Economia
Vacinação pecuária: o que o produtor precisa saber?
Produtores que investem na vacinação do rebanho podem evitar até 20% de perdas na produção, segundo dados da Embrapa
6 minutos de leitura 15/11/2024 - 11:01
Redação Agro Estadão*
Se tem algo que o produtor não pode arriscar, é a saúde do seu rebanho. Imagine enfrentar surtos de doenças que afetam o desempenho, o peso e até a vida dos animais.
A vacinação pecuária é uma das ferramentas mais essenciais para garantir a segurança e a produtividade na criação de gado, protegendo não apenas os animais, mas também o investimento e a segurança alimentar.
Dados da Embrapa indicam que doenças não controladas podem comprometer até 20% da produção anual em bovinos, sendo a vacinação um investimento que evita tais prejuízos.
Importância da vacinação pecuária
A vacinação é fundamental para preservar a saúde do rebanho, controlar epidemias e aumentar a produtividade.
Doenças infecciosas no gado podem ter consequências graves, afetando o desempenho reprodutivo e o ganho de peso dos animais, além de gerar altos custos com tratamentos e redução de vendas.
Além disso, a imunização auxilia no controle de zoonoses, prevenindo que doenças transmitidas dos animais para os humanos afetem trabalhadores rurais e consumidores.
Principais doenças prevenidas por vacinação
A vacinação previne doenças que impactam diretamente a saúde e a produtividade dos animais. Abaixo, destacamos as principais doenças, seus sintomas e a relevância da vacinação.
Febre aftosa
A febre aftosa é uma doença altamente contagiosa causada por um vírus que afeta animais de casco bipartido, como bovinos e suínos. Os sintomas incluem febre, salivação excessiva, e formação de lesões nas mucosas e cascos.
Aftosa é conhecida pelo impacto econômico significativo, uma vez que surtos podem causar restrições comerciais severas, inclusive no mercado internacional.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) suspendeu a vacinação contra a febre aftosa em sete estados em abril de 2024. Essa decisão faz parte do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA) que visa tornar o Brasil totalmente livre da febre aftosa sem vacinação até 2026.
Brucelose
A brucelose é uma doença bacteriana que afeta principalmente o sistema reprodutivo dos bovinos, causando abortos, infertilidade e mortalidade de bezerros. Além do impacto econômico, a brucelose é uma zoonose, podendo infectar humanos.
A vacinação contra brucelose é obrigatória para fêmeas entre três e oito meses de idade, sendo aplicada uma dose única, com acompanhamento de profissionais habilitados.
Raiva
A raiva, uma zoonose fatal transmitida pela saliva de animais infectados, também afeta o gado, especialmente em áreas rurais onde há presença de morcegos hematófagos.
O controle da raiva é feito por meio da vacinação e do monitoramento de abrigos desses morcegos. A vacinação é recomendada anualmente em áreas de risco, sendo essencial para proteger o rebanho e evitar a transmissão aos humanos.
Carbúnculo sintomático (Manqueira)
O carbúnculo sintomático, ou manqueira, é causado pela bactéria Clostridium chauvoei, que afeta bovinos jovens, principalmente em áreas onde o solo está contaminado por esporos bacterianos.
A doença causa febre, inchaço muscular e morte súbita. A vacinação é uma medida preventiva crucial, uma vez que o tratamento é geralmente ineficaz quando os sintomas se manifestam.
A vacina é aplicada em bezerros a partir dos três meses de idade e, em seguida, reforçada anualmente para garantir imunidade.
Botulismo
O botulismo é uma intoxicação causada pela ingestão de toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum, comum em áreas onde o solo, a água ou o alimento estão contaminados.
A doença provoca paralisia muscular progressiva e, muitas vezes, leva à morte. A vacinação contra o botulismo é essencial para evitar surtos, especialmente em regiões onde a doença é endêmica.
A aplicação da vacina é feita a partir dos três meses de idade, com reforço anual, protegendo o rebanho da toxina.
Leptospirose
A leptospirose é uma doença bacteriana que afeta o sistema reprodutivo e renal dos bovinos, levando a abortos, morte neonatal e queda na produção leiteira. É também uma zoonose, o que significa que pode ser transmitida para os humanos.
A vacinação contra leptospirose é indicada para todo o rebanho, especialmente em áreas com alta umidade, onde a bactéria Leptospira se prolifera mais facilmente. O calendário de vacinação varia conforme a região, mas é recomendada uma dose anual, principalmente antes do período de chuvas.
Clostridiose
As clostridioses abrangem várias doenças causadas por bactérias do gênero Clostridium, incluindo o tétano e o carbúnculo hemático. Essas infecções podem causar desde febre até lesões fatais no fígado e coração.
A vacinação é a principal forma de prevenção contra esses patógenos. Geralmente, a imunização ocorre com vacinas polivalentes, que protegem contra várias doenças clostridiais, aplicadas em bezerros jovens e com reforços periódicos conforme as orientações veterinárias.
Calendário de vacinação pecuária
O calendário nacional de vacinação é uma referência importante para garantir que os rebanhos sejam vacinados no momento adequado, evitando surtos sazonais.
No Brasil, o Ministério da Agricultura define as datas para campanhas de vacinação obrigatória, como a da febre aftosa, que ocorre duas vezes ao ano em muitos estados.
É fundamental que os produtores sigam rigorosamente o calendário, evitando atrasos que podem comprometer a imunidade do rebanho.
Para uma vacinação eficaz, o produtor deve planejar cuidadosamente as etapas do processo, como a escolha das vacinas, o manejo adequado dos animais e o treinamento da equipe.
A contratação de veterinários experientes também é recomendada para assegurar que as doses corretas sejam aplicadas. A armazenagem adequada das vacinas é outro ponto importante, uma vez que a temperatura e o manuseio incorreto podem afetar a eficácia.
Boas práticas para a vacinação pecuária
O sucesso da vacinação depende de um manejo adequado antes e após a aplicação das vacinas. Essas práticas reduzem o estresse animal e potencializam a resposta imunológica.
Manter os animais em um ambiente calmo, com alimentação adequada, contribui para a recuperação após a vacinação e evita complicações.
As vacinas devem ser armazenadas e transportadas em temperaturas controladas, geralmente entre 2°C e 8°C, para preservar sua eficácia. O transporte inadequado, como a exposição a temperaturas elevadas, pode inutilizar a vacina.
Por isso, é indicado o uso de caixas térmicas durante o transporte e a verificação constante da temperatura com termômetros específicos.
A vacinação pecuária apresenta alguns desafios logísticos e econômicos para os produtores. A resistência à vacinação, principalmente em propriedades que operam com baixa margem de lucro, é um fator relevante.
Além disso, em locais remotos, a disponibilidade de vacinas e a assistência técnica são limitadas, dificultando o acesso a esses insumos. Para superar esses obstáculos, o governo brasileiro oferece programas de incentivo à vacinação e políticas de crédito para pequenos e médios produtores.
A organização de associações locais também pode ser uma solução prática para dividir os custos e facilitar a logística da imunização.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
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