Economia
Pacote emergencial: setor cafeeiro vê medidas como alívio temporário
Cooxupé mantém contato com importadores e orienta produtores a evitar pessimismo; BSCA defende isenção tarifária como solução para o setor

Paloma | Brasília | paloma. santos@estadao.com
14/08/2025 - 17:19

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) avaliou como positivas, mas pontuais, as medidas do plano anunciado pelo governo federal para mitigar o impacto da nova tarifa aplicada pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. O país norte-americano é o principal destino dos cafés especiais produzidos no Brasil, com cerca de 2 milhões de sacas importadas por ano, gerando receita superior a US$ 550 milhões.
Em nota, a BSCA afirmou que o pacote pode dar “fôlego” ao segmento no curto prazo e permitir que governo e setor privado mantenham negociações para buscar uma solução definitiva. A entidade defende que a melhor saída continua sendo a inclusão do café na lista de isenção das novas tarifas. “O setor permanece à disposição do governo brasileiro para apoiar na negociação final das tarifas com os norte-americanos”, destacou.
Paralelamente, o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, reforçou, nesta quinta-feira, 14, durante o 7º Fórum Café e Clima, que o diálogo é o caminho para superar a crise. “Quando há divergência, tem que se conversar. Os Estados Unidos não ficarão sem o café brasileiro, e nós também não podemos deixar de fornecer ao maior consumidor mundial”, disse. O dirigente afirmou que a cooperativa mantém contato constante com clientes no exterior e que os produtores não devem ceder ao pessimismo.
Após o lançamento do pacote emergencial, em Brasília (DF), o ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, disse que acredita em um recuo da tarifa norte-americana sobre carne e café produzidos no Brasil. Segundo o chefe da pasta, os Estados Unidos deram “sinal” de que podem rever os 50% sobre esses produtos. “Café e carne, acho que eles voltam atrás”, afirmou Fávaro aos jornalistas.
Preocupação com a safra 2026
Além da nova alíquota, o clima também tem preocupado o setor. Após relatos de geadas em regiões produtoras no Sudeste, os preços do café arábica registraram alta nesta semana. Em Minas Gerais, maior região produtora do país, a Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado de Monte Carmelo (monteCCer) estima que cerca de 10% das lavouras foram atingidas. A maioria dos casos foi de geada do tipo “capote”, que afeta a parte mais alta dos pés de café.
Segundo a cooperativa, as áreas impactadas estão em locais considerados de risco, como baixadas. “Importante salientar que não podemos deixar de considerar o chamado ‘dano não aparente’, ou seja, aquele problema da geada que só iremos verificar daqui a algum tempo, dado ao vento frio, principalmente nos botões florais”, diz a nota enviada ao Agro Estadão.

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