Economia
Santa Catarina busca abrir mercado japonês para carne bovina do estado
Missão oficial apresentou iniciativas de defesa sanitárias do estado ao governo e investidores japoneses

Redação Agro Estadão
19/06/2025 - 13:24

Representantes do governo de Santa Catarina cumpriram, nesta quarta-feira, 18, agendas oficiais no Japão visando pleitear a abertura do mercado japonês para a carne bovina catarinense. As reuniões ocorreram no Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão e na embaixada do Brasil, com a participação do governador, Jorginho Mello, e integrantes da missão estadual.
Segundo comunicado da Secretaria de Agricultura e Pecuária do estado, “durante os encontros, a comitiva destacou o histórico sanitário de Santa Catarina, que é atualmente o único estado brasileiro habilitado a exportar carne suína ao Japão, além de já operar com embarques de carne de frango desde 1989”.
“Santa Catarina está pronta para exportar carne bovina ao Japão. Já temos um histórico de excelência na venda de carne suína e queremos ampliar essa relação comercial”, disse o governador, por meio de nota.
Em 2024, o Japão foi o principal destino da carne de frango catarinense, com 148,4 mil toneladas embarcadas e receita de US$ 283,8 milhões. Foi também o terceiro maior destino da carne suína do Estado, com 93,4 mil toneladas e receita de US$ 312,4 milhões.

O secretário estadual de Agricultura, Carlos Chiodini, e a presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Celles Regina de Mattos, apresentaram os mecanismos de controle sanitário adotados pelo Estado. “As relações comerciais com o Japão são resultado de confiança mútua, compromisso com a qualidade e pioneirismo sanitário”, afirmou Chiodini.
Santa Catarina é reconhecida como zona livre de febre aftosa sem vacinação desde 2007 e livre de peste suína clássica desde 2015, conforme a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). O Estado também possui identificação individual de 100% do rebanho bovino, por meio do Sistema de Rastreabilidade de Bovinos e Bubalinos (SRBOV-SC).
Além das tratativas para exportação de carne bovina, a missão firmou um protocolo de intenções com a empresa japonesa Marubeni para novos investimentos no Porto de São Francisco do Sul. Também foi realizado o SC Day Tóquio, encontro com empresas japonesas dos setores de alimentos, tecnologia e energia.
A comitiva catarinense agora segue para reuniões nos Ministérios das Relações Exteriores e da Agricultura do Japão, visando aprofundar as negociações técnicas.
Segundo a secretaria de Agricultura catarinense, a expectativa do setor é que, caso a auditoria conduzida pelos técnicos japoneses na última semana resulte em parecer favorável, a habilitação parcial de exportações para os cinco estados brasileiros livres de vacinação – Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Amapá e Rondônia – possa ocorrer ainda em 2025.
Comitiva japonesa no Brasil
A missão catarinense ocorre na sequência da visita de uma comitiva técnica japonesa ao Brasil, encerrada no último dia 13. A delegação percorreu unidades de vigilância sanitária em Santa Catarina, Paraná e no Rio Grande do Sul, com o objetivo de avaliar o sistema sanitário brasileiro após o reconhecimento do país como livre de febre aftosa sem vacinação.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o Japão tem interesse em categorias específicas de carne bovina, como cortes do dianteiro e miúdos, e avalia permitir a adoção do modelo de pré-listing, que facilitaria as exportações brasileiras para o mercado japonês.
A presidente da Cidasc, Celles Regina de Matos, informou que a missão japonesa esteve no Estado nos dias 10 e 11 de junho para avaliar, in loco, as garantias sanitárias oferecidas por Santa Catarina. Segundo ela, o objetivo foi verificar a estrutura e os controles adotados para assegurar a saúde animal e a conformidade dos produtos exportados pela pecuária catarinense e nacional ao mercado japonês.
De acordo com a gestora pública, os técnicos do governo japonês auditaram documentos, conheceram o sistema eletrônico e o trabalho operacional de médicos veterinários e técnicos da entidade. A visita incluiu o escritório da Cidasc em Ibiguaçu, onde o grupo buscou confirmar, junto à equipe local, a conformidade dos processos sanitários. “A Cidasc foi muito bem, desempenhou muito bem o seu papel, mostrou a vanguarda da defesa agropecuária no estado de Santa Catarina”, afirmou Celles.
No Rio Grande do Sul, o secretário adjunto da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Márcio Madalena, também confirmou a passagem da comitiva. “Fomos um dos estados que recebeu uma comitiva japonesa, uma auditoria relacionada à defesa sanitária, vigilância, com fins de liberação de mercado para a carne bovina”, disse.
Madalena destacou o potencial da pecuária gaúcha na relação com o Japão. “Temos uma grande concentração de gado europeu, marmoreio maior, uma qualidade de carne diferenciada, então estamos com uma expectativa muito positiva em relação a essa possível relação com o Japão”, disse.

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