Economia
Soja: rentabilidade está em xeque na safra 2024/25, alerta Cepea
Custo com insumos e volatilidade do dólar exigem cautela dos produtores: “qualquer erro pode ser crucial”, diz pesquisador
2 minutos de leitura 19/06/2024 - 08:30
Por: Sabrina Nascimento
O cenário econômico é desafiador para os produtores de soja na safra 2024/25. Apesar das recentes altas no preço do grão, impulsionadas pela valorização do dólar frente ao real, os custos de insumos, ainda elevados, devem comprometer a rentabilidade dos agricultores.
Segundo levantamento do Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea), embora os preços de defensivos agrícolas e fertilizantes tenham registrado uma queda significativa para a próxima safra em relação à temporada anterior — 21% e 9%, respectivamente — o valor da soja também acompanhou o recuo. Resultado: houve deterioração do poder de compra dos produtores.
“Com a retração do preço da soja e a produtividade menor na safra anterior, esperamos fechar a temporada com uma rentabilidade negativa”, afirmou o pesquisador do Cepea, Mauro Osaki, ao Agro Estadão.
A volatilidade do dólar é um fator crítico neste cenário. Conforme explica o pesquisador, a taxa de câmbio impacta diretamente o valor da saca de soja e o poder de compra do produtor, como também, afeta o custo dos insumos importados, deixando pouco espaço para falhas. “O espaço de margem de erro para a próxima temporada continua bastante desafiador. O produtor precisa recuperar o que perdeu na safra 2023/24 e garantir uma margem para 2024/25. Qualquer erro pode ser crucial”, alerta Osaki.
Desafios econômicos desde a safra 2023/24
A queda no poder de compra dos agricultores tem sido acompanhada desde a temporada 2023/24. De acordo com cálculos do Cepea, a quantidade média de soja necessária para cobrir o Custo Operacional Efetivo (COE), que considera os gastos com fertilizantes, defensivos, sementes, diesel, manutenção preventiva e mão de obra, foi de 43,8 sacas por hectare nas últimas cinco safras. Essa quantidade é cerca de 10 sacas a menos do que o estimado para o primeiro trimestre de 2024.
Esse aumento é observado em todas as regiões pesquisadas:
- Cascavel (PR): os sojicultores precisaram de 7,7 sacas por hectare a mais do que a média;
- Rio Verde (GO): foram necessárias 6,5 sacas a mais;
- Carazinho (RS): 5,8 sacas a mais;
- Sorriso (MT): 4,1 sacas a mais
- Dourados (MS): 4 sacas a mais.
O clima adverso foi um ponto crucial. “Foi uma temporada bastante desigual, com chuvas dispersas durante a safra, tornando a análise desafiadora”, diz o pesquisador do Cepea. “Quando você não tem produção, o produtor não tem receita. Então, mesmo que o preço esteja bom, sem produção não há o que vender”, completa.
O levantamento do Cepea, por meio do projeto Campo Futuro, considerou o orçamento para a produção de soja da tecnologia tolerante ao herbicida glifosato e resistente à lagarta helicoverpa, com base nos valores médios dos insumos de janeiro a março de 2024 para as regiões citadas acima.
Já para a venda, foram considerados o valor médio de abril de 2024 de contrato futuro na bolsa de Chicago e o prêmio de exportação do grão, ambos para março deste ano. A taxa de câmbio assumida para a análise foi de R$ 5,10 por dólar norte-americano.
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