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Economia

Tilápia do Vietnã pressiona mercado interno e amplia impacto do tarifaço

Setor registra queda de 28% nas exportações no terceiro trimestre de 2025 e teme novos recuos até o fim do ano

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Redação Agro Estadão

31/10/2025 - 11:23

Foto: Jonathan Campos/AEN
Foto: Jonathan Campos/AEN

As exportações brasileiras de produtos da piscicultura caíram 28% em receita e 26% em volume no terceiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024. O resultado é atribuído, principalmente, ao aumento das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, principal destino dos embarques nacionais, segundo relatório elaborado pela Embrapa Pesca e Aquicultura em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

Entre julho e setembro, o Brasil exportou quase 3 mil toneladas de pescado, que geraram US$ 13,3 milhões. O desempenho mensal mostra a queda acentuada: 1.390 toneladas em julho, pouco mais de 800 em agosto e menos de 780 em setembro. Em receita, os números foram US$ 5,7 milhões, US$ 3,9 milhões e US$ 3,7 milhões, respectivamente. “O terceiro trimestre foi o de menores resultados em 2025, tanto em toneladas como em receita”, destacou a Embrapa.

CONTEÚDO PATROCINADO

O pesquisador Manoel Pedroza, responsável pelo levantamento, explicou que o setor enfrentou outro fator de pressão simultâneo: a entrada de filé de tilápia importado do Vietnã a preços muito baixos. “Alguns desses filés vindos do Vietnã chegaram ao Brasil a um preço FOB [livre a bordo, sem incluir frete nem seguro internacional] de R$ 16,70/kg, o que é bem inferior ao preço do produto brasileiro e, portanto, pode representar um risco para a cadeia da tilápia do Brasil”, afirmou. O preço médio do filé nacional no atacado é de R$ 31,00/kg.

Os Estados Unidos responderam por 99% das exportações de tilápia brasileira e registraram queda de 32% nas compras no período. “Especialistas do setor esperavam uma queda maior, mas algumas empresas conseguiram manter parte das vendas por meio de negociações com importadores norte-americanos. No entanto, alguns exportadores afirmam não ser possível manter essas negociações no longo prazo”, disse Pedroza.

Os Estados que mais exportaram produtos da piscicultura no trimestre foram Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, responsáveis por mais de 80% do volume embarcado. O Paraná manteve a liderança nacional, com destaque para o processamento de filés e derivados de tilápia destinados ao mercado externo.

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Tendência de queda

O pesquisador alerta que se a tarifa atual for mantida as vendas externas devem encolher ainda mais no último trimestre do ano. “Caso o cenário atual continue, é provável que tenhamos uma redução ainda maior das exportações no último trimestre de 2025. Os exportadores têm tentado buscar novos mercados no exterior, mas isso leva tempo e é difícil encontrar outros países que absorvam o mesmo volume de tilápia que era exportado para os Estados Unidos — principalmente considerando que o mercado europeu continua fechado para as exportações de pescado do Brasil”, avaliou.

Segundo o relatório, no acumulado do ano as exportações de tilápia vêm em trajetória de queda: US$ 16,2 milhões no primeiro trimestre, US$ 15,5 milhões no segundo e US$ 11,5 milhões no terceiro. O cenário reflete, segundo a Embrapa, o impacto direto das tarifas sobre a competitividade do produto brasileiro e a necessidade de diversificação de mercados para reduzir a dependência dos Estados Unidos.

A Embrapa destaca que o setor tem buscado alternativas como o processamento de peixes nativos e a abertura de novos mercados na América Latina e na Ásia, mas reforça que a consolidação dessas rotas exige tempo, acordos sanitários e investimento logístico.

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