Economia
Preço do leite ao produtor segue em alta
Baixa oferta no campo explica quinta alta consecutiva no preço médio do litro
Sabrina Nascimento
30/04/2024 - 12:31

O preço médio do leite pago ao produtor subiu 4,1% em março, chegando a R$ 2,32 por litro, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Esta é a quinta alta consecutiva no valor. Com esse resultado, o preço ao produtor acumula valorização real de 12,9% no primeiro trimestre deste ano, refletindo a baixa oferta no campo. Porém, quando considerada a média para os mesmos primeiros três meses do ano, o preço ao produtor está 21,7% inferior ao igual intervalo de 2023.
A limitação da produção observada reflete o clima de seca e altas temperaturas e a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira.

Captação
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea seguiu em queda. O recuo registrado foi de 2,5% de fevereiro para março. No acumulado do primeiro trimestre, a captação diminuiu 7,5%. Esse contexto reforça a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.
Derivados Lácteos
Na ponta final da cadeia, a valorização do leite cru não foi repassada na mesma intensidade para o preço dos derivados lácteos. Segundo pesquisas do Cepea, as cotações do leite UHT e do queijo muçarela no atacado do Estado de São Paulo subiram 3,9% e 0,3% em março, respectivamente. Agentes de mercado relatam consumo ainda retraído, de modo que os canais de distribuição pressionam a indústria por valores mais baixos.
Ainda assim, a média dos lácteos no primeiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período do ano passado registra queda menor que a verificada para o preço pago ao produtor. De janeiro a março, a baixa real nos valores do UHT e também da muçarela foi de 10,4%.
Importações
Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para agentes do mercado. Embora as compras externas de lácteos estejam em queda, o volume internalizado neste ano ainda supera o do ano passado.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que, em março, as importações caíram 3,3% frente a fevereiro. Porém, essa quantidade ainda é 14,4% superior que a do mesmo período do ano passado. Considerando-se o primeiro trimestre do ano, as aquisições somaram quase 577,5 milhões de litros, 10,4% acima do registrado nos três primeiros meses de 2023.
Nesse contexto, a expectativa de agentes de mercado é que o ritmo de valorização do produto ao pecuarista perca força em abril.
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