Sustentabilidade
Área tratada com bioinsumos cresceu 50% na safra 2023/2024
Apesar do aumento, mercado enfrenta desafios regulatórios; levantamento da FGVAgro foi apresentado durante o Fórum de Bioinsumos, em Brasília
Paloma Custódio | Brasília | Atualizada às 12h41
06/11/2024 - 10:49
O mercado de bioinsumos brasileiro cresceu 15% na safra 2023/2024 em comparação com a safra anterior, totalizando R$ 5 bilhões em vendas. Os dados são de um levantamento da FGVAgro divulgado nesta quarta-feira, 06. Nos últimos três anos, o mercado de insumos biológicos teve um aumento médio anual de 21%, quatro vezes superior à média global.
Os produtos dessa área para controle de doenças e pragas tiveram um crescimento de 14,5% entre as safras 2021/2022 e 2023/2024, enquanto o mercado de inoculantes cresceu 11% no mesmo período.
Segundo o estudo da FGVAgro, o nível de adoção dos biológicos é maior nas principais culturas, como soja, milho e cana-de-açúcar, o que indica um aumento na aceitação desses produtos pelos produtores agrícolas. A área tratada com bioinsumos no país também foi ampliada em 50% na safra de 2023/2024, se comparada ao ciclo 2021/2022.
No mercado global, o valor estimado em 2023 ficou entre US$ 13 e 15 bilhões, abrangendo todos os segmentos, como controle biológico, inoculantes, bioestimulantes e solubilizadores. A estimativa é que a taxa de crescimento anual global fique entre 13% e 14% até 2032, alcançando cerca de US$ 45 bilhões, o triplo do valor atual.
Os dados foram apresentados nesta quarta-feira, 06, durante o Fórum Bioinsumos Brasil organizado pela CropLife em Brasília. Na ocasião, o presidente da CropLife Brasil, Eduardo Leão, ressaltou o papel da agricultura sustentável, com o uso dos insumos biológicos, para a solução dos maiores desafios da humanidade.
“Por meio da incorporação de novas tecnologias agrícolas, produzimos cada vez mais alimentos, fibras e energia, numa mesma quantidade de área. E nesse processo de transformação, os bioinsumos têm desempenhado um papel crucial para tornar o Brasil protagonista no setor”, afirma Leão.
Também presente no Fórum de Bioinsumos, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou o papel do Brasil como um dos protagonistas globais em segurança alimentar, energética e climática, destacando eventos próximos como o G20 e a COP30, que acontecem no país. E comparou o uso dos bioinsumos com os avanços da medicina humana.
“É preciso proteger a saúde vegetal. E os avanços para controle biológico podem ajudar; não vão substituir totalmente, mas podem ajudar enormemente para ajudarmos a saúde das pessoas, o meio ambiente, a produtividade e avançar ainda mais”, afirmou Alckmin.
Desafios regulatórios para o mercado de bioinsumos
Com o risco dos produtores on farm entrarem na ilegalidade a partir de 2025, tramita no Congresso Nacional dois projetos de lei (PLs 3668/2021 e 658/2021) com o objetivo de garantir segurança jurídica para a produção, comercialização e uso dos bioinsumos.
Inicialmente, o PL 658/2021 tratava especificamente da produção de insumos biológicos na fazenda para uso próprio pelo agricultor, enquanto o PL 3668/2021 propôs um novo marco legal para os bioinsumos, abrangendo tanto a produção on farm quanto as práticas tradicionais da agricultura orgânica e a produção industrial comercial.
No entanto, segundo o relatório da FGVAgro, após discussões, ambos os projetos sofreram alterações para contemplar diferentes interesses da indústria e de produtores rurais. O presidente da CropLife destacou que o fórum acontece em um momento decisivo do debate sobre a criação do novo marco legal do setor de bioinsumos.
“Esse novo marco deverá fomentar inovação e garantir a segurança jurídica, por meio do estabelecimento de regras transparentes e robustas, que assegurem a previsibilidade necessária e incentivem os novos investimentos”, pontuou Leão.
Patrimônio genético
O estudo da FGVAgro também ressalta que a legislação brasileira sobre acesso ao patrimônio genético e a repartição de benefícios precisa acompanhar os avanços tecnológicos e as discussões internacionais como, por exemplo, as da Convenção sobre Diversidade Biológica e Protocolo de Nagoia.
Ao garantir que as normas regulatórias brasileiras estejam preparadas para as inovações no setor de bioinsumos, o mercado terá mais competitividade com os players internacionais. Segundo o relatório da FGVAgro, com dados do INPI, países com consumo menor de bioinsumos, como Estados Unidos, China e Coreia do Sul, já apresentam uma quantidade maior de pesquisas e parentes no setor.
Sustentabilidade
O relatório da FGVAgro também destaca o potencial dos bioinsumos de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, por meio do incentivo à produção nacional, o que diminui o transporte internacional e ainda promove a melhoria da saúde do solo. Mas esse benefício depende de fatores como tipo do produto, práticas agrícolas e condições naturais do ambiente.
Ainda de acordo com o estudo, os bioinsumos podem promover a diversidade biológica nos sistemas agrícolas, criando habitats favoráveis para organismos benefícios à lavoura, como polinizadores e predadores naturais de pragas. Além disso, os insumos biológicos também podem reduzir a contaminação da água, diminuindo a lixiviação e o escoamento de substâncias prejudiciais ao meio ambiente.
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