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Algodão: o fim do bicudo pode estar próximo?

Pesquisadores identificam moléculas que controlam em mais de 50% infestação do bicudo do algodoeiro; projeto tem apoio da ABRAPA

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Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com

20/06/2024 - 08:30

Foto: Embrapa
Foto: Embrapa

O pesadelo das lavouras de algodão é um inseto que mede cerca de 6 milímetros e tem grande potencial de destruição. O bicudo do algodoeiro é a principal praga da cultura e o seu combate representa parte significativa dos custos de produção do agricultor. Por isso, pesquisadores tentam encontrar uma forma de controlá-lo há décadas.

Agora, cientistas parecem ter descoberto o primeiro passo para uma solução. Após seis anos de estudos e testes, eles identificaram moléculas com potencial inseticida que são capazes de controlar em mais de 50% a infestação de bicudo nas lavouras.  

O projeto é uma parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt), com apoio da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que já investiu R$ 30 milhões nas pesquisas.

Onde as moléculas agem para controlar o bicudo do algodoeiro?

O alvo do bicudo é o botão floral do algodoeiro. Então, a grande dificuldade de pesquisadores é controlar a praga quimicamente, pois o uso de produtos pode prejudicar o desenvolvimento da maçã. 

“Era necessário que a proteína expressasse uma quantidade letal ao bicudo dentro do botão floral, mas respeitando a capacidade da planta em suportar e expressar o seu desenvolvimento”, conta o diretor-executivo do IMA, Alvaro Salles. 

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A pesquisadora da Embrapa e presidente da Sociedade Brasileira de Biotecnologia, Fátima Grossi, coordenou os estudos e lembra que atualmente, não existe nenhuma variedade de algodão geneticamente modificada resistente ao ataque do bicudo-do-algodoeiro disponível no mercado.

“Nós podemos chegar a um produto excelente! Os pesquisadores demonstraram eficácia no uso de moléculas que silenciaram proteínas essenciais ao desenvolvimento do bicudo”, conta Grossi ao Agro Estadão. 

Segundo a cientista, as larvas do bicudo foram alimentadas em um ambiente controlado, em laboratório. Os resultados são considerados expressivos: as taxas de mortalidade das larvas ficaram entre 70% e 100%.

Plantas desafiadas com o bicudo-do-algodoeiro após 60 dias de infestação. A planta com as moléculas resistiram e se desenvolveram, enquanto a planta controle (sem a tecnologia) foi atacada e não houve desenvolvimento das maçãs. Fonte: Embrapa

Próximos passos do projeto

O projeto desenvolvido nos últimos seis anos deverá ser ampliado. É que depois dos estudos em laboratório, as pesquisas precisam ser feitas em campos experimentais. Para isso, é necessário que a CTNBIO (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) autorize o estudo. Por enquanto, não é possível prever um prazo.

Para a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), os resultados da pesquisa significam um importante avanço.  “Seria uma grande solução, porque o bicudo representa de 34% a 36% do custo de controle de pragas em geral. Em épocas de infestação maior, algumas lavouras chegam a fazer 30 aplicações para segurar”, disse ao Agro Estadão o diretor executivo da Abrapa, Márcio Portocarrero.

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Ele lembra que o bicudo ataca a maçã do algodão e, a partir do momento que ele suga a seiva, ela morre. “A perda é muito grande. Não tem ‘meia maçã’. Ela sofreu a introdução do bicudo, ela caminha para apodrecer e pode ter perda de 100% da lavoura se não houver controle”, pondera o executivo da Abrapa.

Em quanto tempo pode surgir um produto eficiente?

O diretor do IMA comemora que os resultados das pesquisas são consistentes, mesmo que preliminares. Por isso, geram uma boa expectativa para o setor produtivo. “No início, eu acreditava que poderíamos ter uma planta comercial em 15 anos. Hoje, eu falo que talvez em dez ou 12 anos, poderemos ter uma planta que controle 80% do bicudo”, conta Salles.

A pesquisadora Fátima Grossi está bastante otimista com os trabalhos e diz que é fundamental continuar pesquisando. “A gente acredita que, com as tecnologias que temos, mais 5 ou 6 anos, podemos dar uma boa avançada”, avalia.

“Os avanços obtidos até o momento representam um progresso crucial na proteção das plantações de algodão no Brasil, podendo contribuir com a continuidade da produção de alta qualidade e consolidando a posição do país como líder global no setor”, finaliza. 

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