Economia
Preço de commodities e quebra de safra devem puxar vendas de máquinas agrícolas para baixo em 2024
Setor projeta que 2024 também deve ter queda impulsionada pela quebra de safra
Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com
07/02/2024 - 14:39

As projeções de menos vendas de máquinas agrícolas em 2024 podem ser ainda piores, apontou o presidente da Aprosoja Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), Antônio Galvan, ao Agro Estadão. Para ele, os números inicialmente projetados pela ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) “são extremamente modestos”’.
O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da ABIMAQ (CSMIA), Pedro Estevão, indicou que a perspectiva é de uma queda no faturamento na casa de 10% a 15%, mas ressaltou que uma projeção ainda é “prematura”.
“Para 2024, a gente achava que seria igual [a 2023], mas a seca pegou no Centro-Oeste, no Sudeste, e são perdas severas que trouxeram um viés negativo”, disse Estevão.
O representante dos produtores de soja pontuou que outro fator também tende a influenciar na compra do maquinário agrícola: o preço do milho e da soja. Ele enfatizou que “o setor não vai comprar máquinas novas nessas atuais condições”.
“Nós temos neste ano dois agravantes que é a quebra de safra, que ainda vejo ela como menor agravante por mais que tenha produtores que vão sofrer muito, mas também o valor das commodities, que é muito pior, porque pega 100% dos produtores”, comentou Galvan.
As projeções oficiais para 2024 da ABIMAQ devem ser levantadas na próxima quarta-feira (07), quando a câmara setorial irá se reunir.
Vendas de máquinas agrícolas caem em 2023
As vendas de máquinas agrícolas caíram em 2023, segundo a ABIMAQ. Só em faturamento de vendas nacionais a queda foi de 23,2%, cerca de R$ 9 bilhões a menos do que no ano anterior.
Quando se trata da quantidade de máquinas agrícolas comercializadas, esse número também sofreu uma redução. Somando tratores e colheitadeiras, principais produtos vendidos nesse segmento, as vendas totais caíram de 79,8 mil unidades em 2022 para 68,9 mil unidades em 2023.
Para o presidente da câmara setorial , Pedro Estevão, o preço das commodities já influenciou o cenário do ano anterior. “Teve uma queda do preço da soja e do milho, principalmente dessas, que representa 60% do mercado [de máquinas agrícolas]. Então, esse pessoal teve uma rentabilidade menor e isso faz com que eles invistam menos”.
Outro aspecto levantado por Estevão é a taxa de juros alta do Moderfrota (Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras). No atual Plano Safra, a linha tem uma taxa de juros de 12,5% e prazo de até 7 anos para pagamento. Ele explicou que produtores “consideravam isso um juros alto”, sendo que a perspectiva para 2024 e 2025 é de uma Selic, taxa básica de juros, em queda.
“Como o pessoal compra muita máquina com juros fixo, ele vai ficar pagando aí 7 anos a 12,5%, sendo que se ele esperar mais um pouco, ele vai pagar um juros menor, porque o juros são cadentes, tanto é que caiu mais 0,5% e deve cair até chegar aos 9%, e em 2025 um pouquinho menor. Então o pessoal acaba deixando a compra para os próximos anos”, completou.
Além disso, o setor industrial enxerga o efeito como uma correção, já que nos anos de 2020, 2021 e 2022 o faturamento do segmento de máquinas agrícolas bateu recordes.
A queda nos números é observada em todo o setor de maquinários. O consumo nacional foi de R$ 356,92 bilhões no ano passado, frente aos R$ 403,42 bilhões de 2022. O destaque positivo foram as exportações gerais de máquinas que cresceram em média 14,6%.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
China acelera compras de carne bovina à espera de decisão sobre salvaguardas
2
Brasil deve registrar recorde histórico na exportação de gado vivo em 2025
3
Arábia Saudita quer aumentar em 10 vezes sua produção de café
4
Adoçado com engano: apicultores denunciam uso de ‘falso mel’ na indústria alimentícia
5
Oferta de etanol cresce mais rápido que consumo e acende alerta no setor
6
Soja brasileira será brutalmente atingida pelo acordo entre EUA e China?
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Economia
Agro Estadão é finalista do 4º prêmio de jornalismo Cafés do Brasil
Portal foi o único veículo de comunicação com dois finalistas na mesma categoria do prêmio promovido pelo Conselho Nacional do Café
Economia
Otimismo 'cauteloso' e pessimismo se misturam em setores ainda tarifados
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), índice das exportações do agro isentas das tarifas dos EUA é de 55%
Economia
Alckmin: impasse sobre CBIOs para biocombustíveis dos EUA está patricamente resolvido
Vice-presidente e ministro do MDIC diz que próximo passo de negociação com os EUA é colocar mais produtos na lista de exceções tarifárias
Economia
China adia anúncio de salvaguarda e mercado de carne bovina ganha fôlego
Novo prazo estabelecido pelo Ministério do Comércio da China é janeiro de 2026
Economia
Agricultura eleva projeção do valor bruto da produção para R$ 1,412 trilhão
O maior crescimento do VBP agrícola em 2025 será para café, com alta de 46,2%, chegando a R$ 114,859 bilhões
Economia
Unica fecha acordo com associações e eleva impasse do Consecana; Orplana vê racha no setor
Indústria sucroenergética e produtores de cana tentam chegar a um consenso sobre a revisão da metodologia do Consecana-SP desde abril
Economia
Balança comercial tem superávit de US$ 1,8 bi na 3ª semana de novembro
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, valor foi alcançado com exportações de US$ 6,939 bilhões e importações de US$ 5,139 bilhões
Economia
USDA anuncia pacote de ajuda e novas compras de soja pela China
EUA pretendem comprar até US$ 30 milhões em frutas frescas para aliviar agricultores de excedentes de produção