Rio Grande do Sul e a China. Segundo Santin, esse valor refere-se exclusivamente aos ganhos com as vendas de carne suína com osso e miúdos.

“Com esse status, reforçamos o argumento para buscar abertura para os demais estados — não só o Rio Grande do Sul, mas também Paraná, Acre e Rondônia —, que já estão declarados livres sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal. Agora, todos os estados do Brasil poderão também pleitear acesso a mercados que exigem esse status sanitário”, pontua o presidente da entidade.

Churrasco à la Paris

A comitiva brasileira em Paris também vai promover um evento mais informal: um churrasco para autoridades e empresários. Como revela Santin, o cardápio deve incluir carne bovina e frango na brasa. “Será um momento de celebração desse fato histórico e de fortalecimento das parcerias”, disse.

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