Agricultura vista de cima: os drones conquistaram as lavouras
Entre as tecnologias na Agrishow 2024, está aeronave para pulverização com características de drone, que chega ao mercado para concorrer com os aviões
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03/05/2024
Por: Igor Savenhago*
Já se foi o tempo em que os agricultores miravam o céu apenas para saber se vai chover. Esse tipo de informação pode, agora, ser consultado pela tela do celular ou do computador. O olhar apontado para cima ganhou novos objetivos no campo brasileiro. Um deles é admirar – e se surpreender – com as diferentes tecnologias que permitem monitorar as propriedades rurais a partir de pontos onde a observação humana não conseguia alcançar.
Na agricultura digital, os veículos aéreos não tripulados (VANTs) se tornaram eficientes auxiliares dos produtores – companheiros quase inseparáveis. Parceria que agrega resultados financeiros, ajudando a reduzir custos e melhorar a rentabilidade. E na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), empresas apresentam modelos de todos os tamanhos e para diferentes funcionalidades.
O engenheiro agrônomo Gustavo Kepla veio de Jacupiranga, interior de São Paulo, em busca de um drone maior para pulverizar a plantação de bananas. Ele já usa esse tipo de equipamento há cinco anos.
“Com o drone, você consegue fazer áreas menores e tem menor perda de deriva, devido à aplicação de maior precisão. A principal mudança é que temos um controle maior da principal doença da banana, que é a sigatoka negra”, conta Kepla ao Agro Estadão.
O drone que despertou o interesse do produtor é o DJI Agras T50, fabricado na China e revendido pela Coopercitrus. O equipamento pode transportar 50kg de pulverizador e possui tanque de 40 litros.
A autonomia de voo é de 8 a 10 minutos, suficiente para percorrer três hectares de lavouras para pulverizar e espalhar fertilizantes com vazão de 16 litros por minuto. “O diferencial desse drone é que ele vem com quatro bicos rotativos de dispersão, abrangendo uma maior área”, explica Evair Galvão, vendedor da Coopercitrus.
Solução para concorrer com os aviões agrícolas
Se os drones atendem a pequenos e médios produtores, do que os grandes agricultores precisam? Marco Minerbo, sócio da Agrobee, percebeu que havia essa lacuna para o mercado de tecnologia.
“Faltava uma aeronave não tripulada para grandes áreas”, contou ao Agro Estadão.
Então, a empresa criou uma aeronave para concorrer com os aviões agrícolas. O modelo exposto na feira é um protótipo com mais de seis metros de envergadura e serve para pulverização das lavouras. Com capacidade para 200 litros, nem é o maior do portfólio. Há ainda opções de 500 e de 900 litros, que não caberiam no estande.
Minerbo conta que, por causa da proposta disruptiva da aeronave, ela ganhou marca própria. “Agrobee é uma homenagem às abelhas, pela importância delas na polinização das culturas agrícolas”, explica. Até as cores do equipamento, amarelo e preto, fazem lembrar o inseto, mas, nesse caso, o voo é com oito motores elétricos, impulsionados por um gerador que funciona com biodiesel ou etanol. O tanque, de 60 litros, permite uma autonomia de 1h20min.
Projetado e construído em apenas quatro meses, nasceu pelas mãos – e mentes – de um grupo de 150 engenheiros do Grupo Turbomachine, que há 20 anos é especializado em soluções com turbinas a jato. “Aproveitamos uma tecnologia que já tínhamos e trocamos as turbinas, que não se aplicam no agro, pelas hélices”, explica Osman Cordeiro, outro sócio da marca.
A produção deve começar em novembro e, quando chegar ao mercado, a novidade deverá custar na faixa de R$ 1,5 milhão, explica Cordeiro, um dos sócios da empresa. “Na próxima Agrishow, já estará voando”, garante ao Agro Estadão.
*Colaborou Fernanda Farias