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Economia

Soja: Argentina zera impostos e ameaça exportações do Brasil para a China

Decisão vai baratear a soja argentina e já impacta o mercado agrícola, que recua de maneira generalizada neste início de semana

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

22/09/2025 - 15:46

Ação do governo argentino, ao zerar impostos sobre os grãos, visa à entrada de dólares no país. Foto: Adobe Stock
Ação do governo argentino, ao zerar impostos sobre os grãos, visa à entrada de dólares no país. Foto: Adobe Stock

A soja do Brasil deve perder competitividade nas vendas para a China nas próximas semanas. O movimento, segundo a consultoria Markestrat, será desencadeado pelo aumento de atratividade do grão da Argentina, que ganhou vantagem após o governo do país anunciar, nesta segunda-feira, 22, que vai zerar os impostos, conhecidos como retenciones, sobre exportações de grãos e derivados. A medida entra em vigor nesta terça, 23, e vai até o dia 31 de outubro.

A consultoria lembra que, com a guerra comercial travada entre Washington e Pequim, o grão brasileiro vinha ganhando cada vez mais espaço na China. Somente entre junho de 2025 e a segunda semana de setembro, os chineses compraram 567 carregamentos CFR — modalidade em que o exportador paga o frete até o porto de destino. O volume está praticamente estável em comparação com o ano passado (569 carregamentos). 

O detalhe do total comprado, no entanto, está na origem do produto: 

  • O Brasil embarcou 455 carregamentos, ante 362 do ano anterior — crescimento de 25,7% (+5,6 milhões toneladas);
  • A Argentina elevou de 39 para 112 carregamentos — avanço de 187% (+4,4 milhões toneladas);
  • Os EUA caíram de 207 para 168 carregamentos — queda de 18,8% (–2,3 milhões de toneladas).

Agora, com a suspensão do imposto argentino e considerando que a China ainda precisa de cerca de 13 milhões de toneladas para cobrir as janelas de novembro de 2025 a janeiro de 2026, a Argentina — que dispõe de um estoque remanescente de 20 milhões de toneladas da safra velha — deve concentrar suas exportações na soja. “Com esse cenário, o produtor argentino venderá bastante soja dentro do mês de outubro, colocando ainda mais farelo e óleo no mercado”,  afirma José Carlos de Lima, sócio da Markestrat Group.

Segundo o especialista, apesar da soja brasileira remunerar melhor, a soja argentina está cerca de 60 centavos de dólar por bushel mais barata. Lima ressalta que a ação do governo da Argentina visa a entrada de dólares no país. “Trata-se de um cenário em que o governo Milei se sentiu pressionado por seus opositores, em função da redução das reservas em dólar, tendo essa medida como objetivo trazer cerca de USD 7 bilhões em novas reservas”, afirma.

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Efeito nos preços

O movimento do governo argentino já impacta o mercado de soja. Próximo do fechamento do pregão desta segunda, os principais contratos futuros de grãos e derivados negociados na bolsa de Chicago operavam em queda. 

A soja para novembro recuou 1,50%, cotada a US$ 10,09 por bushel. O milho para dezembro caiu 0,68%, para US$ 4,20 por bushel, enquanto o trigo para dezembro perdeu 1,99%, fechando a US$ 5,10 por bushel. 

Entre os derivados, o farelo de soja para dezembro caiu 1,36%, a US$ 2,80 por tonelada curta, e o óleo de soja para dezembro recuou 1,79%, para 4,97 centavos de dólar por libra-peso.

“Esse cenário é muito negativo para os prêmios brasileiros de safra velha e para os futuros de soja, farelo e milho em Chicago”, salienta Lima.

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