O sucesso do Angus no Brasil e no mundo 

Durante a palestra ‘Em Busca do Steak Perfeito’, na Feicorte 2025, o Angus foi o protagonista. O intenso trabalho de seleção e também de marketing — com selos de fácil identificação pelo consumidor — fizeram o Angus se tornar sinônimo de carne de qualidade no Brasil. 

Enquanto o zebu — famoso pelo cupim — é a base da pecuária brasileira, no mundo o Angus lidera, com vantagem, em volume de produção de carne. 

“É a raça taurina mais criada e selecionada para qualidade de carne. Não é à toa que os países com maior potencial de qualidade de carne, com renome mundial, têm como base de plantel o Angus”, explica Michael Borges, gerente regional do Programa Carne Angus Certificada. “A raça sofreu muita pressão de seleção por produtividade aliada à qualidade de carne”, complementa. 

O Angus chegou ao Brasil no começo do século passado. Originário da Escócia, adaptou-se muito bem ao clima da região Sul do país, onde está concentrada a maior parte do rebanho puro. 

O cruzamento, principalmente com zebuínos, tem sido a ferramenta para disseminar suas qualidades. “A fêmea Nelore com o touro Angus é um casamento por interesse, há um incremento de produtividade muito grande ao produtor. Quanto melhor for a mãe, mais o resultado desse cruzamento será excepcional”, destaca Michael. 

A aposta no Ultrablack

Durante a palestra, o gerente regional do Programa Carne Angus Certificada apresentou também o trabalho que está sendo feito com o Ultrablack. A raça sintética originária da Austrália, carrega 80% de sangue Angus e 20% de Zebu.  

“Estamos testando os cruzamentos em cima das vacas F1 [meio-sangue Angus e Zebu] para ver como as progênies — os filhos — vão se adaptar na região do Brasil central, que tem um clima diferente do Sul”, afirma. 

Mercado de material genético

Esses cruzamentos, entretanto, dependem exclusivamente da inseminação artificial. Em 2021, a venda de sêmen Angus bateu recorde, com 7 milhões de doses comercializadas. 

Mas, com o ciclo pecuário em baixa e a queda no preço da arroba, em 2024, o mercado recuou, sendo vendidas 4,5 milhões de doses de sêmen. 

Segundo estimativa da Associação Brasileira de Inseminação Artificial, o setor deve registrar crescimento de 30% este ano. Movimento que já é relatado por Antonio Sciamarelli, gerente de vendas da Semex, que trabalha exclusivamente com raças de corte taurinas. “A retomada começou em outubro passado com a valorização do preço da arroba. Em maio nossas vendas gerais foram 55% maiores na comparação com maio do ano passado”, afirma. 

Genética para suportar o calor tropical

Em maio deste ano, a Embrapa Gado de Leite, com sede em Juiz de Fora (MG), anunciou o nascimento de bezerros Angus geneticamente modificados, com pêlos mais curtos e lisos. 

Dois, dos cinco bezerros nascidos na unidade, apresentaram a característica que ajuda a dissipar melhor o calor corporal e suportar com mais facilidade as temperaturas elevadas. O trabalho é feito em parceria com a Associação Brasileira de Angus. 

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