Pecuária
De olho na Ásia, pecuária exportadora terá outubro de missões em países parceiros
Conversa entre Lula e Trump também reanima setor, que vê cenário propício para negociações
Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
06/10/2025 - 05:00

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) prepara, para este mês, uma sequência de visitas a importantes parceiros comerciais, levando na bagagem não só a proteína, mas também a gastronomia brasileira. Na agenda, estão previstas ao menos três missões, e o Brazilian Beef Dinner vai fazer parte do roteiro.
“Vamos com 30 a 40 associados fazer essas visitas e o que a gente chama de Brazilian Beef Dinner, que é uma estratégia de levar as empresas para conversar diretamente com quem consome a carne bovina: grandes redes varejistas, atacadistas, eventualmente, estados e municípios que compram carne bovina”, comentou o presidente da Abiec, Roberto Perosa, em entrevista ao Agro Estadão.

Os empresários vão visitar e estreitar relacionamentos com Indonésia e China, respectivamente, entre 21 a 26 de outubro e 27 de outubro a 10 de novembro. Além disso, Perosa e alguns associados participam, nesta semana, da Anuga, feira de alimentos realizada em Colônia, na Alemanha. Nessa viagem, porém, a noite de comida brasileira não está prevista.
Interiorização e expansão de mercados recém-abertos
Na visita à Indonésia, a proposta é aproximar e marcar a presença brasileira. O país do Sudeste Asiático tem uma população superior a 280 milhões de pessoas e nos últimos meses abriu o mercado de miúdos, carne bovina com ossos e material genético de bovinos. Outro avanço foram as novas habilitações de frigoríficos, chegando a 38 plantas aptas.
“Na Ásia, principalmente, por conta da história do povo asiático, de várias guerras que tiveram, das necessidades que foram passadas, eles têm o costume de consumir essas carnes menos apreciadas aqui no Brasil”, explicou Perosa ao destacar o potencial de agregação de valor a partes do boi que têm preço baixo no mercado brasileiro, por falta de demanda, mas são valorizadas no mercado asiático.
Já a missão à China faz parte da estratégia dos exportadores de “interiorização da carne bovina brasileira”. Com uma demanda considerada estável pelo presidente da Abiec, a intenção por lá é a consolidação do mercado, mas também desenvolver outras oportunidades como a venda de miúdos — atualmente, o mercado chinês não é aberto a esse produto do Brasil. O roteiro no gigante asiático deve terminar na Expo Internacional de Importação da China (CIIE, sigla em inglês), que acontece em Xangai, entre 05 e 10 de novembro.

Visitas em frigoríficos brasileiros foram “positivas”
Como mostrado pelo Agro Estadão, uma comitiva chinesa esteve no Brasil para tratar de uma série de assuntos, entre eles visitar plantas frigoríficas de bovinos. O objetivo foi fazer a avaliação que servirá de base em uma eventual abertura de mercado para cálculo biliar.
“As empresas que receberam as visitas nos disseram que foram muito positivas. Então, nós temos que aguardar o laudo final dos avaliadores”, acrescentou Perosa. Questionado sobre quanto tempo esse novo mercado poderia demorar para ser aberto, ele afirmou não haver um padrão nesses casos, mas que pode ocorrer em um “momento diplomático adequado” com a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30), no próximo mês.
Há boas expectativas também quanto a novas habilitações para o México. Os mexicanos estiveram no Brasil em meados do mês passado e visitaram 14 plantas em seis Estados. Perguntado sobre a ausência na lista de frigoríficos do Pará, o presidente da associação disse que essa é uma decisão das autoridades mexicanas, cuja orientação é habilitar apenas frigoríficos que também já são aprovados pelos Estados Unidos (EUA). Neste caso, o Pará não tem plantas aptas para exportação aos norte-americanos.
Sinalização de Trump anima setor
A Abiec também mantém esperanças de um avanço na questão do tarifaço norte-americano. “Nós estamos muito esperançosos de que possa haver uma negociação no sentido da carne bovina”, comentou Perosa. Isso porque, segundo ele, apesar das conversas no âmbito do setor privado e do contato da entidade com o governo dos EUA, ainda é necessário “o contexto político” para que as tratativas consigam andar.
Perosa ainda lembra que a pressão sobre o mercado norte-americano pode influenciar, já que a carne por lá teve uma valorização grande. Isso tem impactado redes de fast food, atacadistas e varejistas que “não estão conseguindo repassar a totalidade desses preços”. Esse cenário da economia norte-americana e da política favorece um entendimento, na visão do presidente da Abiec.
“Os dados mais recentes são de que houve um acréscimo entre 7% e 11% [dos preços]. Isso nos Estados Unidos é muito grande, porque a inflação lá é muito mais controlada do que aqui”, afirmou.
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