Cafeicultores da Colômbia cobram governo para impedir triangulação

As tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre o café de diferentes países despertaram a atenção de entidades na Colômbia. Apesar do café do País ter sido beneficiado, visto que recebeu tarifa de 10%, o gerente da Federação Nacional dos Cafeicultores (FNC), Germán Bahamón, destacou que a nação enfrenta desafios para aproveitar totalmente essa oportunidade.

Segundo Bahamón, a Colômbia não consegue atender a demanda norte-americana, deixada por outros países, incluindo o Brasil. Ele destaca que a situação poderia levar à triangulação do café. “Outros produtores poderiam enviar seus produtos para os EUA através da Colômbia[…] a triangulação poderia se tornar algo incontrolável caso não haja fiscalização rigorosa”, disse em entrevista ao El Tiempo. 

Como medida de precaução, o gerente da FNC solicitou que o governo colombiano intensifique a fiscalização para impedir qualquer tentativa de triangulação do café que deturpe a origem do produto. “Se alguém na cadeia estiver envolvido nessas práticas, deve ser denunciado imediatamente para que as medidas cabíveis sejam tomadas no âmbito das licenças de exportação”, disse Bahamón em comunicado ao qual a Bloomberg teve acesso. O documento foi distribuído a executivos do setor e agências alfandegárias. 

A hipótese de triangulação foi levantada após a Colômbia elevar em 578% as importações de café do Brasil em agosto. Atualmente, o café brasileiro enfrenta tarifas adicionais de 50% para entrar nos Estados Unidos. Entretanto, analistas ouvidos pelo Agro Estadão explicaram que o crescimento nas compras não representa indica a ocorrência de triangulação (confira). 

Produção

A produção de café na Colômbia alcançou 1,37 milhão de sacas em julho, a maior registrada para esse mês nos últimos 10 anos, impulsionada pelo regime de chuvas que desacelera a maturação e altera o ciclo produtivo. 

Já no cenário de exportações, o café colombiano registrou US$ 5,4 bilhões nos últimos 12 meses, atingindo mais de 100 países. “Estados Unidos continuam sendo o cliente número um para o café da Colômbia. Hoje, 40% do nosso café vai para este mercado. Por isso, a disrupção que geram as tarifas nos mantém ocupados para fazer o trabalho adequado”, disse Bahamón.

Sobre a situação das importações, o gerente da FNC observou que, apesar de ainda serem baixas – menos de 650.000 sacas nos últimos 12 meses –, “é importante advertir ao governo sobre o risco que representam as diferenças tarifárias entre países”. “Medidas como a fiscalização rigorosa são essenciais. O país tem acordos que permitem importação com tarifa zero, e é nossa função garantir que isso não se transforme em um risco para o café colombiano”, reiterou. 

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

Whatsapp

Instagram

Facebook

X

Telegram

Newsletter