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Para driblar falta de internet no campo, produtor rural diversifica conexão

Conectividade chega a apenas 30% dos estabelecimentos agrícolas, diz pesquisa; falta de internet no campo é obstáculo para modernizar o agro

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Sabrina Nascimento

04/06/2024 - 05:30

Foto: Adobe Stock
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Quando o produtor de leite Enedi Zanchet precisa de internet no campo, sai da sua propriedade rural que fica na região de Chapecó, em Santa Catarina, e percorre 16 km até a cidade. Ao Agro Estadão, ele contou que o sinal na fazenda é “péssimo, mesmo sendo por rádio, e não tem nem como emitir uma nota fiscal”.

Na avaliação do produtor, se a conectividade na região fosse de qualidade, seria possível investir na produção e pensar em ações para reter os talentos jovens no campo. “Poderíamos melhorar o sistema de monitoramento das vacas e aumentar a facilidade dos filhos dos funcionários fazerem pesquisas. Hoje é muito difícil manter os jovens no campo sem tecnologia”, afirma. 

Essa realidade de Zanchet é comum a muitos produtores rurais no país, apesar dos avanços tecnológicos que permitem, por exemplo, o uso de drones e sensores remotos no campo. A falta de conectividade ainda é um grande desafio para a modernização do agronegócio brasileiro.

Levantamento realizado pela Sociedade dos Engenheiros Automotivos (SAE BRASIL), em parceria com a KPMG (Klynveld, Peat, Marwick e Goerdeler), indica que a internet chega a apenas 30% dos mais de 350 milhões de hectares onde há o registro de estabelecimentos agrícolas no país. 

A pesquisa ‘Caminhos da Tecnologia no Agronegócio’ aponta que apenas 16% dos produtores rurais têm internet de alta qualidade em toda a propriedade, permitindo o acesso pleno às novas tecnologias. Outros 33% têm sinal de qualidade na sede e em parte da fazenda. Uma parcela de 24% recebe sinal apenas na sede da fazenda, enquanto 27% estão conectados, mas com sinal ruim.

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Tecnologia via rádio responde pela maioria das conexões no campo 

O sistema mais utilizado para levar internet às sedes das propriedades rurais é a tecnologia via rádio, responsável por 34% das conexões. Depois, a fibra ótica aparece como a alternativa mais presente (27%), de acordo com a pesquisa. 

Essa foi a opção do Paulo Maximiano Junqueira Neto, agricultor na região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Por lá, o sinal também não contempla toda a fazenda, apesar das diversas antenas instaladas. “Infelizmente, de maneira inacreditável, o sinal é péssimo. A gente tem fibra ótica para os funcionários e o sinal via operadora é péssimo”, disse ao Agro Estadão. 

Além da baixa qualidade de sinal, o agricultor ainda enfrenta, constantemente, o furto dos cabos das antenas repetidoras de sinais instaladas pela fazenda, o que dificulta ainda mais a conectividade. 

Por isso, Junqueira também aderiu a uma nova tecnologia, a internet por satélite. “Mas tem um tempo de contrato e o investimento é alto”, afirmou à reportagem.

Internet de Elon Musk ganha espaço no campo 

A internet via satélite vem conquistando o campo e tem grande potencial de crescimento, já que não depende de antenas repetidoras instaladas no solo. Segundo o levantamento da SAE Brasil, essa modalidade já atinge 21% das propriedades rurais.

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No Brasil, os satélites de baixa órbita estão se tornando populares entre os proprietários rurais. A Starlink, projeto da SpaceX, empresa norte-americana de Elon Musk, é uma das líderes nesse mercado, tendo recentemente anunciado uma parceria com a John Deere. 

A promessa dos G’s

Ainda de acordo com a pesquisa, atualmente, a tecnologia 3G é a mais comum no campo, mas está defasada e insuficiente para atender às necessidades de alto volume de dados. A tecnologia 4G, que consegue suprir essa demanda, está em processo de ampliação. 

Enquanto isso, o 5G, apesar de promissor, ainda é um sonho distante para as áreas rurais, dependendo de uma complexa rede de antenas e sistemas que levará tempo para ser implementada.

Segundo o mentor Agro e Conselheiro SAE Brasil, Daniel Zacher, investir em  infraestrutura digital é crucial para impulsionar a produtividade, a sustentabilidade e a competitividade do setor. “A SAE BRASIL está comprometida em trabalhar com o governo e o setor privado para superar esse desafio e garantir que todos os agricultores brasileiros possam se beneficiar das inovações tecnológicas”, afirmou em nota. 

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