PUBLICIDADE

Economia

Tarifaço deve ter impacto limitado nas empresas do agro listadas na B3

Especialistas da XP e do Itaú BBA apontam que diversificação de mercados e de produtos reduziu efeitos da taxação norte-americana

Nome Colunistas

Paloma Santos | Brasília | paloma.santos@estadao.com

01/10/2025 - 05:00

Efeito das tarifas não tem alterado o resultado ou a estratégia das empresas na B3. Foto: Adobe Stock
Efeito das tarifas não tem alterado o resultado ou a estratégia das empresas na B3. Foto: Adobe Stock

A tarifa de 50% aplicada aos produtos brasileiros pelos Estados Unidos deve ter efeito mais simbólico do que prático sobre as companhias do agronegócio listadas na B3. A avaliação é do head de Agro, Alimentos e Bebidas da XP, Leonardo Alencar. Segundo ele, um fator determinante para a redução do impacto foi a diversificação de mercados das empresas. 

Em reunião do Comitê de Mercado & Finanças da Sociedade Rural Brasileira (SRB), realizada nesta terça-feira, 30, em São Paulo (SP), o executivo apresentou projeções de lucro e gráficos de preço em relação ao Ibovespa, marcados por três momentos: a tarifa de 10% em 2024, a proposta de alíquota universal no início de 2025 e a elevação para 50%, anunciada em julho.

Segundo os dados apresentados, empresas como São Martinho e JBS devem sentir impactos imateriais nas exportações  — o que significa que os efeitos não alteram o resultado ou a estratégia das empresas. Já a Minerva tende a ser a mais pressionada, com perda de espaço do Brasil, mas compensada por maior volume de embarques a partir do Paraguai, Uruguai e Argentina.

No caso da Marfrig, de acordo com o especialista, o movimento das ações em 2025 esteve menos ligado às medidas dos Estados Unidos e mais à evolução da BRF, sua controlada. A melhora nas expectativas veio do desempenho da subsidiária e de compras adicionais de participação realizadas em momentos estratégicos. “Até 10%, havia revisões sucessivas para cima; depois, vieram ajustes leves. Não foi a tarifa que mudou a trajetória”, afirmou Alencar.

Para o executivo, o valor das ações deve seguir condicionado à capacidade das empresas de gerenciar custos, diversificar mercados e atender às exigências internacionais. Além das tarifas, pesam fatores como custos de grãos, sanidade animal, decisões regulatórias e estratégias de expansão geográfica.

PUBLICIDADE

Diversificação reduziu volatilidade

Bruno Tomazetto, analista de investimentos do Itaú BBA, avaliou que os efeitos do tarifaço foram relativamente controlados. Para ele, a diversificação geográfica e de proteínas funcionou como “vasos comunicantes”. “Quando um mercado ou produto sofre restrição, outros segmentos acabam compensando”, afirmou.

Ele citou a JBS como exemplo dessa dinâmica, já que eventuais perdas nas exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos podem ser neutralizadas pelas operações de frango e bovinos da própria companhia no mercado americano, em que a oferta está apertada e os preços sustentados. “É por isso que ela [JBS] costuma aparecer como neutra nesses choques: nunca é a mais beneficiada, nem a mais prejudicada”, complementou.

Tomazetto destacou ainda que, no caso da Minerva, a exposição direta ao mercado norte-americano é pequena, em torno de 5% da receita. Além disso, a empresa já havia estocado carne bovina nos Estados Unidos, o que permitiu ganhos de margem no curto prazo. “No médio prazo, a saída deve vir da diversificação geográfica. Se o Brasil não consegue embarcar, os vizinhos — Paraguai, Uruguai e Argentina — acabam ocupando espaço”, disse.

O evento também contou com a participação de Fabiana Perobelli, especialista em relacionamento com empresas do agro na B3, do vice-presidente da SRB, Marcelo Junqueira.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Dia Internacional do Café: confira novos hábitos de consumo da bebida no Brasil

Economia

Dia Internacional do Café: confira novos hábitos de consumo da bebida no Brasil

O preço do café acabou com a fidelidade às marcas e reduziu o consumo fora do lar; ainda assim é a bebida preferida dos brasileiros

Além da soja, EUA perdem espaço na China para o amendoim do Brasil

Economia

Além da soja, EUA perdem espaço na China para o amendoim do Brasil

Enquanto os embarques norte-americanos caíram 48% entre janeiro e agosto, as exportações brasileiras à China saltam 6.000%

Sistema Faep questiona norma do CMN sobre crédito de renegociação

Economia

Sistema Faep questiona norma do CMN sobre crédito de renegociação

Entidade defende revisão de critérios para que produtores acessem créditos de R$12 bilhões

China deve importar 106 milhões de toneladas de soja em 2025/26

Economia

China deve importar 106 milhões de toneladas de soja em 2025/26

País asiático tem comprado soja do Brasil e da Argentina em meio às tensões comerciais com os Estados Unidos

PUBLICIDADE

Economia

Será que produzir açúcar em casa é ilegal no Brasil?

Entenda por que a legislação é vista como ultrapassada e como a agroindústria familiar pode atuar legalmente

Economia

Recuperação judicial no agro dispara 31,7% no 2º trimestre do ano

Produtores PJ lideram ranking, com destaques para soja e pecuária; Goiás e Mato Grosso concentram maior número de solicitações

Economia

Cafeicultores da Colômbia cobram governo para impedir triangulação

Hipótese de triangulação foi levantada após a Colômbia elevar em 578% as importações de café do Brasil em agosto

Economia

Colunista do Agro Estadão integra delegação brasileira em cúpula global na Bélgica

Teresa Vendramini e mais cinco lideranças femininas participam de painel sobre inovação e sustentabilidade no agro brasileiro

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.