Economia
Dia Internacional do Café: confira novos hábitos de consumo da bebida no Brasil
O preço do café acabou com a fidelidade às marcas e reduziu o consumo fora do lar; ainda assim é a bebida preferida dos brasileiros

Redação Agro Estadão
01/10/2025 - 05:00

O aumento no preço do café, produto presente na rotina de 98% dos brasileiros, levou a população a mudar a forma como compra e consome a bebida. É o que revela a pesquisa “Café – Hábitos e Preferências do Consumidor”, encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e conduzida pelo Instituto Axxus em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (Neit) da Unicamp.
Quase quatro em cada dez consumidores (39%) afirmaram optar pela opção mais barata, mais que o dobro da edição anterior, em 2023 (16%). A fidelidade às marcas perdeu espaço para o preço. Segundo o levantamento, essa adaptação do consumidor está diretamente ligada à escalada de custos. Entre 2023 e 2025, o café figurou entre os alimentos que mais subiram no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), com altas superiores a 70%, conforme o IBGE.
A pressão sobre o orçamento também reduziu a frequência às cafeterias: em 2023, 51% afirmaram frequentá-las; agora, são 39%. Os principais motivos apontados foram preços elevados, mau atendimento e qualidade inconsistente da bebida. Para muitos, preparar café em casa se tornou a alternativa mais viável, não apenas pelo custo, mas também pelo conforto e conveniência.
Os atacarejos ampliaram sua participação nas compras, passando de 24,6% em 2023 para 28,2% em 2025, enquanto pequenos varejistas e cafeterias perderam espaço. No ambiente digital, o YouTube despontou como principal fonte de informação sobre café para 13,2% dos consumidores, contra 8,6% em 2023.
Além de mudanças no local e no modo de compra, a pesquisa mostra alterações no próprio consumo. A parcela dos que bebem mais de seis xícaras por dia caiu de 29% em 2023 para 26% em 2025. O grupo que consome até duas xícaras cresceu, chegando a 14%. Ao todo, 24% dos entrevistados afirmaram ter reduzido a ingestão da bebida em 2025, contra apenas 3% dois anos antes.
Adaptação ao cenário econômico

Esse conjunto de mudanças reflete a adaptação ao novo contexto econômico, como observa o pesquisador do IAC e coautor do estudo, Sérgio Parreiras Pereira. “Mesmo em um cenário de alta expressiva nos preços, o café segue presente no cotidiano dos brasileiros, mas de forma mais moderada e seletiva. A pesquisa revela que o consumidor não abre mão da bebida, mas está adaptando seus hábitos ao novo contexto econômico.”
Apesar das mudanças, o café segue sendo um dos símbolos culturais mais fortes do país. O consumo matinal “ao acordar” permanece praticamente universal (96%). Além disso, 87% dos entrevistados ainda veem o selo de qualidade da Abic como referência positiva.
O estudo ouviu 4.200 pessoas em todas as regiões do país, com amostra estratificada por gênero, faixa etária, renda e região. O nível de confiança é de 99%, com margem de erro de 2%.

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