PUBLICIDADE

Economia

Produção de cana na safra 24/25 deve cair, apontam consultoria e Orplana

Apesar de queda, colheita ainda deve ser recorde; Preços devem permanecer ancorados no curto prazo

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com

20/02/2024 - 08:30

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

De acordo com o relatório da hEDGEpoint Global Markets, a produção de cana da safra 24/25 da região Centro-Sul do país deve reduzir em 6%, podendo chegar até 7,2%. A causa dessa retração são os efeitos climáticos e as ocorrências irregulares de chuva.

“Nossos modelos apontaram que a produção de cana no Centro-Sul do Brasil pode sofrer uma redução de pelo menos 6% em 24/25, induzindo a uma queda de quase 655 milhões de toneladas para 620 milhões de toneladas. No entanto, se também levarmos em conta a tendência histórica, essa variação se torna 7,2% e pode levar a 611Mt”, ressaltou em nota a analista de Açúcar da empresa, Lívea Coda.

Para a Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil), essa queda pode ser ainda maior olhando para todo o país. O CEO da entidade, José Guilherme Nogueira, apontou que essa redução pode ser de 7% até 7,5%. A produtividade deve variar entre 78 e 79 toneladas por hectare, menos do que as 85 toneladas por hectare da safra atual.

“A gente está prevendo uma menor produtividade do que a deste ano [safra] principalmente pelo efeito clima e por uma idade média de canaviais um pouquinho pior do que este ano [safra]”, explicou o Nogueira ao Agro Estadão.

No documento mais recente, a consultoria avalia como “desafiador prever o volume de cana da próxima safra do Centro-Sul e, portanto, o açúcar”. Ainda segundo a avaliação,  “algumas das principais microrregiões produtoras de cana, como Ribeirão Preto e o Triângulo Mineiro, tiveram chuvas abaixo da média, outras, como São José do Rio Preto e Araçatuba, tiveram níveis de precipitação mais típicos”. 

PUBLICIDADE

Ribeirão Preto representa 14% da produção total de cana no país. Já o município de São José do Rio Preto estima-se que seja responsável por 10%. Essas e outras regiões paulistas podem ser o fiel da balança e acabar equilibrando as expectativas. 

Apesar da queda, o tema não é tratado com alarde, já que a produção ainda será recorde se comparada com outras safras, ficando atrás apenas da safra de 23/24. O Centro-Sul já moeu 646 milhões de toneladas de cana e pode chegar a 655 milhões de toneladas até o fim de março. Na análise do representante dos produtores de cana, o cenário pede “cautela” e incentivo aos produtores de cana. 

O relatório da consultoria trouxe ainda uma perspectiva da produção de açúcar em dois cenários. O primeiro, com a produção de cana em 620 milhões de toneladas, em que a produção seria de 41,82 milhões de toneladas de açúcar. Já o segundo quadro, mais pessimista, prevê uma colheita de 611 milhões de toneladas de cana que produziriam 41,21 milhões de toneladas de açúcar. 

A consultoria também apontou que “seria prematuro considerar uma redução maior no momento” devido às últimas chuvas ocorridas na região, que amenizaram a situação. 

La Niña também pode interferir na produção de cana da safra 24/25

A Orplana apontou ainda que o fenômeno pode afetar a produção de cana da safra 24/25, seja no período de desenvolvimento das lavouras ou na época da própria colheita.

PUBLICIDADE

“No caso do La Niña, a gente tem também impacto na colheita, principalmente quando as chuvas acabam ocorrendo mesmo no momento de safra e, também, à seca,  principalmente nas regiões de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, norte do Paraná, podem afetar em uma redução de produtividade”, declarou.

Já o relatório da consultoria, apontou que a ocorrência climática pode ter impactos positivos ou negativos, dependendo do grau e intensidade. 

“Um evento climático menos severo pode ter um impacto positivo na concentração de sacarose no Centro Sul e ajudar no desenvolvimento da safra no Hemisfério Norte. No entanto, se o evento for mais intenso, ele poderá reacender a tendência de alta, penalizando a disponibilidade”, indicou o relatório.

Preços devem seguir estáveis

A expectativa no curto prazo com relação aos preços é “encontrar apoio” nas exportações, ou seja, se manterem constantes. O suporte deve vir dos países importadores de maioria islâmica. Isso porque é costume celebrar o Ramadã –  tempo sagrado para os mulçumanos. No final desse período, é comum se comemorar com banquetes e doces.

As exportações do segmento sucroalcooleiro foram destaque da última divulgação da Balança Comercial de janeiro. Ao todo, U$ 1,84 bilhões foram exportados, um aumento de 69,9%. Só o estado de São Paulo foi responsável por U$ 953,49 milhões, sendo os principais destinos a Índia, China, Marrocos e Indonésia.    

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Carne suína: Brasil deve produzir até 5,42 milhões de t em 2025

Economia

Carne suína: Brasil deve produzir até 5,42 milhões de t em 2025

Para a exportação em 2025, associação estima até 1,45 milhão de toneladas, aumento de até 7,2% na comparação com o ano passado

Cinco meses após recuperar mercado chinês, exportação de frango argentina pode cair

Economia

Cinco meses após recuperar mercado chinês, exportação de frango argentina pode cair

País sul-americano registrou caso de gripe aviária em granja comercial; autorização para vendas à China havia sido obtida em março

Plantadores de cana pedem subvenção para reduzir perdas com tarifaço

Economia

Plantadores de cana pedem subvenção para reduzir perdas com tarifaço

Segundo as entidades do setor, medida é para preservar os 130 mil empregos ligados à cultura, 80% deles na agricultura familiar

Após tarifa, ovos brasileiros deixam de ser enviados aos EUA

Economia

Após tarifa, ovos brasileiros deixam de ser enviados aos EUA

Sem acordo, indústria aguarda negociações, mas busca alternativas, como os mercados do Chile e Angola

PUBLICIDADE

Economia

Julgamento da fusão BRF-Marfrig no Cade é suspenso após pedido de vistas

Prazo de vistas é de 60 dias; após esse período, processo será automaticamente incluído em pauta para prosseguimento do julgamento

Economia

Exportações recuam, mas produção nacional de frango avança

ABPA projeta alta de 3% em 2025 no volume produzido e prevê retomada nas vendas externas em 2026

Economia

Gado em falta e praga devoradora: por que o preço da carne nos EUA disparou?

Especialistas dizem que a alta não tem relação com a tarifa, mas ausência da carne brasileira deve seguir pressionando o mercado

Economia

EUA aceitam consulta do Brasil na OMC, mas defendem tarifas por segurança

Washington alega que tarifas são legítimas por razões de segurança e não podem ser revistas no órgão

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.