Inovação

Multinacional CMPC terá núcleo de inovação na PUC do Rio Grande do Sul

Gigante assinou contrato com o parque tecnológico para integrar o Celeiro AgFood Hub, que reúne empresas e startups orientadas ao desenvolvimento de inovações no agronegócio e alimentos

4 minutos de leitura

27/03/2024

Por: Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com

fachada do Tecnopuc
Foto: Tecnopuc/Divulgação.

A CMPC, multinacional de celulose, terá uma instalação dentro do Parque Científico e Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Tecnopuc). O contrato foi assinado em março e a previsão é de que a gigante comece a operar em maio dentro do Celeiro AgFood Hub, estrutura que fica no parque liderado pelo Tecnopuc. 

A CMPC tem sede no Chile e está presente em 12 países. No Brasil, tem unidades em sete estados, e a maior planta industrial no RS. No ano passado, a empresa lançou um fundo global de US$ 100 milhões para investir em startups, parcerias com outras empresas e universidades, visando a apoiar projetos de desenvolvimento de soluções a partir da fibra natural em matéria de digitalização, biomateriais, energia verde, entre outros.

“A imersão em um ambiente de inovação, como o Tecnopuc, é fundamental para descobrir novas ideias e soluções, impulsionando a construção de um futuro mais resiliente a mudanças climáticas e baseado em materiais de origem renovável”, afirmou Bibiana Rubini, diretora de P&D e Bioeconomia da CMPC, ao Agro Estadão. 

O negócio fechado entre a multinacional e o Tecnopuc não teve os valores divulgados. Agora, a equipe está adaptando o espaço físico onde a equipe manterá um escritório de trabalho, dentro do Celeiro AgFood Hub. O Celeiro reúne empresas e startups que têm como objetivo conectar produtores, fornecedores, cooperativas, pesquisadores e investidores no setor do agronegócio. Criado em 2021 com foco no agro, no início de 2024 incorporou a área de alimentos, e hoje já tem 20 startups instaladas. 

“O Tecnopuc trabalha com a ideia de mesclar as startups que estão se lançando no mercado com empresas robustas. Estar ao lado da CMPC, a maior empresa de celulose do mundo, é abrir possibilidade para uma série de novos negocios”, diz o coordenador do Celeiro AgFood Hub e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Luís Humberto Villwock, em entrevista ao Agro Estadão.

O professor completa que a parceria representa um novo patamar de inserção do Hub no desenvolvimento de projetos e novos negócios para o agro brasileiro. “Com ênfase em sustentabilidade ambiental e promoção de pesquisas técnico-científicas em áreas portadoras de futuro, como mitigação de gases de efeito estufa, descarbonização, hidrogênio verde, entre outros”, explica. 

A iniciativa é realizada em colaboração com o IPR-PUCRS (Instituto do Petróleo e Recursos Naturais da PUCRS), instituto de pesquisas de referência global nesses temas. A ideia é que a participação da CMPC nas pesquisas, principalmente envolvendo sequestro de carbono e hidrogênio verde, estimule outras marcas.

“Que possamos trazer outras grandes empresas das áreas do agro e do food para desenvolvimento de novos negócios, projetos e produtos”, afirma Villwock.

Tecnologia para aumentar a vida em prateleira de frutas nasceu no Celeiro

A maçã produzida no Rio Grande do Sul é transportada de caminhão até o norte do país durante oito a dez dias. Considerando que a fruta dura cerca de 15 dias, resta pouco tempo para ela ser comercializada e consumida a cerca de 3.000 km de onde foi colhida. 

Mas uma tecnologia desenvolvida pela Quiper Agro, startup criada em 2022 e instalada no Celeiro AgFood Hub do Tecnopuc (RS), permite que a vida nas prateleiras dos supermercados dessa maçã aumente em até 30 dias. Trata-se de uma “película” protetora feita com matérias-primas naturais que não precisa ser removida antes do consumo.

“O produto é pulverizado na fruta no pós-colheita. Ele forma uma película que reveste e controla a respiração celular de forma orgânica. Ele diminui o metabolismo da fruta, que quando amadurece, vai perdendo líquido, criando mais açúcares e, consequentemente, apodrecendo. Com o produto, esse processo acontece de forma mais lenta”, explicou o co-founder da empresa, Marcio Moreno, para o Agro Estadão.

Os testes foram feitos com maçãs produzidas em Vacaria (RS) e mangas cultivadas em Petrolina (PE). No caso da manga, que tem uma vida útil de 15 dias, o resultado foi mais positivo do que o esperado. “A gente esperava manter a manga em até 25 ou 30 dias. Mas tivemos testes em que a fruta estava viável de comercialização com 50 dias”, contou Marcio, empolgado com a possibilidade de uso do produto por empresas exportadoras de frutas, que demandam mais tempo para que o produto chegue até o destino.

Após os testes realizados nos últimos dois anos, o produto está pronto para ser comercializado e espera liberação do registro junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Mas antes disso, ele já foi apresentado na SIAL, feira de alimentos que acontece no Canadá, já que a empresa participou da edição de 2023, a convite do Mapa. 

“Já temos empresas interessadas no Brasil e no Canadá. Só faltam os registros no Mapa e na Anvisa para o produto começar a ser vendido. A nossa expectativa é lançar no mercado no segundo semestre de 2024”, afirma Moreno.

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